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“Juntas podemos criar caminhos mais inspiradores”

Uma centena de mulheres encontraram-se em Lisboa para debater o empreendedorismo feminino e a saúde mental, porque juntas podem ser mais fortes. ´Bora lá Mulheres?

No Impact Hub Lisbon o ambiente era diferente do habitual na maioria dos eventos. A sala estava repleta de mulheres para o fecho do ‘Bora Mulheres on Tour”, uma iniciativa do programa de empreendedorismo feminino ‘Bora Mulheres, criado pela Coca-Cola em Portugal que conta já com 2.000 empreendedoras. Depois de ter seguido a rota com paragens no Porto e em Coimbra, no dia 18 de novembro, véspera do Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, foi a vez de Lisboa. Na abertura do encontro, Rui Serpa, VP & Country Diretor da Coca-Cola Europacific Partners em Portugal, prometeu que o caminho é para continuar: “Vamos motivar mais mulheres, mas não esqueçamos que o empreendedorismo não é uma bala de prata, não é um golpe de sorte, exige muito trabalho, disciplina e método”.

O balanço dos eventos ficou marcado pela energia positiva, partilha de experiências e um ambiente em que as empreendedoras funcionam como rede de apoio umas das outras. “O facto de ser uma iniciativa só para mulheres é uma discriminação positiva, porque pretendemos acelerar o empreendedorismo feminino em Portugal. Neste momento temos as portas abertas e uma comunidade a ser construída. Esse é o principal fundamento para termos um mundo mais equilibrado e igualitário”, sublinhou Manuel Bastos, Sustainability Manager da Coca-Cola Europacific Partners em Portugal.

Elena Anton, Gestora do programa ‘Bora Mulheres no Impact Hub Lisbon, subiu ao palco para lembrar que o objetivo é desbloquear “estereótipos em relação ao papel da mulher na sociedade” num dia marcado pela heterogeneidade de mulheres, unidas por muitas palmas e quebra de barreiras, mostrando vulnerabilidades sem receio de julgamentos. Como afirmou Nilza Rodrigues (Forbes), moderadora da mesa-redonda em que participaram empreendedoras de várias gerações, “juntas podemos traçar caminhos mais inspiradores”.

Para um paladar (e não só) mais inclusivo

E assim aconteceu… a começar pela gastronomia com uma ementa original do Brasil, Turquia e Médio Oriente, uma proposta da WeCheffes, um dos projetos vencedores do ‘Bora Mulheres 2023, liderado pela luso-belga Mafalda Lodewyckx e a francesa Olivia Bourkel. Este serviço de catering reúne Chefs de todo o mundo, formando uma comunidade com diferentes histórias culturais e sociais. “Para estas mulheres é uma oportunidade para trabalharem num país que não é o delas e encontrarem pessoas de outras origens. A maior barreira é a língua, mas quando apresentam a comida que fizeram com as suas próprias mãos é uma forma de darem a conhecer a sua identidade e cultura através de uma linguagem universal”, explicou Olivia Bourkel. As empreendedoras consideram que há um longo trabalho para fazer para que as mulheres possam ocupar mais posições de liderança, em especial na indústria alimentar. “Comecei a trabalhar em Portugal e fiquei surpreendida, porque a liderança era toda masculina e a equipa toda feminina. Vivi esta situação na pele e estranhei muito. Como se falou hoje, aqui, é importante desenvolver mentalidades e evoluir no sentido da igualdade”, sublinhou Mafalda Lodewyckx.

