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Os filmes que fez poderiam ter colocado o realizador no imaginário da Hollywood que estava a nascer com Coppola, Scorsese, Lucas e Spielberg, mas tal caminho  não se concretizou. Em parte, porque o realizador queria estar fora
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Os filmes que fez poderiam ter colocado o realizador no imaginário da Hollywood que estava a nascer com Coppola, Scorsese, Lucas e Spielberg, mas tal caminho  não se concretizou. Em parte, porque o realizador queria estar fora

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Os filmes que fez poderiam ter colocado o realizador no imaginário da Hollywood que estava a nascer com Coppola, Scorsese, Lucas e Spielberg, mas tal caminho  não se concretizou. Em parte, porque o realizador queria estar fora

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Os filmes, as fotos e as histórias de Jerry Schatzberg: "Tive de recusar o De Niro para um papel, só voltámos a falar 40 anos depois"

A Cinemateca dedica um programa especial ao fotógrafo e realizador Jerry Schatzberg. Em entrevista, o cineasta de 96 anos recorda o princípio com Faye Dunaway, as fotos de Dylan e a arte de Pacino.

Será porventura da idade, da experiência, do conhecimento e do hábito. Com 96 anos, as respostas de Jerry Schatzberg encontram depressa o caminho da memória das pessoas, daquelas com quem trabalhou e confraternizou. E, assim, do nada, estamos a falar de Al Pacino, de Faye Dunaway, de Morgan Freeman, Bob Dylan ou Robert De Niro. A história deste homem passa por eles, mas eles nunca são usados como uma âncora para o discurso, nem os nomes surgem como caramelos atirados perante uma plateia gulosa.

Fotógrafo desde os 27 anos, trabalhou com revistas como a Vogue ou a Esquire. É graças a um trabalho para esta última que conhece Faye Dunaway e começam uma relação que a leva até ao primeiro filme do realizador, “Tempo de Viver”, sobre uma modelo que recorda o passado enquanto vê o presente cair em ruínas. É um grande, grande filme. Schatzberg descobre Pacino pouco depois e a amizade resulta em dois filmes marcantes, “Pânico em Needle Park” e “O Espantalho”. Estes três títulos poderiam ter colocado o realizador no imaginário da Hollywood que estava a nascer com Coppola, Scorsese, Lucas e Spielberg, mas tal caminho  não se concretizou. Em parte, porque o realizador queria estar fora.

Interessava-lhe a fotografia. O cinema acontecia quando era algo que Schatzberg queria mesmo fazer, queria sempre que um filme fosse melhor do que o anterior. Essa atitude levou-o a recusar algumas produções – entre as quais, “Nasceu uma Estrela”. A partir dos anos 1990 começa a vender mais fotografias e a expor mais, neste século os filmes que realizou começaram a estar mais presentes num imaginário de uns Estados Unidos dos anos 1970 e 1980. Jerry Schatzberg pode querer estar fora da conversa em volta da sua pertença a determinados grupos, mas os filmes que assinou ficaram inscritos nos ventos de mudança do cinema norte-americano. Para descobrir ou rever ao longo deste mês num ciclo apresentado na Cinemateca Portuguesa.

Como realizador, acho que fui ótimo a encontrar os atores para as personagens dos meus filmes. Gosto de boas interpretações, consigo perceber logo quando um ator é bom ou mau em determinado papel

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Não parece ter 96 anos. Qual é o seu segredo?
Água, exercício… estou a brincar, não sei, nunca penso nisso.

Se calhar o truque é mesmo esse, não pensar. Era um fotógrafo em ascensão quando, aos 40, decidiu fazer filmes. O que o levou para aí?
Tornei-me fotógrafo aos 27 anos e um dia a Esquire convidou-me para fotografar uma atriz em ascensão, a Faye Dunaway. Ela estava a fazer um primeiro filme [“O Incerto Amanhã”, de 1967], tirámos umas fotografias e eles gostaram. Quando ela voltou a Nova Iorque, o agente ligou-me para tirarmos mais fotografias. Foi aí que ficámos amigos. Na altura eu não queria fazer um filme.

