1 Mas porque é que não te calas se verdadeiramente não tens nada para dizer?

A ideia assaltou-me mais de uma vez ao assistir à mais surrealista de todas as aparições públicas da ministra da Saúde desde que vivemos esta crise – e não têm sido poucos os actos falhados de Marta Temido. Mas esta segunda-feira foi demais. “Não estou a dizer que no dia 4 teremos o pior cenário, estou a dizer que os cálculos vão até dia 4 de Novembro e que o dia 4 traz um cenário de grande complexidade”, disse a ministra. Ou seja, pelas contas dela, a 4 de Novembro – que é já para a semana – a capacidade de resposta do SNS pode estar esgotada ou em vias disso e ela não sabe o que fazer. Ou só sabe que “é necessário que cada um faça o que está ao seu alcance.” Ou seja, salve-se quem puder.

Depois de quase meia-hora a mostrar gráficos e a debitar números incompreensíveis em televisão – gráficos e números que os jornalistas pediam há semanas ao Ministério da Saúde e o Ministério sonegava sistematicamente –, a ministra conseguiu passar uma mensagem de aflição. Ou então de simples desnorte.

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