Depois de uma semana intensa em Lisboa, vi com os meus próprios olhos que Portugal tem todos os ingredientes para poder tornar-se um importante centro tecnológico, em parte devido à sua abundância de talento empreendedor.

Nos últimos dias conheci, em primeira mão, o exemplo de fundadores e empresas que estão a construir os seus negócios de Portugal para o Mundo. Exemplos como a Unbabel, Bizay, Sensei, Coverflex, Infraspeak, ou outros de maior dimensão como a Feedzai.

Acredito que a inovação pode emergir em qualquer parte, mas a dimensão do mercado português torna mais ampla a ambição das startups, que passam a pensar não apenas no mercado nacional mas internacional, desde o primeiro dia.

Por exemplo, a Estónia, país de apenas um milhão de habitantes, produziu a Wise, agora cotada em bolsa, com um valor de mercado de quase sete mil milhões de libras. Da mesma forma, outra empresa cotada com uma avaliação multimilionária, a Dlocal, foi fundada no Uruguai, um país de três milhões de habitantes. Acredito que os próximos produtos e serviços globais podem surgir em Portugal.

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Aquilo a que chamo “efeito multiplicador” descreve o impacto exponencial composto que um fundador tem em toda a economia empreendedora de uma região quando orienta, investe e inspira a próxima geração de empreendedores. À medida que o projeto empresarial cresce, gera empregos e riqueza, mas mais importante ainda é que, à medida que a rede principal se expande, também aumenta a sua influência. Os fundadores tornam-se mentores, investidores, modelos e até empreendedores em série, e constituem-se lugares de formação de outros.

A longo prazo, todo o ecossistema de empreendedorismo e inovação beneficia de um efeito acelerador proporcionado por estas empresas em acentuado crescimento de base tecnológica.

Um estudo recente produzido pela Endeavor conclui que metade dos fundadores de empresas consideradas unicórnio (avaliação de mais de 1.000 milhões de dólares) já trabalharam, previamente, numa startup. Considerando os sete unicórnios com ADN português existentes atualmente, quantos empreendedores nascerão dessa “multiplicação”?

Tal como foram ex-trabalhadores da espanhola Cabify que fundaram a principal empresa de entrega de mercearias do México e a principal plataforma de faturação fiscal da Europa, esperamos que a próxima geração de empreendedores em Portugal seja consciente deste efeito multiplicador e queira contribuir ativamente para as suas comunidades.

A minha experiência tem permitido aprender e partilhar lições importantes: colocar os empreendedores em primeiro lugar, crescer, seguir adiante e permanecer ágil. Com investimento e tempo da comunidade empresarial e de startups, em dez anos Portugal será um centro vibrante de inovação.

O objetivo base de um ecossistema empreendedor de sucesso é criar relações win-win com as principais partes interessadas do ecossistema, como investidores, aceleradoras, incubadoras, líderes empresariais e fundadores de sucesso.

Parece-me que Portugal está numa fase preliminar de algo grande. Com a ajuda de todos os agentes do ecossistema, a economia portuguesa poderá ser transformada através do empreendedorismo de alto impacto.