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Como é que “Tempo de Viver” surgiu?
Uma amiga [Anne Saint Marie], que era uma das maiores modelos daquela época, começou a falar-me da vida dela. E quanto mais ouvia certas histórias, mais vontade tinha de fazer um filme.

Que histórias?
Da infância dela na Califórnia. Não se achava muito bonita. Não me lembro como é que ela começou a carreira de modelo, mas era muito bonita, elegante e movia-se lindamente em frente da câmara. Era um prazer ouvi-la… ela era doida por gatos, falava de gatos, tinha sempre um ao colo. Eu era também amigo do marido, ele também era fotógrafo.

"Disse-lhes que o Pacino seria incrível para o papel. O estúdio não estava muito convencido, queriam alguém mais novo. Diziam que o Pacino era muito velho para o papel. Vimos muitos atores, alguns eram bons, outros maus, alguns irrelevantes. A última tentativa foi feita com o De Niro. Ele era muito bom, mas não era a personagem."

Quando é que percebeu que Faye Dunaway seria ideal para o papel e para o primeiro filme?
Estava sempre a falar-lhe da Anne. Um dia gravei a Anne a conversar, sobre a infância, a escola, essas coisas. Ela era muito divertida a falar sobre as coisas dela. Gravei duas horas e um dia mostrei a conversa à Faye e perguntei-lhe se ela queria interpretar uma personagem à volta dela. Nunca pensei que fosse aceitar, porque eu nunca tinha realizado nada. Na altura tínhamos o mesmo agente e começámos a falar. Tivemos dois argumentistas, o primeiro era um francês, que não era mau, mas era mesmo difícil de trabalhar. Sempre que eu trazia uma ideia, ele ficava furioso comigo. O segundo… enfim, não era muito bom. Um dia, estou na Califórnia, num elevador, e alguém reconhece-me de Nova Iorque. Perguntou-me o que andava a fazer, disse que estava a tentar fazer um filme e que procurava alguém para escrever o argumento. Ele gostou da ideia e tinha um argumento para mim. Seria para a Paramount e, na altura, eles queriam fazer um filme parecido com o “Blow Up” [de Michelangelo Antonioni], um fotógrafo e uma modelo, mas eu não queria fazer isso…

Mais um contratempo…
Sim, até que o meu agente conseguiu um acordo para a Joanne Woodward e o Paul Newman com a Universal: cada vez que eles fizessem um filme para o estúdio, poderiam produzir um outro filme. Dei-lhes o argumento que tinha na altura, eles gostaram. A Joanne viveu, em tempos, com alguém que tinha tido uma experiência semelhante à da Anne. Foi assim que começámos…

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Jerry Schatzberg e Faye Dunaway durante a rodagem de "Tempo de Viver"

Corbis via Getty Images

Um dos primeiros papéis de Al Pacino no cinema acontece em “Pânico em Needle Park”, o seu segundo filme. O que viu nele?
Fui vê-lo numa peça chamada “The Indian Wants the Bronx”. Ele interpretava uma personagem muito forte, mesmo muito forte. Fui ao camarim e ele parecia um miúdo, era totalmente diferente. Vinha do Bronx, eu também, mas crescemos em partes diferentes, ele vinha de uma zona mais pobre, eu era mais classe média. Mas o Bronx é o Bronx, fazemos todos parte dele.

Porque foi falar com ele ao camarim?
O meu agente queria contratá-lo. E pediu-me para o ir ver. Ele foi muito amável, aberto, totalmente diferente daquilo que eu tinha acabado de ver. Gostei muito disso. Quando falei com o meu agente, ele disse-me que tinha um bom argumento para ele e para mim, o “Pânico em Needle Park”. E eu disse-lhe “acho que recusei esse argumento”.

Como assim, já o tinha lido?
Sim, eu era amigo da Joan Didion e do John Gregory [Dunne] e eles enviaram-me o argumento depois de ver “Tempo de Viver”. Mas na altura eu estava muito chateado, porque tinham alterado o meu filme, o laboratório estragou seis minutos. Isso chateou-me imenso. Não sabia se queria continuar a fazer filmes, descartei o argumento.

"Nesta indústria é preciso estar preparado para alguém ficar com o papel que queremos. E pode ser sempre alguém  que conhecemos… [...] Sorte é essencial nesta indústria. Podia passar horas a pensar nas vezes que tive sorte em diferentes momentos. Se eu não estivesse lá, não tinha acontecido."

