Não é preciso voltar a falar dos impactos desta pandemia na economia mundial. Não se justifica detalhar uma vez mais os enormes sacrifícios que foram sendo exigidos a muitos setores, como o do turismo, da restauração ou da cultura. Todos entenderam a urgência e a gravidade da situação. Todos se uniram no combate à propagação do vírus.

Foi por isso com particular entusiasmo que ouvimos o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo – cujo desempenho é de louvar – que “a primeira batalha está ganha” e que “isso é um grande alívio para todos”. Os Portugueses estiveram à altura de tudo o que lhes foi sendo pedido. Os números da vacinação, mesmo entre os jovens, falam por si. E isso já é mais que evidente na incidência do vírus e no índice de transmissão.

É por isso que não podemos atrasar mais a nova fase de desconfinamento. Algumas regiões do País já atingiram os 85% de vacinação completa e estamos a poucos dias de atingir essa meta para a totalidade do território. É urgente e inadiável abrir os últimos setores que permanecem com restrições, nomeadamente o da cultura.

Neste caso não falo apenas das pequenas salas e das iniciativas que reúnem menor número de pessoas. Falo dos grandes eventos. Aqueles que foram até 2019 um dos motores do turismo e mesmo da economia, atraindo milhares de visitantes estrangeiros a Portugal. Falo dos grandes festivais e dos grandes concertos, que não se viabilizam financeiramente com locações de 50% ou de 60% e cujo ADN obriga a assistências em pé e liberdade de circulação.

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Aliás, grande parte das bandas internacionais de renome não atua de outra forma. E muito do público deste tipo de eventos não quer o regresso dos grandes palcos sem a energia e envolvimento que os carateriza. E enquanto se continuar a adiar a abertura em pleno dos festivais e grandes concertos – agora que se permite outro tipo de iniciativas de grande concentração de pessoas – vai continuar-se a afundar ainda mais todo um setor já imensamente pressionado por esta longa crise.

Sejamos claros: esta não é uma reivindicação que acarrete novos riscos. Como já todos sabem, a entrada num festival ou grande concerto obedece a um conjunto de normas de segurança – desenhados ao abrigo de exigentes planos de contingência – que passam, entre outras, pela verificação do Certificado Digital Covid, teste PCR ou antigénio nas últimas 24h ou a realização no local de teste rápido nasal.

Por outro lado, os portugueses perceberam e responderam positivamente à necessidade de comportamentos responsáveis que não coloquem em risco a sua saúde e a dos outros. E, por isso, cumpriram e continuarão a cumprir as exigências, recomendações e procedimentos que lhes têm sido impostos. Mas atingida a meta que todos ambicionavam, e que nos garante uma generalizada imunidade e muito menor gravidade de infeções, é tempo de seguir em frente.

Esta é a hora da cultura. Não a atrasem. Nem mais um minuto.