O que é que uma marca de produção de automóveis alemã, uma empresa americana do setor alimentar e um gigante da moda de luxo online têm em comum? Pode parecer o início de uma anedota, mas a verdade é que todos eles souberam ver e reconhecer o enorme potencial de Portugal e desenvolveram ou expandiram operações digitais no nosso país. A Mercedes, a Tyson Foods e a Farfetch são apenas alguns dos exemplos de multinacionais que escolheram Portugal como destino para as suas equipas.

Em simultâneo, as cidades de Lisboa e Porto continuam a atrair nómadas digitais vindos dos quatro cantos do mundo. Estes perfis escolhem Portugal atraídos pelas condições que o país oferece, como uma população cosmopolita, 300 dias de sol, praias de areia branca e cidades ritmadas e repletas de cultura.

O portal Nomadlist.com posiciona Lisboa em segundo lugar, apenas atrás de Ko Pha Ngan na Tailândia, como melhor destino a nível mundial para nómadas digitais. Além da capital, Porto (5º), Madeira (8º) e Ericeira (20º) figuram também no top 20 desta lista. Se por um lado Portugal apanhou esta onda no momento certo e parece estar a aproveitá-la da melhor forma, por outro, os investidores estão também ávidos por investir neste mercado, que regista um enorme crescimento e mostra-se mais atrativo do que nunca.

O conceito de co-living nasceu como resultado de diversas mudanças sentidas a nível global na forma como vivemos e trabalhamos e foi impulsionado por uma comunidade que se move por experiências e tem cada vez menos interesse num modelo formal das 9h00 às 18h00.

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Surfar na Ericeira no verão e aproveitar os invernos para fazer yoga com vista para os arrozais de Bali parece ser o que verdadeiramente motiva esta geração enquanto a subida no escadote hierárquico da organização claramente perdeu valor.

O prisma pelo qual as novas gerações olham para o imobiliário mudou. É importante que todos nós tenhamos a capacidade de observar o setor de forma disruptiva e deixemos de olhar para o imobiliário como se fosse um dinossauro pré-histórico.

Os projetos de co-living destinados a estes nómadas digitais não podem ser um conjunto de paredes, portas e janelas. Para que tenham sucesso, estes projetos necessitam de refletir e considerar as necessidades e expectativas dos utilizadores finais. Flexibilidade, bem-estar e sentido de comunidade, que garantam a privacidade, mas, ao mesmo tempo, a integração dos utilizadores são as bases do sucesso de um espaço de co-living. Uma cobertura de internet forte tornou-se apenas um elemento básico e é o momento da ‘chegada a casa’ – assim que o nómada sai do Uber que o trouxe desde o aeroporto – que marca a sua primeira experiência numa nova cidade.

O mundo está a mudar e o imobiliário está a mudar com ele. Portugal, pelas suas diferentes cidades e regiões, reúne as condições perfeitas para captar todo o potencial do setor de co-living. Para isso, os projetos a desenvolver, bem como os seus promotores, deverão entender que o conceito de roof over your head está ultrapassado e obsoleto, e os imóveis terão que ser pensados à luz dos conceitos de ‘comunidade’ e ‘flexibilidade’.