Não disfarça a falta de entusiasmo pela candidatura de Luís Marques Mendes à Presidência da República, mas não a desvaloriza de todo — mesmo que aproveite também para falar de vários putativos candidatos do seu espaço político, como Aguiar-Branco, Durão Barroso, Pedro Santana Lopes ou mesmo Rui Rio, de quem não é assumidamente um fã. Aponta-lhes méritos e alguns argumentos eleitorais, mas, mesmo assim, reconhece que qualquer candidato terá dificuldades contra Henrique Gouveia e Melo.
A propósito do almirante faz, aliás, uma curiosa comparação com Ramalho Eanes, a “quem os portugueses devem muito”. Mas não alinha na tese de que a vitória de Henrique Gouveia e Melo nas próximas eleições presidenciais é uma inevitabilidade. Mesmo dizendo que o centro-direita, o centro-esquerda e André Ventura têm “dilemas estratégicos para resolver” perante este quadro, acredita que tudo decidirá à segunda volta, o que deixa tudo naturalmente em aberto.
Em entrevista ao Observador, no programa Vichyssoise, Miguel Morgado, antigo deputado social-democrata, ex-assessor político de Pedro Passos Coelho e um dos comentadores políticos mais apreciados no espaço da direita, garante que o candidato mais desejado não vai mesmo avançado. “Não há possibilidade de Pedro Passos Coelho avançar. As pessoas sabem a minha relação de proximidade com Pedro Passos Coelho. Não diria uma coisa destas em jeito de conjetura vaga ou de especulação. Sei o que estou a dizer e é uma decisão que ele acabou por tomar já há bastante tempo, com as razões dele.”
Morgado faz ainda uma reflexão bastante crítica da Presidência de Marcelo Rebelo de Sousa. “Achou que estar blindado era ter o apoio do PS. Fez tudo para obter o apoio do PS — e conseguiu o apoio total de António Costa. Ficou vinculado também ao fracasso que foram os oito anos do António Costa. Disso não se pode livrar. Quis comprar uma espécie de segurança. Comprou e pagou o preço. Tem de o pagar e está a pagar a prestações.”
Sobre a atuação de Luís Montenegro como primeiro-ministro, o antigo deputado social-democrata não esconde algum desânimo. “Há um problema político fundamental neste Governo: a ausência de sentido de sua própria governação. O Governo ainda não soube interpretar o seu exercício do poder como tendo um alcance além da mera preservação do poder”, lamenta.
[Veja aqui a entrevista a Miguel Morgado na Vichyssoise]
“Não há possibilidade de Passos Coelho ser candidato a Belém”
Na quarta-feira, na SIC Notícias, afirmou categoricamente que Pedro Passos Coelho não será candidato à Presidência da República. Não lhe vou perguntar naturalmente qual é a sua fonte, mas vou fazer a pergunta ao de outra forma: admite alguma possibilidade de Pedro Passos Coelho ser convencido a avançar?
Não. Não há essa possibilidade. As pessoas sabem a minha relação de proximidade com Pedro Passos Coelho. Não diria uma coisa destas em jeito de conjetura vaga ou de especulação. Sei o que estou a dizer e é uma decisão que ele acabou por tomar já há bastante tempo, com as razões dele. Mas achei que era importante dizê-lo, porque parece que há muita conversa, muita intriga, muita inquietação, que foi sempre uma coisa que abominei na vida partidária
Medo de que Pedro Passos Coelho viesse a ocupar um espaço que outros querem ocupar?
De alguns será medo, na medida em que uma candidatura de Pedro Passos Coelho esvaziaria todas as candidaturas do espaço do centro até a direita, isso é evidente. Mas não é só medo; havia falsas esperanças, falsas expectativas.
Precisamente. Há muita gente no PSD que ainda acalenta essa esperança e que tem muita vontade que essa candidatura exista. Se existir uma vaga de fundo, não será possível convencer Pedro Passos Coelho?
Não, não me parece. Com franqueza, não me parece. E acho que ele tentou sinalizar isso mesmo discretamente para que não se criasse essa vaga de fundo.
Há um dado que é relativamente comentado nos bastidores do partido: a relação entre Luís Montenegro e Pedro Passos Coelho não é a melhor. Se o primeiro-ministro interviesse diretamente e tentasse convencer Pedro Passos Coelho, isso poderia mudar de alguma forma a decisão dele sobre as presidenciais?
