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AFP/Getty Images

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Este artigo vai encher-lhe o ego: os elogios feitos a Portugal em 2016

Nunca o lema "vá para fora cá dentro" fez tanto sentido. É que segundo a imprensa internacional temos das melhores cidades, praias, comida, hotéis e vinhos do mundo. 2016 foi e 2017 é ano de Portugal.

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A brincar a brincar, os últimos 12 meses foram prolíferos em distinções e reconhecimentos às regiões, cidades, praias, comida, vinhos e hotéis de Portugal. Publicações como a Forbes, The Washington Post, The Guardian ou Lonely Planet, só para enumerar algumas, ajoelharam-se aos encantos da terra do pé direito (e esquerdo) de Cristiano Ronaldo, do pastel de Natal servido quentinho e do vinho do Porto que, por mais velho que seja, continua a ser (bem) recomendado. E você, também já se rendeu?

As palmadinhas nas costas de 2016

O Mashable é que tinha razão quando, em março de 2016, publicou um artigo com uma mensagem muito clara: Portugal é muito mais do que um desvio. O elogio foi feito na tentativa de combater o facto de os turistas norte-americanos tenderem a preterir Portugal em relação à vizinha ibérica, sem nunca incluírem o destino luso no roteiro de viagem. “Portugal pode ser um país relativamente pequeno, mas é fácil passar pelo menos uma semana a explorá-lo e ainda assim não ter tempo suficiente para desfrutar de tudo”, argumentava à data o Mashable, sugerindo aos leitores paragens obrigatórias em Lisboa, Cascais, Sintra e Algarve.

Porque Portugal merece ser mais do que um desvio

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Pequeno em tamanho e grande em oferta, a começar pelo Alentejo. Certo que a região dos montados e dos sobreiros já estava habituada a ser tema de conversa, com 2014 a ser um ano em grande, mas a Lonely Planet quis reforçar o seu potencial logo nos primeiros dias de 2016, ao considerar o Alentejo um dos 52 melhores destinos do mundo para passar um fim de semana. Considerando os limites geográficos da região, a revista escreveu sobre a cidade de Elvas, que leva o estatuto de Património da Humanidade, e suas fortificações, sobre Castelo de Vide e também sobre os cenários rochosos do Marvão.

Da terra infinita para a que está rodeada de mar, convém lembrar que os Açores chegaram a ser nomeados para o título de “Melhor Destino Europeu de 2016”. Acabaram por perder para a cidade de Zadar, na Croácia, muito embora se adivinhe um (novo) ano em grande para o arquipélago. Monsanto, em Idanha-a-Nova, também “levou” palmadinhas nas costas ao ser considerada uma das 3o aldeias mais encantadoras da Europa, segundo a Associação Japonesa de Agências de Viagens. E o que dizer de Lagos? Para a Harper’s Bazaar foi um dos 16 destinos ao redor do globo para passar a lua-de-mel em 2016 devido, não só mas também, ao marisco que ali se serve e come.

Alentejo está entre os melhores locais do mundo para uma escapadinha

Quando o assunto é o Porto a declaração de amor mais marcante foi a do The New York Times que, considerando a famosa rubrica “36 Horas em”, argumentou ser “difícil encontrar algo de que não gostar no Porto”. Talvez pelos edifícios dos séculos XVIII e XIX considerados “deslumbrantes” ou, então, pelos “novos restaurantes e bares indie e uma atmosfera descontraída, facilitada pelo excelente vinho”. O registo surgiu depois de publicações como o The Guardian e a revista Esquire também se terem rendido à Invicta.

“É difícil encontrar algo de que não gostar no Porto”, diz o New York Times

O Porto, um caso de amor na imprensa internacional.

Como seria de esperar, a capital portuguesa não foge à caracterização simpática e feliz de quem a vê de fora — nem mesmo um dos mais importantes jornais venezuelanos, El Nacional, lhe resistiu, ao elogiar o bairro lisboeta de Alfama e o fado que ecoa por entre as suas ruas estreitas e alcatroadas. Opinião semelhante terá a publicação Condé Nast Traveller que, em março de 2016, considerou Lisboa a cidade mais “cool” da Europa naquele momento. “Mesmo para uma cidade construída sobre sete colinas, Lisboa teve muito altos e baixos. Ultimamente, porém, não tem tido nada mais do que sol e brisa do mar. Agora, o resto do mundo está a descobrir uma das cidades mais antigas e bonitas da Europa à medida que ela monta uma onda de criatividade e otimismo”, lê-se no artigo.

