Os rumores de que o Gmail deixaria de funcionar começaram a circular nas redes sociais no último mês. Foi a partilha de uma captura de ecrã que mostrava um email alegadamente enviado pela Google aos utilizadores que desencadeou os boatos relacionados com o fim do serviço.

No suposto email, partilhado por várias contas no Facebook, lê-se que a Google estava a contactar os utilizadores do Gmail porque tinha uma “atualização importante” a fazer: “O percurso do Gmail está a chegar ao fim. A 1 de agosto de 2024, o Gmail será oficialmente encerrado, marcando o fim do seu serviço. Isto significa que, a partir dessa data, o Gmail deixará de permitir o envio, a receção ou o armazenamento de emails.”

Com o alegado email já a circular, algumas contas começaram também a partilhar nas redes sociais uma captura de ecrã de uma notícia publicada em vários sites brasileiros, como o DOL, com o título “E agora? Google decide e começa a encerrar uso do Gmail”. Junto à imagem constavam algumas frases do artigo, que começava por dizer que, “nas últimas semanas, alguns utilizadores do Gmail receberam um email sobre um suposto encerramento do serviço”.

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Porém, nessas partilhas, em que a alegada decisão da Google era justificada com o “compromisso em fornecer soluções inovadoras e de alta qualidade” aos utilizadores, não consta uma frase do artigo em que o site DOL chega à conclusão de que a “mensagem é falsa e visa confundir os utilizadores do serviço”.

Não existe qualquer comunicado da Google que aponte para o fim do Gmail, nem foi enviado qualquer email sobre esse tema aos utilizadores. Quando os rumores começaram a circular, a gigante tecnológica partilhou uma mensagem na rede social X, de Elon Musk, para garantir que o “Gmail veio para ficar”. O Observador contactou a Google para pedir um comentário face às publicações que estão a circular no Facebook, mas foi apenas remetido para o post feito no antigo Twitter.

A confusão com um possível fim do Gmail poderá ter começado porque a Google descontinuou, em janeiro, o modo de visualização HTML básico desse serviço. Ou seja, os utilizadores deixaram de ter acesso à experiência mais simples da aplicação que, apesar de carecer de vários recursos, lhes permitia ler os emails em computadores mais velhos, em browsers mais antigos ou ainda com conexões de wi-fi mais lentas.

De acordo com o The Verge, o modo de visualização HTML básico não tinha corretor ortográfico, nem deixava adicionar ou importar contactos. Desde janeiro deste ano que todos os utilizadores passaram a ter que utilizar o modo de visualização “padrão”, mais moderno e completo, do Gmail.

Conclusão

A Google não enviou nenhum email aos utilizadores a anunciar o encerramento do Gmail, como tem sido partilhado nas redes sociais ao longo do último mês. Na rede social X, a tecnológica disse que o “Gmail veio para ficar”. Os rumores e a confusão a eles adjacente poderão ter começado devido ao fim de uma funcionalidade do serviço: o modo de visualização HTML básico. Na prática, trata-se apenas de uma alteração na forma de ver os emails, que não terá grandes implicações na experiência das pessoas.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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