E voltou a ele mais tarde…
Sim, porque o meu agente disse-me que o Al estava interessado. Então reli. E ao reler, percebi que ele era aquela personagem. Liguei ao Joan e ao John a pedir desculpa e eles aceitaram, começámos de novo. E disse-lhes que o Pacino seria incrível para o papel. O estúdio não estava muito convencido, queriam alguém mais novo. Diziam que o Pacino era muito velho para o papel. Vimos muitos atores, alguns eram bons, outros maus, alguns irrelevantes. A última tentativa foi feita com o De Niro. Ele era muito bom, mas não era a personagem. Conseguia interpretá-la, mas não era ele, tive de recusá-lo, só voltámos a falar 40 anos depois. O Al era a personagem, o meu instinto estava virado para ele. Por isso, disse ao estúdio que tinha de ser o Al Pacino.

Foi então um dos responsáveis pelo começo da velha batalha sobre quem é melhor, Al Pacino ou Robert De Niro.
Eles já se conheciam, mesmo no início de carreira. Entretanto já fizeram filmes juntos. Nesta indústria é preciso estar preparado para alguém ficar com o papel que queremos. E pode ser sempre alguém  que conhecemos…

Ficaram amigos?
Um dia estava a olhar para a montra de uma loja, não sabia que ele estava atrás de mim, e disse-me: “eu queria mesmo aquele papel”. Virei-me, vejo-o e fiquei sem voz. Mas tive de lhe dizer a verdade. Ele olhou para mim, virou-se e foi-se embora. Por vezes, encontrávamo-nos em eventos, visionamentos, e acenávamos, porque nos conhecíamos, mas não falávamos. Até que um dia, estávamos numa cerimónia e o Morgan Freeman ia receber um prémio. Tanto eu como ele íamos discursar… O De Niro foi o último a ir ao palco e, no caminho, passa por mim, pára, volta atrás e diz: “Olá Jerry, é a primeira vez que falamos em 40 anos”. Agora quando nos encontramos, está tudo bem. Bom, as coisas correram-lhe bem, mesmo sem aquele papel.

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Kitty Winn como Helen e Al Pacino como Bobby, no filme "Pânico em Needle Park"

FilmPublicityArchive/United Arch

Parece muitas vezes estar no lugar certo à hora certa…
Sorte é essencial nesta indústria. Podia passar horas a pensar nas vezes que tive sorte em diferentes momentos. Se eu não estivesse lá, não tinha acontecido.

Mas também é muito bom a encontrar os seus atores.
Como realizador, acho que fui ótimo a encontrar os atores para as personagens dos meus filmes. Gosto de boas interpretações, consigo perceber logo quando um ator é bom ou mau em determinado papel. Muitas vezes isso é imediato. Se vejo algo que gosto, quero usar.

A fotografia ajudou-o a ter essa perceção?
Sim, porque estou sempre a olhar. Ambos são meios visuais, que falam através das imagens. Por exemplo, essa imagem atrás de si [refere-se a uma fotografia de Lauren Bacall em “Ter Ou Não Ter], ela diz tanto com aquele olhar. Não consigo parar de olhar para essa imagem.

Tanto o “Pânico em Needle Park” como “O Espantalho” retratam o falhanço de um sonho americano…
Não para toda a gente. Acho que o sonho falhou várias vezes ao longo dos tempos. Mas também produziu coisas fantásticas.

"Não fazia parte do grupo do Scorsese… a certa altura o Scorsese tinha uma sala ao lado da minha, quando eu estava a montar um filme. Ele nunca falava comigo, por isso, nunca falei com ele. Nunca falámos, não sou amigo dele. Fotografei o Coppola e outros, mas nunca simpatizei com ele. Ele faz a coisa dele e gosta de estar assim."

Mas interessava-lhe filmar esse falhanço, naquele momento, ainda durante a Guerra do Vietname?
Não me interessava muito essa forma de pensar. Até porque a minha carreira, enquanto fotógrafo, estava em ascensão. Estava a ficar mais conhecido, a ter melhores trabalhos. Por isso, não tinha isso como um problema. Comecei a tirar fotografias porque alguém sugeriu que comprasse uma câmara. Assim o fiz e comecei a tirar fotografias. Gostava do que fazia.