Não posso responder por ele. Mas julgo que não se deixaria embalar para algo tão importante e tão solene por um aliado político. Não me parece que seja o tipo de abordagem que funcionasse com Pedro Passos Coelho. Acredito que funcionasse com outras pessoas que conheço da política, mas, com ele, tenho as minhas dúvidas. Ele tem um lado ético e tem um lado político de pensar pela sua própria cabeça, de formar a sua opinião com toda a sua honestidade interior. E isso tem um lado bom — permitiu resistir às pressões que sofreu de muitos lados sinistros — e também tem esse lado de isolamento face às solicitações dos aliados.
“Gouveia e Melo seria a candidatura eanista do século XXI”
Luís Marques Mendes tem condições para enfrentar e vencer Gouveia e Melo?
Neste momento, não há nenhum candidato à esquerda e à direita que possa apresentar-se ao país dizendo que consegue o apoio dos 50% mais um de caras. Vivemos uma fase diferente da política. Estamos num período de transição, de muitas incertezas. E é nestes períodos que também se nota as carências de liderança política e de autoridade, no sentido romano do termo. As pessoas não atribuem um crédito, uma autoridade política, a nenhum personagem e a nenhum partido político. É muito perigoso. Vai haver uma grande expectativa de ver quem é que vai passar à segunda volta. Não existem os tais candidatos óbvios ou naturais, os senadores que já tivemos noutros corridas. A eleição presidencial consagra pessoas a quem o país reconhece algum estatuto, uma figura com capacidades notáveis, e vamos entrar na primeira eleição para a Presidência da República onde isso já não vai acontecer.
Mas Marques Mendes é o melhor candidato para o espaço da direita moderada?
Neste momento, só temos o interesse declarado de Marques Mendes. Mas há outras pessoas e acho que todas elas têm medido as suas possibilidades reais. Estarão a chegar à conclusão de que não têm grandes possibilidades. Mas isto é sempre um jogo de força relativa: se veem que [a candidatura de Marques Mendes] não reúne consenso, essas pessoas agora acalentam uma esperança que, se calhar, já não tinham.
Está a pensar em quem?
Acho que um está fora da equação, não porque não deseje ser Presidente da República, mas porque tem um calendário difícil, que é o presidente da Assembleia da República da República, José Pedro Aguiar-Branco. Mais Pedro Santana Lopes e Durão Barroso, que são duas pessoas que sempre tiveram o sonho natural e compreensível de serem Chefes de Estado. Cada um sempre avaliou as suas oportunidades como não sendo suficientemente maduras, ainda que por razões diferentes.
Acha que ainda podem avançar?
Durão Barroso não. Mas Santana Lopes não digo que ainda não tenha o seu desejo completamente adormecido.
E em melhores condições do que Marques Mendes?
Antes disso, só acrescentar mais dois nomes: Rui Rio…
De quem é um fã incondicional.
Incondicional, como se sabe [ironia]. Rui Rio sai da liderança do PSD e logo a seguir há um colapso de um poder socialista que se julgava que iria perdurar durante muito tempo. Dá-me ideia de que ficou com a impressão de que o julgamento que se faria sobre a sua liderança deixaria de ser tão negativo. A Presidência da República seria uma espécie de recompensa desse esforço patriótico que ele julga ter feito.
Que teve razão antes do tempo.
Qualquer coisa desse tipo. E depois há outra pessoa que também tentou preparar esse caminho, mais cedo ainda, saindo da atividade política logo quando cai o segundo governo de Pedro Passos Coelho, que é Paulo Portas. Passaram estes anos todos, ele tentou reinventar-se com um programa de televisão — toda a gente acha que se tiver um programa de televisão pode chegar à Presidência da República; Marques Mendes julgava isso, Paulo Portas também julgava isso — mas, de facto, Paulo Portas não apaga facilmente junto da grande família do centro-direita a sua conduta quando foi parceiro de coligação de Pedro Passos Coelho. Isso seria sempre um óbice contra ele. Acho que ele também mediu a oportunidade e desiludiu-se com as possibilidades.
Nesta lista, quem acha que tem melhores condições?
Não sei. Não sei sinceramente. Acho que há pessoas que teriam a experiência e a maturidade política para fazer um bom mandato, mas que, enfim, fizeram uma carreira política que gerou um capital de rejeição de opinião pública que acho que é invencível. É o caso de Durão Barroso. Estou a dar o exemplo dele porque não será certamente candidato.
