Não percebe de onde vem esse mau estar generalizado. Afinal, nunca foi uma pessoa de vícios e até se alimenta corretamente. Nada parece justificar o facto de não conseguir manter a boa forma física ou simplesmente sentir-se em pleno equilíbrio. Nada, excepto uma coisa: passa o dia sentado.

O sedentarismo está a tornar-se num comportamento de risco e Portugal é o país da União Europeia com os números mais alarmantes. A European Heart Network escreve que a percentagem de indivíduos que não seguem as recomendações de atividade física (30 minutos por dia) no nosso país é de 83%, o maior da lista. A média europeia é de 57%.

A Organização Mundial de Saúde lança o alerta: em 2013, a falta de exercício físico foi um dos quatro fatores que mais problemas trouxe à saúde e foi responsável por 3,2 milhões de disfunções por ano. No que toca aos problemas cardiovasculares, o sedentarismo é um dos motivos que hoje em dia está a provocar mais doenças.

O aumento dos postos de trabalho na área dos serviços é um dos fatores que contribui para esta realidade, diz o El País. As pessoas passaram a estar mais tempo sentadas nos seus empregos e isso veio deteriorar a sua qualidade de vida.

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Na tentativa de atenuar esse problema – e à semelhança do que aconteceu quando as empresas começaram a criar regras para impedir os funcionários de fumar no local de trabalho –  alguns escritórios norte-americanos já abriram espaços onde os funcionários podem praticar exercício físico, uma ideia fomentada pela distribuidora Officegym. Mas essa é uma prática mais comum nos Estados Unidos e Canadá do que deste lado do Atlântico, embora comecem a surgir empresas que o fazem.

Um exemplo é a Cet10 com o programa Wellnessjob, sediada em Espanha. Ao El País, a diretora Sandra Carballo explica que, ao adicionar programas de exercício físico nos escritórios, as empresas podem reduzir as baixas laborais e aumentar a produtividade. Funciona como incentivo e traz benefícios sociais aos trabalhadores.

Para as empresas que não estejam interessadas em comprar estes programas, há outras alternativas simples: introduzir bolas Fitball nos escritórios pode ajudar os funcionários manter a postura e a estabilizar o corpo; em casos mais irreverentes, podem instalar passadeiras nas salas de reunião para que as pessoas caminhem enquanto conversam; e até colocar mesas de ping pong para as pausas no trabalho.

Mas o escritório não pode fazer tudo: a iniciativa também deve partir dos próprios trabalhadores. María Giner, uma treinadora pessoal, dá alguns conselhos conhecidos mas pouco praticados: escolher as escadas em vez do elevador, obrigar o corpo a caminhar antes e depois de sair do trabalho e aproveitar todas as pausas para mexer as pernas. E mesmo enquanto trabalha, exercite as mãos e joelhos para fortalecer os músculos e ligamentos.