Como se isso não bastasse, aparentemente há 34 lugares portugueses nos tops dos melhores destinos europeus, 22 razões para visitar Portugal em tempo de sol e temperaturas elevadas e, segundo a CNN, 20 sugestões para descobrir o Douro.

22 razões para visitar Portugal nestas férias, segundo o Telegraph

A somar a tanta coisa boa está o facto de ter sido noticiado por duas vezes que Portugal tinha das cidades mais acessíveis — como quem diz baratas — na Europa e no Mundo. Primeiro em maio, com o espanhol El Confidencial a fazer um levantamento de onde se vive melhor na Europa, o qual incluiu Lisboa e Porto. Depois em agosto, quando a USB AG, empresa de serviços financeiros com sede na Suíça, fez um ranking das cidades mais baratas para passar uma noite fora do comum (e lá estava Lisboa entre Bucareste, Banguecoque ou Nova Deli).

Já agora, Portugal é um dos países preferidos dos turistas mochileiros e Lisboa é uma das cidades mais divertidas do mundo. E não esquecer: mais uma vez, o país brilhou na gala dos World Travel Arwards 2016, prémios mais conhecidos como “Óscares do Turismo”, com Portugal a vencer em 23 categorias a nível europeu.

Os hotéis lusos onde passar (e bem) a noite

Dormir com estilo e conforto foi tópico que também não foi descurado durante os últimos 12 meses, com a imprensa internacional de olhos postos nos quartos onde melhor passar a noite. Seja disso exemplo o algarvio Bela Vista Hotel & Spa, plantado à beira-mar em Portimão, que foi eleito pela gigante norte-americana CNN um dos 20 mais bonitos hotéis do velho continente. Entre retiros de luxo no topo de falésias e casas senhoriais, vingou esta unidade portuguesa virada para o mar. E da Europa para o mundo: estávamos em novembro quando foi anunciado que o Vila Joya, em Albufeira, venceu o prémio dos World Boutique Hotel Awards na categoria de melhor hotel gastronómico, além de integrar uma lista com os destinos mais paradisíacos do planeta.

Não é só no Algarve que se concentram os elogios, no norte do país — leia-se na Invicta — também há o que assinalar. Quis o britânico The Telegraph dedicar-se à cidade e descobrir, através dos especialistas em viagens do jornal, os melhores hotéis a visitar na área do Porto. Dos mais luxuosos aos mais simples, nenhum deles teve uma avaliação inferior a 7 (considerando uma escala de 0 a 10). Sim, o The Yeatman integra a lista, bem como o NH Collection Porto Batalha e o Porto A.S. 1829 Hostel — na verdade, o que não falta são opções.

O hotel Areias do Seixo, em Santa Cruz.

© Divulgação

É também no Porto que fica um dos 10 hostels mais luxuosos da Europa, segundo a triagem feita por Kash Bhattacharya, autora do muito bem parecido blogue Budget Traveller. As conclusões da autora resultam de uma aventura que fez de mochila às costas e com pouco dinheiro nos bolsos. O The Guardian gostou tanto do ranking que replicou-o na sua página online: é lá que se pode ler que o portuense Tattva Design deu uma nova roupagem aos dois edifícios históricos que ocupa, sendo o maior hostel do Porto ao ter camas para 116 pessoas — todos os quartos têm suites e há ainda um restaurante e um bar no terraço.

No meio de tanto luxo também há quem repare nos hotéis dedicados à sustentabilidade. Nos primeiros dias de 2016 o motor de busca Trivago fez uma lista com os melhores hotéis ecológicos no mundo e, entre propostas no Chile e no Camboja, estava o Areias do Seixo. O hotel de charme com particular interesse em cuidar do meio ambiente abriu as portas em 2010 para apostar num turismo sustentável: tanto os quartos como as villas foram concebidos à base de materiais ecológicos, sendo que a unidade rege-se pela utilização de energias renováveis.

