Um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu uma aplicação que permite prever, com exatidão, as marés da Ria de Aveiro, e ajudar os pescadores, agentes de passeios turísticos e todos os que navegam naqueles canais. A HidroRia vai, de acordo com um comunicado enviado pela universidade às redações, “permitir evitar os frequentes encalhamentos das embarcações” devido à amplitude de maré e à acumulação de detritos no fundo dos canais, fornecendo informação essencial para a navegação.

Os investigadores, do Núcleo de Modelação Estuarina e Costeira do Departamento de Física, e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, destacam que os utilizadores da Ria de Aveiro “enfrentam enormes dificuldades de navegação através dos vários canais da ria”.

João Miguel Dias, diretor do Departamento de Física da UA e responsável pelo projeto, explica que “devido ao aumento da amplitude de maré na Ria ao longo das últimas décadas e ao assoreamento (acumulação de detritos) localizado em alguns canais, o reduzido nível de água em diversos locais apenas permite a navegação durante períodos restritos do ciclo de maré”.

Por isso, sublinha o investigador, “é fundamental ter um conhecimento rigoroso das previsões de preia-mar e baixa-mar nos principais portos, para que seja possível aos navegadores planearem as suas deslocações em segurança”.

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Os investigadores João Miguel Dias, Hugo Silva, Carina Lopes, Ana Picado e Renato Mendes, responsáveis pelo projeto da HidroRia.

Os investigadores João Miguel Dias, Hugo Silva, Carina Lopes, Ana Picado e Renato Mendes, responsáveis pelo projeto da HidroRia. (Imagem: Universidade de Aveiro)

É a este problema que a HidroRia vem dar resposta. A aplicação utiliza registos de “diversas estações de amostragem permanente distribuídas pelos canais” para fornecer aos navegadores informações sobre as marés e sobre o nível da água nos principais canais da ria.

A ideia dos investigadores é estender a aplicação a todos os portos de recreio e piscatórios da Ria de Aveiro, utilizando “previsões numéricas efetuadas a partir dos modelos hidrodinâmicos desenvolvidos” pelo núcleo, explica João Miguel Dias.

A aplicação funciona sem acesso à internet, sublinha o investigador, explicando que “após a instalação, a aplicação efetua a previsão da maré de forma completamente autónoma, o que é da maior relevância quando se navega ao longo de canais da Ria de Aveiro, onde por vezes é difícil o acesso às redes móveis”.

O grupo de investigadores foi ainda auxiliado por um estudante do mestrado em Engenharia de Computadores e Telemática da universidade, que se encarregou da programação e desenvolvimento da aplicação.