O ministro da Defesa Nacional, José Pedro Aguiar-Branco, criticou esta sexta-feira a irresponsabilidade dos que chamou de candidatos “messiânicos”, da oposição e próximos do Governo, que contribuem para criar instabilidade política, o que afeta o interesse nacional.

“Com o final do programa [de ajustamento] e, seguramente, por causa do êxito do mesmo, aparecem exponencialmente candidatos por tudo, quer nas áreas hoje da oposição, como nas mais próximas do poder, do Governo”, afirmou Aguiar-Branco, discursando na abertura de uma conferência promovida pela Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF), subordinada ao tema do pós-‘troika’.

O ministro adiantou que “existem uns [candidatos] mais assumidos, outros mais tímidos”, tendo sido necessário “acabar com êxito o programa de ajustamento, que o país estivesse melhor do que estava há três anos, acabar com o risco da bancarrota, inverter a trajetória recessiva em que se estava” para que estes se perfilassem.

“Aparentemente é hoje mais fácil ser popular do que foi durante estes últimos três anos e, por isso, a dimensão messiânica de protocandidatos aparece de forma mais evidente”, apontou, sem concretizar a quem se referia.

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O governante alertou que esta situação “é provocadora de instabilidade” e “tem um preço muito elevado, porque conduz a uma quebra na confiança, que tem tradução depois na dimensão da avaliação dos credores internacionais, na prática, nos juros a pagar na divida soberana”.

“Acho que isso é de grande ponderação em termos de responsabilidade”, vincou Aguiar Branco.

Segundo o ministro, “essa criação de cenários messiânicos, alguns eles até numa dimensão de aparente reclamação da cidade, da população que poderia estar a reclamar esses messias, é fator de instabilidade politica, tanto mais que na área do governo, quando aparece, não faz sentido”.

O responsável argumentou que “a coligação ultrapassou com grande sucesso a crise em que estava o país inserido”, tendo o primeiro-ministro já anunciado a sua candidatura nas próximas eleições legislativas visando criar um clima de estabilidade política.

“Portanto, pretender transferir a crise da oposição para a crise na coligação, nos sectores que sejam mais próximos, acho que é uma realidade que cria instabilidade política é contra o interesse nacional, é uma irresponsabilidade”, sustentou.

Aguiar-Branco sublinhou também que “cada um deve contribuir para o equilíbrio das contas públicas”.

“Também espero que o PS, se se reencontrar internamente, possa chegar ao mais largo consenso que o país também reclama”, observou.

Para o ministro “é importante que o PS pudesse chegar a uma base de entendimento orçamental com a maioria (…) independentemente do governo que estiver a conduzir o destino do país”.

“Tenho a certeza que essa era também uma expressão concreta do chamado do interesse e da defesa nacional”, concluiu Aguiar-Branco que destacou ainda a importância de uma “mudança de paradigma de Estado” e a necessidade de prosseguirem as reformas estruturais para Portugal transitar de uma situação de “emergência para a consolidação estrutural”.