Os pitéus que convenceram a imprensa estrangeira

Convenhamos, 2016 foi o primeiro ano em que Portugal chegou às 26 estrelas Michelin: ao todo foram atribuídas nove estrelas a Portugal, que passou de 14 restaurantes e 17 estrelas — números de 2015 — para 21 restaurantes e 26 estrelas. Os restaurantes Alma (chef Henrique Sá Pessoa) e Loco (chef Alexandre Silva), em Lisboa, e o Antiqvvm (chef Vítor Matos), no Porto, foram alguns dos que receberam pela primeira vez uma estrela, enquanto o Belcanto, a título de exemplo, foi dos que manteve as duas estrelas ganhas no ano anterior. De referir que o Adega, restaurante dedicado à cozinha portuguesa em San Jose, na Califórnia, também ganhou uma estrela em 2016.

Guia Michelin. Portugal chega às 26 estrelas (não foi “bombástico”, mas foi bem bom)

Por falar em Belcanto, cuja cozinha é comandada pelo chef José Avillez, o restaurante figurou uma vez mais entre os 100 melhores do mundo segundo a reputadíssima lista The World’s 50 Best (que, apesar do nome, abrange uma centena de espaços dedicados à gastronomia). Se no ano passado o Belcanto estava na 91º posição, em 2016 subiu para a 78º. Mas as notícias não se ficam por aqui, até porque 2016 também foi o ano de Avillez: o Belcanto foi ainda eleito o melhor restaurante do mundo em 2016 pela edição espanhola da revista de viagens Traveler, que pertence ao grupo editorial Condé Nast.

Cozinha do restaurante Belcanto, com duas estrelas Michelin

© Paulo Barata

Fora de portas de restaurante estrelados, as receitas de sucesso também parecem chegar ao resto das mesas nacionais. Exemplo disso foi o que o The Wall Street Journal escreveu sobre o Douro. Desta vez o artigo não recaiu exclusivamente sobre o vinho que cresce nas vinhas que pontuam os socalcos da região, e dedicou-se antes à comida que se come por lá. O jornal norte-americano chamou àquela região “o novo destino gastronómico mais atraente da Europa”. A CNN, que por esta altura já nos habitou a palavras bonitas, foi mais longe ao considerar Portugal o “segredo foodie mais bem guardado da Europa”. Segredo do qual o chef britânico Jamie Oliver deve estar a par, uma vez que pretende abrir um restaurante na capital portuguesa nos próximos 18 meses.

Douro. Depois do vinho é a comida que está nas bocas do mundo

O vinho português anda nas bocas (e nos copos) do mundo

Talvez o sector do vinho seja aquele cujas notícias positivas nos surprendem menos: não pela falta de mérito, muito pelo contrário, mas porque a qualidade do vinho português já é conhecida entre aqueles que o bebem dentro e fora de fronteiras. Dito isto, sabe sempre bem quando os néctares nascidos e criados nas regiões vitivinícolas do país figuram nas listas dos melhores vinhos, tal como aconteceu em outubro deste ano, quando a Wine Enthusiast incluiu dois vinhos lusos no top 10 “Melhor Compra de 2016” — ao todo o ranking compreendeu 100 vinhos, de entre os quais estavam nove néctares bem portugueses.

Notícia semelhante (e mais recente) foi a de que a Wine Spectator, outra publicação de renome no setor, escolheu quatro vinhos nacionais para integrar a muito aguardada lista anual dos 100 melhores vinhos. Ao contrário do que aconteceu em 2014, nenhum deles figurou na lista dos 10 primeiros, mas à semelhaça de 2015, Portugal voltou a ter o vinho mais barato entre a centena de néctares: olá Cabriz Colheita Selecionada 2014 (tinto), disponível na Garrafeira Nacional por 3,40€.

Talvez seja por isso que o The New York Post tenha considerado Portugal, em novembro, a Califórnia barata da Europa devido ao surf e, claro, à indústria do vinho que, segundo o artigo, é de fazer inveja à vizinha Espanha.

Portugal, o destino a visitar em 2017

Por algum ou vários motivos, o Washington Post, a Forbes, a Condé Nast Traveler, a Lonely Planet, o Fodor’s Travel Guide e o Huffington Post — e a lista já vai longa — decidiram que Portugal é um dos locais no mundo a conhecer nos próximos 12 meses.

