Nas redes sociais circula um vídeo que mostra a agressão a uma transsexual por parte de várias pessoas. Entre elas estão alguns agressores, que parecem ser menores de idade, que espancam uma pessoa vestida com roupas de mulher. Nas imagens, os agressores dizem que a vítima é homossexual e por isso merece a agressão.

Este vídeo é acompanhado de uma legenda que descreve a vítima como sendo um cidadão brasileiro apoiante do PT de Lula da Silva e que teria sido alvo da agressão no Qatar.

Fazendo uma pesquisa na internet, é possível encontrar notícias desta agressão na imprensa marroquina. O Morocco World News noticiou a agressão a 13 de novembro. Cerca de uma semana antes do arranque do Mundial do Qatar. Também explica que tudo aconteceu em Tânger. Um adulto e três menores, com idades entre os 13 e os 24 anos foram detidos pela polícia por suspeitas de estarem envolvidos na agressão que aconteceu num local público a 12 de novembro.

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A imprensa local a que é possível aceder através da tradução para português acrescenta que o caso está a ser investigado pelas autoridades marroquinas, que lançaram uma operação para identificar e prender os suspeitos que aparecem nas imagens.

Na rede social Twitter, um jornalista marroquino faz o relato de todo este caso e acrescenta que a vítima, uma mulher transsexual, ficou em estado de choque. Depois de o vídeo ter começado a circular, a vítima foi expulsa do apartamento que alugava e passou a viver na rua. Já tinha sido vítima de uma outra agressão um mês antes.

O mesmo jornalista relata que o processo que opõe a vítima aos agressores iria começar a 29 de novembro. Não há por isso qualquer indício de que a vítima seja brasileira.

O Código Penal marroquino proíbe a homossexualidade. De acordo com o artigo 489º, qualquer pessoa que pratique atos obscenos ou anormais com um indivíduo do mesmo sexo será punido com pena de prisão entre seis meses e três anos e com uma coima.

Não é a primeira vez que o Observador verifica informações falsas que circulam a respeito do Mundial do Qatar, que terminou no último domingo, com a vitória da Argentina. Uma dessas verificações de factos, alegava-se que as autoridades do Qatar tinham divulgado um código de conduta que proibia a presença de pessoas LGBT no país; noutro caso, alegava-se que a exibição de uma bandeira LBGT resultaria numa pena de prisão de entre sete a 11 anos; e um terceiro artigo desmentia a alegação de que as autoridades qataris tinham espalhado cartazes anti-LGBT pelo país.

Conclusão

O vídeo que circula como mostrando uma agressão a uma transsexual no Qatar foi, na verdade, filmado em Tânger, Marrocos, antes do início do Campeonato do Mundo de Futebol. Além disso, não há qualquer informação que aponte para que a vítima seja brasileira.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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