Com este diagnóstico que faz, a vitória de Gouveia e Melo parece uma inevitabilidade.
Não, não é uma inevitabilidade, porque aqui há aqui quatro lados. Teríamos o candidato do centro-direita, do PSD e CDS. Depois, o Chega teria de apresentar um candidato — o que envolveria dilemas estratégicos para Ventura — ou se candidata a si mesmo e está a ir a todas, o que depois também soa ridículo; ou teria um problema de encontrar nomes. Gouveia e Melo, que seria aqui a candidatura eanista do século XXI, um homem [Ramalho Eanes] que é um grande artífice da democracia portuguesa, a quem os portugueses devem muito. Teria um perfil idêntico e seria uma pessoa que se queria apresentar como uma íntegra, séria, não dada a uma interpretação emotivista da política. E, por fim, teríamos também problemas à esquerda — o PS também vai ter problemas estratégicos, sobretudo Pedro Nuno Santos e António Costa, que está a tratar disto a partir de Bruxelas. A fragmentação é transversal.
“Marcelo fica vinculado ao fracasso dos oito anos de Costa”
Nunca escondeu que não é exatamente o maior fã de Marcelo Rebelo de Sousa. Considera que o atual Presidente da República sairá pela porta pequena?
Perdeu uma grande oportunidade de deixar um legado histórico pelo qual sempre ansiou. Teve aquela experiência na presidência do PSD, que acabou da pior maneira. Julgo que essa desilusão esteve sempre à espera de uma redenção. E a oportunidade para essa redenção aparece em 2015. Julgou interpretar os tempos do país e acreditou que se fizesse uma magistratura de contraste com Cavaco Silva, que sai com baixos níveis de popularidade, se tornaria um Presidente notável. Que o futuro olharia em retrospetiva e diria: ‘Bem, este homem reinterpretou o que é chefia do Estado e reinterpretou a relação política de um líder com o seu povo’. Nos dois ou três primeiros anos, parecia que isso ia acontecer. Mas não preparou as bases para que, quando a situação se alterasse, quando houvesse decisões graves que teriam de ser tomadas, tudo isso não revelasse que tinha pés de barro.
Quando teve de ser mais interventivo.
Quando teve de apresentar-se em momentos que exigiriam autoridade, seriedade, integridade e até alguma frieza, Marcelo teve sempre aquela hesitação entre ser o Marcelo I e o Marcelo II. Além disso, achou que só poderia ser um Presidente notável se estivesse blindado e achou que estar blindado era ter o apoio do PS. Fez tudo para obter o apoio do PS — e conseguiu o apoio total de António Costa. Ficou vinculado ao fracasso que foram os oito anos do António Costa. Disso não se pode livrar. Quis comprar uma espécie de segurança. Comprou e pagou o preço. Tem de o pagar e está a pagar a prestações.
Reagiu à comunicação do primeiro-ministro sobre a segurança interna, falando em “surpresa” e “perplexidade”. Aquela declaração nos termos e nos moldes em que foi feita demonstra algum desnorte da parte do Governo?
Julgo que sim. Primeiro, exortaria o Governo e o primeiro-ministro a resistirem à tentação de supor que a comunicação faz milagres, que há uma espécie de arte que se for bem acertada e se for executada pelos melhores e mais caros profissionais do mercado, os erros não interessam e tudo se pode maquilhar. De facto, governações como a de Guterres, Sócrates e Costa em grande medida são isso. Mas a nossa estratégia não deve ser idêntica. Não estou a dizer que é isso que se está a passar; estou a dizer que exorto a não ceder a essa tentação. Em segundo lugar, após estes oito meses de Governo, tenho de reconhecer que há um problema político fundamental neste Governo: a ausência de sentido da sua própria governação. O Governo ainda não soube interpretar o seu exercício do poder como tendo um alcance além da mera preservação do poder.
Estavam preparados já para os seis meses até o Orçamento.
Temos que ser justos: têm uma maioria muito pequenina no Parlamento. Portanto, também não dá para pensar em grandes coisas. No entanto, parece-me que esse sentido histórico da ação política do Governo ainda não está definido na cabeça dos próprios. As eleições de 10 de março foram uma espécie de primeira volta de uma segunda volta que vamos ter em 2026, já com novo Presidente da República. Estão todos a preparar-se para essa segunda volta. A consistência deste Governo vai depender de se encontrar com inteligência e criatividade um sentido histórico. No fundo, perceber para que é que este Governo serve.