Escreve o Washington Post que Portugal está a ter “um momento” ao aparecer recorrentemente, tal e qual um cogumelo, em várias listas de viagens. O jornal norte-americano reconhece-lhe a boa comida e o bom vinho, o fado cheio de alma de quem o canta bem e os preços acessíveis para quem o visita. Há ainda a referência à visita do Papa que, em maio de 2017, é esperado em solo luso.

Já a Forbes fala de Portugal como um destino que, com o tempo, tornou-se irresistível, tal como aconteceu com Paris nos anos 1890 e com Barcelona nos anos 1990. A capital é “uma das mais vibrantes” e “atrativas” no velho continente, que soube aproveitar o melhor as renovações de que foi alvo. As palavras simpáticas estendem-se a chefs como José Avillez e Kiko Martins que ajudaram a abrilhantar a cena gastronómica da cidade que anda de mãos dadas com uma noite lisboeta ainda mais “enérgica”.

O MAAT, um dos exemplos da "arquitetura inovadora" que mudou a paisagem da capital.

PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP/Getty Images

Cheia de energia foi também a “reconstrução” da cidade que em 2008 foi apanhada na onda da recessão global. Se numa resposta imediata artistas e arquitetos puseram a sua criatividade em pausa — tal como assinala a Condé Nast Traveler que insere Portugal e as ilhas dos Açores numa lista de 17 destinos para 2017 –, foi uma questão de tempo até o “planeamento de iniciativas progressistas de urbanismo” ajudarem a impulsionar as artes e o design. A “arquitetura inovadora” em cada canto e recanto mudou a paisagem urbana da capital: exemplo disso é o MAAT (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia), recentemente instalado junto às margens do rio Tejo.

Lisboa parece ter mil e um motivos por que ser falada e um dos guias mais respeitados do mundo não quis ficar de fora desta tendência: a Lonely Planet escreve que a capital portuguesa é pouco reconhecida e que devia ser comparada mais vezes com pesos pesados europeus, como Barcelona ou Roma. Do guia vêm também anotações felizes sobre a cultura e a gastronomia que a cidade oferece, com referências ao Museu Calouste Gulbenkian e ao Museu Coleção Berardo. Lisboa é considerada pela Lonely Planet uma das melhores cidades a visitar em 2017, enquanto o Porto é assinalado como destino de valor e os Açores região de eleição.

Lonely Planet. Lisboa, Porto e Açores entre os melhores destinos a visitar

A Invicta também é, aos olhos da Lonely Planet, uma cidade que ainda passa despercebida, realidade difícil de acreditar dada a “acessível e excelente comida e acomodação” portuense. Por aqui também há museus onde se podem perder horas de deslumbramento, elétricos que arrastam o charme de outros tempos por onde passam e caves de vinhos que oferecem provas pouco dispendiosas. Dos Açores ficam outras palavras como “natureza extraordinária” e “atrações superlativas”, com o arquipélago a ser considerado a próxima Islândia.

Os Açores são elogiados pela "natureza extraordinária" e apontados como a próxima Islândia.

ANTÓNIO ARAÚJO/LUSA

Falar da natureza dos Açores é falar também do manto esverdeado e aparentemente interminável do Minho, que consta no ranking do Fodor’s Travel Guide. A região que é “subvalorizada pelos turistas” apresenta praias virgens e comunidades onde “a vida parece ter mudado pouco ao longo dos séculos”. O destaque do guia vai invariavelmente para o Parque Nacional Peneda-Gerês e para o afamado vinho verde que aí se produz.

De referir que houve alguns meios internacionais que se anteciparam e puseram os seus leitores logo na direção do país de Camões já em 2016, tal como a Travel + Leisure e o The Huffington Post. Mas caso sobrem dúvidas, outro artigo do The Huffington Post assegura que Portugal é o país que “todos  vão visitar em 2017”: haja aventuras na natureza, cidades históricas e vinho que, como já referimos, anda a passar de boca em boca e a encher copos por esse mundo fora.

Portugal, o país que “todos vão visitar em 2017”, segundo o The Huffington Post

Resumindo, somos os maiores

Que não restem (mesmo) dúvidas: para efeitos deste artigo foram citadas (recolhidas, identificadas e relidas) 42 notícias para mostrar que 2016 foi o ano de Portugal e que, muito provelmente e a julgar pelo que já foi escrito, 2017 será o ano de Portugal. Só falta repetir o velhinho slogan que aparentemente voltou a estar na moda: “vá para fora cá dentro”.

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