Pedro Passos Coelho, que anuncia esta quinta-feira a quinta candidatura à liderança do PSD, está convicto que pode voltar a ser primeiro-ministro e que tem que estar preparado para eleições a qualquer momento. Isto não significa, no entanto, que queira provocar uma crise.

“Não concordo com o programa deste Governo, nem com as suas prioridades. Mas não olho para a situação política com a visão do bota abaixo”, afirmou Passos esta quinta-feira num encontro com jornalistas e em que antecipou algumas das principais ideias do discurso que fará no discurso desta noite. A ideia é a de que se o PS estiver disposto a abandonar “o radicalismo” e as alianças com os partidos de esquerda, então os socialistas e o PSD poderão conversar ao centro.

Na semana passada, o líder do PSD defendeu numa reunião com os deputados que o partido se deve abster de apresentar propostas de alterações a um Orçamento de Estado que é fruto de negociações com partidos de extrema-esquerda, o PCP e o BE.

Passos parte na quinta-feira para uma volta ao país que durará cerca de três semanas até apresentar a moção com que se candidata nas eleições diretas marcadas para dia 5 de março. “Não estou ansioso por ir a eleições. Mas estou preparado para voltar a ser primeiro-ministro. Um candidato ao PSD é sempre um candidato a primeiro-ministro. Uma campanha interna é sempre uma campanha nacional”, explicou sobre essa volta sob o lema “Social-democracia sempre”.

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A escolha do lema foi precisamente para matar o assunto das críticas da alegada viragem do PSD para uma deriva mais liberal. “Foi para afastar um não assunto. E não estar a discutir falsos assuntos. Mesmo nas medidas de austeridade que adotámos fomos sempre sociais-democratas”, afirmou o líder do partido e ex-primeiro-ministro, garantindo que se manterá na mesma linha e que não irá adotar “mudanças artificiais ao sabor do vento”. O programa do partido manter-se-á sem grandes alterações.

“Apresentaremos propostas para o combate às desigualdades sociais, o problema demográfico; queremos um país mais atrativo, mais tecnológico, mais inovador, com menos desigualdades e com mais justiça social”, adiantou, rejeitando o rótulo de símbolo de austeridade – “a imagem ligada à austeridade resultou das circunstâncias”.

Demarcando-se da política do atual Governo socialista, Passos Coelho continua convencido que “se a estratégia populista e radical que se está a instalar em alguns países europeus for bem sucedida, Portugal será dos primeiros a ser prejudicado”.

Pedro Passos Coelho apresenta esta quinta-feira a candidatura à liderança do PSD em Lisboa, na União das Associações do Comércio e Serviços.