Melhores pessoas para melhores empreendedoras

“Qual é a maior motivação para trabalhares no teu projeto?” ou “Qual é a pior pergunta de quebra-gelo que já recebeu?” foram algumas das questões da dinâmica speed dating que animou a tarde, um jogo desbloqueador para que as participantes tivessem a oportunidade de se conhecer melhor e abrir caminhos ao networking. Susana Coerver, uma das oradoras da mesa-redonda com o tema “Work-Life Balance: O Empreendedorismo Feminino e a Saúde Mental”, mesmo sem adivinhar as curiosidades dos encontros rápidos, afirmou na conversa connosco: “A minha motivação é acordar todos os dias com vontade de mudar o mundo”. Foi esta certeza que a fez trocar, em junho passado, uma vida financeira estável pela aventura de se dedicar a um projeto pessoal de que é co-fundadora, a Kindology, que pretende tornar a saúde mental acessível a todos. O segredo para evoluir no empreendedorismo é apostar no autoconhecimento. Susana Coerver, que alcançou lugares de topo na área da comunicação e marketing, reconhece que já foi uma pessoa tóxica por só pensar em trabalho e mais trabalho. “O dinheiro melhor investido é o que colocamos no autoconhecimento, se melhorar como pessoa vou ser melhor empreendedora e desenvolver as minhas relações a todos os níveis.” E prossegue: “As mulheres estão mais preparadas para falar de saúde mental. Portanto, em processos de autodesenvolvimento e terapia vemos mais mulheres do que homens, embora estejam a vir cada vez mais homens. Ainda existem muitos estigmas. Tive a sorte de trabalhar no Brasil que me ajudou muito nesta jornada. Neste país é perfeitamente normal falar da academia e da terapia, ter o PT do corpo e o da cabeça.”

“As mulheres portuguesas podem e devem fazer menos”

Sandra Ribeiro, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, uma das convidadas do debate, considera que menos igualdade pode significar menos saúde mental. Para a responsável é importante educar desde cedo para a igualdade de género, em casa e na escola, porque as mudanças de mentalidade não acontecem de forma imediata. Muitas mulheres vivem “ensanduichadas entre as tarefas domésticas, cuidar dos filhos, do emprego a tempo inteiro e chegam a casa e ainda vão trabalhar mais”. Mulheres “estafadas” com problemas de saúde mental é algo mais comum do que se possa pensar. “É um problema de que se fala pouco. No passado as mulheres que queriam ser independentes, que tinham até ideias para negócios, eram loucas ou histéricas. Estas foram mentiras e mitos criados para afastar as mulheres do mercado de trabalho. Hoje é diferente, mas o peso do trabalho não pago, do cuidado informal versus a vida profissional ainda é muito pesado para o sexo feminino”. E em tom de brincadeira, apesar da assertividade, apelou: “Temos que lançar um movimento: as mulheres portuguesas podem e devem fazer menos”. As diferenças a desfavor do sexo feminino foram também exemplificadas por Sandra Ribeiro com base no boletim estatístico recentemente publicado pelo organismo que lidera: as mulheres continuam a auferir remunerações inferiores às dos homens, situando-se o gender pay gap base nos 13,1%.

“Nós, mulheres, somos incríveis”

Também Catarina Matos, que pertence à geração conhecida como millennials, defende a importância de combater estigmas e chegar mais longe na igualdade entre homens e mulheres. A participante do mesa-redonda fundou a Mind The Trash, uma loja online de desperdício zero com uma vasta gama de produtos amigos do ambiente. Para a arquiteta, a sustentabilidade é uma filosofia de vida e acredita que para termos mais equilíbrio é importante vencer medos. “Defendemos um estilo de vida mais minimalista, o desapego, por isso é importante que nos livremos do excesso de coisas que já não precisamos ou não utilizamos, o que vai ajudar a que tenhamos a casa com mais espaço e que seja mais fácil de limpar. Também é importante que nós, mulheres, deixemos de ser perfecionistas e possamos pedir aos homens: olha, podes ajudar-me?” A empreendedora considera que “ainda há um longo caminho a percorrer para empoderar mulheres, ainda há muitas com receio de arriscar, para as quais o contacto com o programa ‘Bora Mulheres faz com que possam dar um passo em frente e acreditar em si próprias. Temos de aprender a descontrair. Nós, mulheres, somos incríveis”.

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