«Proudhon tinha razão escrevendo: Deus é o mal. Laplace tanto ou mais tinha razão ainda, escrevendo também: a hipótese de Deus é inútil. Mas, acima de todos, a apóstrofe exacta, indispensável, urgente de realizar, vibrou-a Bakunine: “Deus! Mas é preciso suprimi-lo.”»

O autor destas palavras foi um dos chamados “vultos republicanos”, de seu nome Fernão Botto Machado. Quem folheie o Almanaque Republicano e dê com ele, de jaquetão e bigodes retorcidos, mais depressa dirá estar perante um galã da Vizinha do Lado, de André Brun, que de um ferrabrás do ateísmo. Mas engana-se.

Nascido em 1865, autodidacta (não fez exame da instrução primária), Botto Machado entrou para a Maçonaria em 1893, na Loja “Cavalheiros da Verdade” e circulou depois por outras Lojas com nomes igualmente ambiciosos em termos programáticos, como a “Renascença” e a “Razão Triunfante”. De resto, grande parte dos dirigentes republicanos de há 90 anos, quando proclamaram a Primeira República, pertencia à Maçonaria. Eram maçons os dois líderes desaparecidos nas vésperas da vitória, Cândido dos Reis e Miguel Bombarda; era maçon Machado Santos, o herói da Rotunda; eram maçons Bernardino Machado, Sebastião de Magalhães Lima, Afonso Costa e António José de Almeida. E todos tinham expressivos nomes de guerra – Afonso Costa, por exemplo, era “Platão”.

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