Por não ter encontrado ainda esse sentido histórico, este Governo ainda está a ser um Executivo de continuidade face ao último?
Pois. Existe uma espécie de inércia. Se não se encontra esse novo sentido histórico que justifica a ação governativa, se só se opta pela via mais fácil, pela sobrevivência no Parlamento, por passar as votações, desde logo Orçamento de Estado…
Pela paz social.
A paz social também. E para a paz social ainda há outro problema. A estratégia eleitoral de Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos e André Ventura é igual: é ver quem é que fica com os pensionistas ou com a maioria dos pensionistas. Há uma luta destes três partidos e vemos isso nesta votação a propósito do aumento das pensões, em que se julga que quem ficar com os pensionistas ganha, que quem ficar com os pensionistas, com a maioria dos pensionistas, garante poder, é governo. A partir daí, o que é que se pode fazer? Vamos imitar o governo de António Costa, que tentou seduzir, subornar, comprar os pensionistas em cada dia da sua ação?
“Declaração de Montenegro foi um ato falhado”
Recentrando na questão da comunicação. Levantou a hipótese de a declaração de Montenegro ter acontecido por não existir confiança em Margarida Blasco. A ministra está a prazo?
O primeiro-ministro saberá se está a prazo. A mim parece-me um requisito absolutamente indispensável do cargo do ministro o mínimo de competências comunicacionais. O ministro desempenha um cargo público que, na sua origem e na sua finalidade, é de relação com os governados. Não tem de ser um orador fantástico, não tem que ser um grande manipulador de multidões, mas pressupõe requisitos mínimos. E parece-me evidente que o primeiro-ministro chegou à conclusão de que, com certos ministros, não pode contar. Sobretudo se quiser aproveitar um tema de grande ressonância na população portuguesa, o tema da segurança. Achou que não devia desperdiçar aquela oportunidade e que a ministra não teria competência comunicacional.
Há quem entenda que essa declaração ao país pode ser uma forma de retirar iniciativa e agenda ao Chega. Concorda? Foi uma estratégia bem-sucedida?
Não. Foi um ato falhado. Tal como aconteceu à esquerda, embora por razões diferentes, instalou-se um dogma de fechamento em Portugal — e não só — que os partidos do centro-direita estão agora a pagar muito caro. Achou-se que não se devia falar sobre a imigração, de segurança, em grande medida também por chantagem da esquerda, porque a esquerda dizia que falar de imigração era sinónimo de racismo. Ou, como Pedro Nuno Santos disse, uma deriva securitária — uma disparate de observação e um daqueles lugares comuns completamente ridículos que a esquerda patrocina. Mas, de facto, foram suficientes para, até há muito pouco tempo, intimidar os partidos do centro-direita.
Mas Luís Montenegro tem optado por falar sobre esses temas. Não está a conseguir ser bem-sucedido?
Queria corrigir uma coisa: Luís Montenegro é presidente do PSD desde 2022 e demorou muito tempo, já com o Chega em grande crescimento, a perceber que o PSD não podia deixar de falar desses temas. As pessoas têm que perceber que a democracia é o regime da discussão livre sobre todos os temas que são relevantes para a população.
Agora que percebeu, está a conseguir transmitir a mensagem certa?
Se essa intervenção parecer precipitada, oportunista, não estratégica e inconsequente as pessoas não vão atrás do primeiro estalar de dedos. Isto tem de ser feito de uma maneira metódica, respeitando a moderação política do partido. A partir daí, esses temas deixam de ser monopólios dos extremos políticos. E não só permite esvaziar os extremos políticos, o que é sempre bom, como permite que os problemas não nos expludam na cara, podendo ser atempadamente tratados. Com humanidade, com sustentabilidade, com inteligência. Se for em cima de um problema depois de ter explodido, já não haverá moderação, já não haverá inteligência; haverá apenas uma extinção de um fogo.
Fazemos esta entrevista na véspera da aprovação do Orçamento do Estado, que é visto como uma espécie de fim de ciclo destes primeiros meses do Governo, como dizia há pouco. Em retrospectiva, faz um balanço positivo? Era isto que a Aliança Democrática prometia?
