Depois de ter estado de férias nos areais algarvios, Pedro Passos Coelho apareceu na festa do Pontal, no calçadão de Quarteira, com um bronzeado “escandaloso” e com uma justificação: “O verão tem sido escandalosamente bom aqui no Algarve”. Mas “infelizmente não tem sido assim em todo o lado” e por isso o líder do PSD está preparado para exigir responsabilidades e respostas ao Governo naquela que é a rentrée política do partido. “A economia está a crescer sensivelmente metade do que estava previsto há um ano e isso representa sempre qualquer coisa negativa do ponto de vista da receita pública”, disse à entrada do recinto da festa.

Passos Coelho não quis antecipar o conteúdo do discurso que vai fazer no púlpito daqui a pouco mas mostrou ao que vinha: explicou que não é nenhum “pessimista”, são apenas os “números que não são bons”, e instou o Governo a corrigir a trajetória no Orçamento do Estado de 2017 que está a preparar, pedindo que desta vez o faça com “credibilidade”. Isto porque “os números do Orçamento deste ano estão a ser desmentidos pela realidade”.

“Não sou pessimista, os números é que não são bons. E isto não é uma questão de opinião, eu gostava de estar mais otimista para o país, mas acho que é muito negativo quando os governantes fazem de conta que não veem a realidade, isso é um mau sinal para o futuro”, disse, falando aos jornalistas à chegada à festa do Pontal, notando desde logo que o Governo ainda não reagiu aos dados do INE divulgados esta sexta-feira (“emitiu apenas um comunicado”) que apontam para um crescimento económico no segundo trimestre do ano de apenas 0,2% em relação ao trimestre anterior.

Para Passos, cabe ao Governo fazer a avaliação dos números e traduzi-la no próximo Orçamento. “Terá de ser o Governo a avaliar devidamente na preparação do OE 2017 qual a melhor maneira de corrigir a trajetória que veio seguindo. Espero que o possa fazer e dando credibilidade aos números que vier a apresentar”, disse.

Questionado sobre os incêndios que têm assolado o país nas últimas semanas, Passos Coelho recusou-se a fazer “aproveitamentos políticos” da tragédia e afirmou que chegará a hora de fazer o debate político sobre o que falhou na resposta do Governo e das autoridades. “Vai haver uma altura em que faremos uma avaliação política da forma como todo o dispositivo respondeu e como o Governo atuou neste contexto. Não o quero fazer nesta fase. Esta altura tem de ser dirigida às pessoas que sofreram, que perderam os seus bens nesta tragédia grande”, disse.

A festa do Pontal, que marca o arranque do ano político do PSD, realiza-se como habitualmente no calçadão de Quarteira, no Algarve. A seguir ao jantar segue-se o comício, que terá o momento alto com o discurso do líder do partido, previsto para as 21h45.

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