O PSI20 estreia na segunda-feira a nova composição, com os analistas a destacarem a “surpresa” da entrada do Montepio, que vai compor o leque de cotadas do setor financeiro no principal índice da bolsa portuguesa.

“Na primeira revisão do ano [do PSI20], o que mais surpreende é entrada do Montepio, tendo até em conta as notícias mais recentes que vão surgindo do setor da banca”, afirmou à Lusa Pedro Oliveira, operador da sala de mercados da GoBulling, considerando que uma das motivações da Euronext poderá ser a de “compor um setor que tinha ficado fragilizado depois da saídas dos títulos do BES e do Banif”.

Também João Lampreia, do Banco BIG, disse ter ficado “surpreso” com a entrada do Montepio, “até porque tem sido muito falado, com as polémicas do ano passado”, e considerou que a vantagem é a de dar mais uma cotada a um setor que ficou depauperado na bolsa por “razões infelizes”.

Eduardo Silva, gestor da corretora XTB, considerou, no mesmo sentido, que “com a entrada do Montepio o setor bancário volta a ganhar peso depois das saídas do BES, ESFG [Espírito Santo Financial Group] e Banif”.

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Considerou mesmo que o facto de no Montepio não serem ações mas sim unidades de participação de um fundo que foram vendidas no âmbito da capitalização da instituição (ainda que tenham direito a remuneração) pode fazer com que “outros ativos [entrem em bolsa] desde que ofereçam um rendimento variável em função dos respetivos resultados”.

Além do Montepio, sobem ao PSI20 a Corticeira Amorim e a Sonae Capital, com os analistas a destacarem diferentes facetas destes títulos.

Enquanto Pedro Oliveira destaca que a liquidez da Sonae Capital é maior, já João Lampreia lembrou a elevada capitalização bolsista da Corticeira Amorim e a importância desta empresa, liderando mundialmente os produtos derivados de cortiça.

Apesar de entrarem três novas empresas no PSI20, vão sair a Impresa (dona da SIC e do Expresso) e a Teixeira Duarte, ficando o PSI20 com 18 cotadas, ainda abaixo das 20 que o deveriam compor.

Para Eduardo Silva, ainda que o PSI20 não tenha todas as cotadas que o nome indica “a situação não é pioneira nos índices de referência mundiais”, pelo que “a credibilidade do índice é total”.

Para João Lampreia, o PSI20 é reflexo do próprio mercado português ao ser “pequeno, periférico, pouco líquido” e com a maior parte do índice assente nos ‘pesos pesados’, EDP, Galp e Jerónimo Martins, cuja parte significativa das receitas é conseguida no exterior.

Desde que foi anunciada a descida de ‘divisão’ das empresas Impresa e Teixeira Duarte que os seus títulos têm sido muito penalizados.

Na sexta-feira, último dia de negociação no PSI20, a Teixeira Duarte caiu 25,17% para 0,22 euros por ação e a Impresa 6,75% para 0,359 euros.

Em contrapartida, as outras três empresas que vão passar ao principal índice da bolsa portuguesa têm registado crescimento de valor.

As unidades de participação do Montepio subiram 12,74% para 0,655 euros, a Corticeira Amorim 9,33% para 6,986 euros e a Sonae Capital 3,85% para 0,621 euros.

O Montepio estreia-se no principal índice da bolsa depois de a Associação Mutualista Montepio Geral ter apresentado prejuízos de 393,1 milhões de euros no ano passado.

Também a Caixa Económica Montepio Geral — o banco — divulgou resultados negativos em 2015, neste caso de 243,4 milhões de euros.