Porque é que não se viu como parte daquela nova geração de Hollywood?
Nunca fiz parte. Por vezes o meu nome surgia referenciado. Mas eu só queria ser um fotógrafo de sucesso, era isso que me interessava. Não fazia parte do grupo do Scorsese… a certa altura o Scorsese tinha uma sala ao lado da minha, quando eu estava a montar um filme. Ele nunca falava comigo, por isso, nunca falei com ele. Nunca falámos, não sou amigo dele. Fotografei o Coppola e outros, mas nunca simpatizei com ele. Ele faz a coisa dele e gosta de estar assim.

Não tem intenções de alguma vez ser amigo dele?
Já é demasiado tarde para ele [risos].

Porque parou de fazer filmes?
Depois de fazer o “O Amigo Reencontrado” [1989], que é um filme de que gosto muito, comecei a vender mais fotografias e a expor mais. Se fizesse um filme, queria que fosse melhor do que o anterior. Se não acontecesse, não estava interessado, porque não filmava para fazer dinheiro. Se tivesse uma ideia para um filme melhor, ou pelo menos igual, teria feito. Há uns tempos quis fazer uma sequela de “O Espantalho”, mas o Gene Hackman está doente e retirou-se. Dei o argumento ao Pacino, ele adorou, mas só faria o filme se o Hackman entrasse.

"Sou muito feliz, tenho uma vida pacata em Nova Iorque. Por causa da pandemia não saio tanto, mas faço o que posso. Sempre que ando nas ruas, quero fotografar"

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Reparei que tem estado presente em algumas retrospetivas da sua obra. Como se sente com estas revisitações?
Sinto-me fantástico, isto dá-me a oportunidade de estar aqui a falar, por exemplo. Sou muito feliz, tenho uma vida pacata em Nova Iorque. Por causa da pandemia não saio tanto, mas faço o que posso. Sempre que ando nas ruas, quero fotografar. Por exemplo, agora quero fotografar aquela janela, adoro-a, as escadas por trás, a câmara lá em cima. Tirei algumas fotografias ontem. Estão a fazer um novo livro do Dylan, tem cerca de mil páginas. Não é um álbum de fotografias, mas tem algumas fotografias minhas lá dentro. E a capa, a capa é da minha autoria. O livro é impressionante, irá sair em outubro. A galeria com quem trabalho anda a falar com a editora para fazerem uma exposição sobre o Dylan, por isso andámos no meu arquivo à procura de fotografias antigas.

É amigo de Bob Dylan?
Não, não o vejo há anos. Mas sou amigo do agente dele.

Há várias capas de álbuns com fotografias suas…
Era amigo das pessoas da Atlantic, sempre que precisavam de alguém, chamavam-me.

E uma das mais famosas é a do Blonde On Blonde. Como é que conheceu Dylan?
Já conhecia a mulher dele, era modelo e tirei-lhe algumas fotografias. Mas não sabia que ela era casada com o Dylan. Um dia estava a fotografar um músico e estava lá um jornalista que não parava de falar do Dylan, de como o viu na noite anterior. E eu perguntei se ele conseguia arranjar forma de eu o fotografar. O Dylan não fazia ideia de quem eu era… bom, no dia seguinte essa modelo telefonou-me, tinha-a fotografado quatro ou cinco anos antes, e perguntou-me se queria fotografar o Bob Dylan. Disse que sim. E continuámos à conversa, ela não parava de falar de um “Bobbie”, falava imenso dele, de coisas dele. Às tantas perguntei-lhe como é que ela sabia tanto: “Casei com ele”. Mais uma vez, tive sorte. Ela apresentou-nos e fui ao sítio onde eles estavam a gravar. Ele mostrou-me o que tinha gravado nessa manhã, foi fantástico. Eles gravavam, paravam e ficavam a ouvir o que tinham gravado. Senti que tinha de o levar para o meu estúdio, se ele gostasse das minhas fotos, talvez conseguisse fotografá-lo. E uma vez aconteceu. Fui a muitos concertos dele, conheci muitos amigos, conheci a banda… posso dizer que o Bob foi um bom contacto.

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