Faço um balanço positivo provisório. Era vital para o sistema político democrático que a hegemonia do PS fosse quebrada. E isso foi um feito pelo qual estou grato a Luís Montenegro. O PS não consegue renunciar a uma atitude, que já vinha de António Guterres, de governar como uma ação de colonização do país. O PS acha que governar significa estender os seus tentáculos a todos os centros de decisão. Se os partidos não têm disciplina interior, é vital que haja mesmo alternância no poder — mesmo quando não há alternativa de políticas públicas.
Luís Montenegro queixou-se recentemente de que o Governo nunca teve um estado de graça. Não há uma responsabilidade do primeiro-ministro nisso?
Nunca gostei muito dessa abordagem. Os governos não têm direito a nenhum estado de graça. As coisas para Luís Montenegro foram difíceis porque tem uma maioria parlamentar muito pequena, tem pela primeira vez oposição à esquerda e à direita. Se estava ao alcance de Luís Montenegro ter feito uma coisa muito diferente… A única coisa que podia ter feito muito diferente era fazer coligação à direita com o Chega — nunca fui a favor disso e nunca saberemos o que é que teria acontecido. Houve uma escolha e, nessa medida, é o único responsável pela decisão estratégica que foi fazer um governo minoritário. Bem, fazer um governo minoritário em que ainda por cima escolheu explicitamente o PS como o seu parceiro de negociação. Podemos acabar, sim, com um Governo que segue políticas muito semelhantes às do governo anterior.
“Bugalho não fez uma boa campanha. Não devia ter sido escolhido”
Vamos entrar no segundo segmento do programa, o Carne ou Peixe, em que só pode escolher uma de duas opções. Quem levava a comer um gelado Santini tardio em Belém, Gouveia e Melo ou Luís Marques Mendes?
Em termos pessoais, gosto muito de Luís Marques Mendes e portanto levaria Luís Marques Mendes. Se me convidar para jantar amanhã, eu vou. Deve estar um bocado zangado comigo por causa de outras coisas, mas se não estiver zangado comigo, vou jantar com ele perfeitamente — ou comer o gelado, pronto.
Preferia ver Pedro Passos Coelho a regressar à liderança do PSD ou Sebastião Bugalho a ‘conquistar’ o partido?
Não percebo esse dilema. Até estou perplexo.
Não é uma comparação. Mas há capítulos que se fecham e outros que se abrem.
Com todo o respeito, é mesmo um absurdo. É comparar o incomparável. Pedro Passos Coelho é um dos grandes estadistas dos últimos 30 anos em Portugal. Se regressasse à política, iria obrigar-me a regressar também. É tão simples quanto isto. Sebastião Bugalho foi o meu aluno. Está a dar os primeiros passos, não fez uma boa campanha nas europeias, não devia ter sido escolhido para cabeça de lista das europeias — e digo isto com toda amizade, acho que não se vai zangar comigo. Sempre lhe disse para ter paciência e esperar. Acho que é o que deve fazer. Deve esperar, não deve estar a pensar em ser presidente do PSD. Acho que ainda tem muitas escadas para subir.
Com quem é que passava uma semana de férias numa ilha deserta: Miguel Prata Roque ou Rui Rio?
A essa pergunta não vou responder. Não, não vou responder a essa pergunta.
Podia levar os dois…
Ia desperdiçar uma ilha deserta e depois tinha que aturar os dois. Nem pensar. Não tenho nenhuma relação pessoal com Rui Rio, nenhuma. Dou-me bem com o Miguel Prata Roque, mas temos aquelas discordâncias — às vezes veementes.
Falávamos há pouco numa possível segunda volta das eleições presidenciais. Vamos imaginar um cenário em que só sobram dois socialistas. Qual escolhia: António José Seguro ou Mário Centeno?
Essa resposta dou de caras: António José Seguro. Mário Centeno está a levar a cabo uma subversão do Banco de Portugal. A colocá-lo ao serviço da sua ambição. Isso não se faz, é imediatamente eliminatório. Não pode voltar a ser ministro das Finanças sequer. Tentei sempre expor sua conduta como ministro das Finanças por considerá-la muito nociva. E, na altura, ele teve a proteção do poder socialista, implacável, e teve uma proteção inacreditável dos meios de comunicação social na sua generalidade. É o tipo de conduta e o tipo de político que o país deve repudiar.