O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, anunciou esta sexta-feira que está a ser feito “um estudo aprofundado” das câmaras que têm uma “atitude mais amiga” de apoio às empresas, de que é exemplo a de Viseu.

“O que vamos fazer não é um ranking”, mas “um guia de boas práticas” que destaque as autarquias “que estão mais à frente nesse processo”, explicou o ministro, durante o encerramento da conferência “Viseu Económico”, organizada pelo Conselho Empresarial da Região de Viseu, em parceria com o Jornal do Centro.

Manuel Caldeira Cabral saudou a “atitude diferente” que tem a Câmara de Viseu de, ao invés de receber os papéis dos empresários, “receber os empresários e fazer com eles os processos”.

Segundo o governante, ao longo do país estão identificadas práticas como o uso de instrumentos de incentivos fiscais, a criação de gabinetes do investidor ou a procura internacional de investidores.

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“O que queremos fazer é identificar estas boas práticas e fazer uma troca de informação para que os autarcas que já estão a fazer A, B e C, mas não estão a fazer D, possam pensar ‘porque não?'”, frisou.

Outra intenção é que “a discussão pública ao nível de cada autarquia seja cada vez mais para exigir aos autarcas e ao Governo que façam mais pelas empresas”, acrescentou.

Em Viseu, onde existe um Gabinete do Investidor, tem sido aplicada uma política fiscal amiga de quem investe e emprega e tem havido um acompanhamento de proximidade aos empresários, explicou o presidente da autarquia, Almeida Henriques.

Desde que tomou posse, no âmbito do programa Viseu Invest foram assinados 20 contratos de investimento, frisou.

O antigo secretário de Estado da Economia fez votos para que o Portugal 2020 seja “um instrumento que ajude a consolidar estas políticas” e considerou que a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) “não pode persistir em canalizar todo o investimento para o litoral”.

“A AICEP está demasiado centralizada e não está a olhar para o território. E tem que olhar, porque é isso que pode marcar a diferença e fazer com que as pessoas regressem”, sublinhou.

O autarca contou que já nem convida a AICEP para a captação de investimento, justificando: “sou mais eficaz quando estou sozinho”.

Aludindo ao contrato assinado recentemente com a IBM para a instalação em Viseu de um centro de competências que cria 120 postos de trabalho, Almeida Henriques mostrou-se convencido de que o desfecho teria sido outro se a AICEP tivesse sido envolvida.

“Se eu tivesse dito à AICEP que estaria a negociar provavelmente não tinha vindo para Viseu, porque o mais natural era que alguém soubesse que isto estava a ser negociado e quando desse conta iria parar ao eixo tradicional de investimento”, acrescentou.

Manuel Caldeira Cabral disse que o Governo pretende que o IPAMEI e a AICEP “sejam instituições facilitadoras que cheguem a todas as empresas”.

“É preciso ter uma porta aberta junto dos empresários, onde os empresários possam entrar e essa porta pode estar e deve estar no terreno, pode estar e deve estar também na Internet”, considerou.