O que está em causa nas eleições de 10 de março é se os portugueses renovam a confiança num bloco socialista estatista e estatizante ou se, pelo contrário, mudam de paradigma e optam por uma mudança que permita que o país aposte mais na sociedade civil, na economia e na iniciativa das pessoas.

O modelo que Portugal tem seguido é o da asfixia de impostos, que não permite a atração de investimento estrangeiro, impossibilitando assim a economia de prosperar e investir. Apesar do saque fiscal, os factos demonstram uma degradação, como nunca antes vista, na saúde, educação, justiça, habitação, transportes, etc.

Portugal, com o PS e a Geringonça, segue um modelo de impostos máximos e serviços públicos mínimos. Com o PS e os partidos da extrema-esquerda no poder, Portugal continuará sem um ímpeto reformista de que tanto precisa.

Como se tem visto, o PS não governa a pensar nas próximas gerações, mas sim nas próximas eleições. O modelo de políticas públicas seguido nos últimos oito anos não funciona, razão pela qual Portugal está prestes a ficar com a “lanterna vermelha” na mão, pois está a ser ultrapassado por todos os países europeus, mesmo os do seu campeonato, como os antigos países do bloco de Leste. Nunca, como no governo de Costa, se viu tanta corrupção e a captura do Estado por interesses privados e corporativos. Com o PS e Costa, o estado deu emprego a famílias inteiras, maridos, mulheres, irmãos, pais, filhos, primos e amigos, daí a proliferação de relações e negócios promíscuos entre governantes e os seus familiares. Instalou-se uma autêntica cultura de compadrio que veio a desaguar na operação “influencer”, processo de corrupção que atingiu a espinha dorsal do governo socialista, levando à demissão do Primeiro-Ministro.

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Esbanjaram-se milhares de milhões de euros em indemnizações, estudos, grupos de trabalho, gabinetes técnicos, grandes escritórios de advogados, etc. Nacionalizou-se para voltar a privatizar, tudo com avultados custos para os portugueses. As “aspirinas” da Europa vão colocando a economia e o país à tona. Portugal é um verdadeiro pedinte, pois anda de mão estendida para Bruxelas, mas esbulha até ao “tutano” os seus cidadãos, através de uma carga fiscal que tem batido todos os recordes. Portugal continua sem um desígnio nacional, sem ambição e sem rumo. Esta “navegação à vista” tem levado Portugal para a beira do abismo.

Em menos de dois anos, catorze governantes demitiram-se ou foram demitidos. Um deles foi precisamente Pedro Nuno Santos, um ministro falhado, que agora é candidato do PS a Primeiro-Ministro. Só mesmo em Portugal é que um governante é demitido por incompetência e surge como aspirante a Primeiro-Ministro. Ele que, como ministro, foi um dos piores, tutelava as infraestruturas, mas não fez nada de relevante, como na ferrovia e na Efacec. Na habitação, foi um desastre e na TAP foi o que se sabe, governava pelo Whatsapp. Tudo isto para além do triste e bizarro anúncio da localização do novo aeroporto de Lisboa, à margem do Primeiro-Ministro. Sabe-se agora que o vergonhoso dossier TAP teve um novo desenvolvimento, com um pedido de seis milhões de euros, por parte da ex-CEO da TAP.

O aspirante a Primeiro-Ministro do PS já anunciou que não hesitará em reeditar a Geringonça, ficando o PS refém da extrema-esquerda, que, como se sabe, tem uma agenda contra os interesses de Portugal, designadamente em política externa. Isso mesmo foi demonstrado nos debates ocorridos nos canais de televisão que, diga-se de passagem, não prestaram um grande serviço ao país, pois as suas redações (jornalistas, comentadores e analistas) são dominadas pela esquerda e extrema-esquerda. Foi patente que os comentários e avaliações foram, na sua esmagadora maioria, completamente parciais, atribuindo vitória a líderes políticos que foram completamente cilindrados pelo adversário. Veja-se o caso de uma pseudo-jornalista, de nome Ana Sá Lopes, que, depois de toda a gente assistir a uma vitória por KO de André Ventura sobre Rui Tavares, não hesitou em atribuir zero a Ventura e cinco a Rui Tavares. Nunca vi tanta hipocrisia, uma autêntica vergonha!

Para esses comentadores e pseudo-jornalistas, as medidas do PS, Bloco, PC e Livre não são demagógicas e despesistas, já as medidas de alguns partidos de direita são irrealistas e sem sustentabilidade económica.

Finalmente o PS acordou para a importância das contas certas (mais vale tarde do que nunca), só que o resultado é, como se dizia no tempo de Salazar, o país está bem, mas os portugueses estão mal. Com efeito, as políticas socialistas aumentaram a desigualdade e a pobreza, sendo que a sua taxa de risco é de 22%. Portugal tem cerca de dois milhões de pobres, o que equivale a um quinto da sua população. A taxa de risco de pobreza da população empregada é de 11%.

Um país (apesar dos milhares de milhões de euros recebidos da União Europeia) na situação em que Portugal se encontra, em que centenas de milhares de trabalhadores, mesmo empregados, são pobres; que não dá condições de acesso à saúde de forma digna; que não garante uma educação para todos, de forma mais ou menos igualitária; que não tem uma justiça célere e eficaz e que não garante a segurança para os seus cidadãos (casos recentes de violência em espetáculos desportivos e adiamento de jogos, por falta de policiamento), arrisca-se a ser, como a maioria dos países Africanos e Sul-Americanos, um estado falhado. Quem esteve os últimos oito anos no poder e dezoito dos últimos vinte e cinco anos, não tem legitimidade, nem autoridade para vir dizer que agora é que é. Só uma mudança estrutural de paradigma e de políticas podem acabar com este estado de coisas em que nos encontramos e a que, infelizmente, fomos empurrados.

Ainda sobre o rescaldo das eleições nos Açores

A diminuição da abstenção foi um facto muito positivo, numa altura em que os casos de corrupção na esfera política por todo o país são uma evidência. A vitória da coligação, ainda que sem maioria, demonstra uma aprovação do governo de Bolieiro e a rejeição de um governo de Vasco Cordeiro. No entanto, que não haja dúvidas, nem ilusões, se o PS conseguisse (apesar de derrotado) formar uma maioria à esquerda, tomaria o poder.

É pena que se tenha notado a influência e condicionamento dos diretórios nacionais dos partidos nas estruturas regionais, impedindo-os de tomar livremente as decisões que mais poderiam defender os interesses dos Açores. Mas espero que haja bom senso e que depois das eleições de 10 de março se chegue a um acordo de governo que dê garantias de estabilidade e que a legislatura possa durar quatro anos.