“PS, o partido do swing.” A conclusão que surge nesta publicação que se tornou viral no Facebook tem por base dois alegados factos: a mulher do ministro das Finanças “tem como patrão” o ministro das Infraestruturas e a mulher deste último tem como patrão Fernando Medina. O Observador foi verificar cada um dos dados e verificou que o que é afirmado não está correto.
A publicação surge na semana em que suscitou polémica a mudança de funções de Laura Cravo, casada com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, dentro do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI) do Ministério das Finanças. Em março de 2022 passou a coordenadora de Departamento de Serviços Financeiros, mas sem que qualquer nomeação para o cargo fosse publicada em Diário da República, o que o Ministério tutelado por Fernando Medina justificou com o facto de não se tratar de uma função de “dirigente na Administração Pública”.
Laura Cravo trabalha no Ministério das Finanças, onde estava antes de Fernando Medina ter sido escolhido para a pasta — a ligação a este Ministério já tinha sido referida pelo Observador num artigo publicado quando o Governo criou um questionário de verificação interna de incompatibilidades. A 14 de abril, o Ministério emitiu uma nota com mais explicações sobre este assunto, incluindo que Laura Cravo não pretende a renovação do mandato para lá de 2023.
Quanto à mulher de Fernando Medina, atualmente não trabalha em nenhum organismo tutelado pelo Ministério das Infraestruturas de João Galamba. A advogada Stéphanie Sá da Silva é, desde setembro de 2022, sócia do escritório de advogados da DLA Piper ABBC, como especialista no setor da aviação e em direito societário. Meses antes, em março, deixou o cargo de diretora jurídica da TAP, no dia em que foi anunciado que o marido, Fernando Medina, integraria o Governo como ministro das Finanças.
A TAP tem tutela partilhada, entre Ministérios das Finanças e Infraestruturas, e a nota de saída de Stéphanie Silva cingiu-se a dar a saída como consumada, “por motivos que são públicos”, sem entrar em mais detalhes. O cargo do marido, como ministro das Finanças, esteve na base desta decisão. A mulher de Medina entrou para a TAP, como diretora jurídica, em 2018, tendo sido escolhida por David Neeleman, no tempo em que este era acionista da companhia — já tinha feito parte da equipa que o tinha assessorado durante anterior o processo de privatização (como advogada da PLMJ).
Medina já fez uma baixa. Mulher deixa de ser diretora jurídica da TAP
Conclusão
A mulher de João Galamba, Laura Cravo, estará até ao final deste ano a trabalhar num gabinete do Ministério das Finanças liderado por Fernando Medina, embora já lá estivesse antes de o ex-presidente da Câmara de Lisboa ter assumido a pasta. Já a mulher de Fernando Medina trabalhou na TAP, empresa pública tutelada pelos Ministérios das Infraestruturas e das Finanças, mas no tempo (2018) em que eram ministros dessas áreas Pedro Marques e Mário Centeno. Já trabalhava de perto com a companhia desde que estava na PLMJ, tendo assessorado David Neeleman durante o processo de privatização da companhia — foi ele que a levou para a TAP. Quando Medina entrou no Governo, Stéphanie Silva saiu da companhia e é atualmente sócia de uma sociedade de advogados. Não é verdade que a mulher de Medina trabalhe para o atual ministro das Infraestruturas. E a mulher de João Galamba já estava no Ministério das Finanças antes de Fernando Medina lá chegar.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.