António Domingues, o presidente demissionário da Caixa Geral de Depósitos (CGD), escreveu uma carta aos trabalhadores do banco público onde lembra os resultados conseguidos pela administração no curto período em que esteve em funções, nomeadamente a capitalização e o plano estratégico desenhado para a Caixa, e onde explica que a derrapagem no início da capitalização para a primeira semana de 2017 foi uma decisão da exclusiva responsabilidade do acionista Estado e do Governo socialista.

Na carta, inicialmente divulgada pelo Jornal de Negócios e a que o Observador teve acesso, pode ler-se o elogio de António Domingues à equipa que dirigiu o banco público nos últimos quatro meses.

“O plano de capitalização da CGD e o Plano Estratégico, construído pelas equipas da CGD, apresentado e negociado com o acionista e com as autoridades europeias, são os produtos visíveis de um programa de trabalho muito intenso que nos ocupou nos últimos meses, com vista a criar as condições para o crescimento sustentado da Caixa Geral de Depósitos”, escreveu António Domingues.

Domingues, que está de saída da administração da Caixa depois da polémica criada em torno da recusa na entrega das declarações de rendimentos junto do Tribunal Constitucional, garante ainda que “os objetivos, a capitalização da empresa fora das ajudas de Estado, e com os prazos definidos” foram cumpridos com sucesso junto do Banco Central Europeu.

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O presidente demissionário, no entanto, reserva ainda uma explicação para a alteração de prazos no processo de recapitalização do banco público — nos planos iniciais, a injeção de capital na Caixa deveria ter acontecido até ao final do ano, mas o processo acabou por ser adiado para o início de janeiro, como explicava aqui o Observador. António Domingues lembra, a propósito, que a decisão foi do Ministério das Finanças, representante do Estado na CGD. “O calendário final da capitalização resulta de decisão acionista”, sublinha.

António Domingues termina a carta lembrando a “experiência extraordinariamente rica” que teve à frente do banco. “[Foi possível] manter a confiança dos clientes e realizar a maior parte dos objetivos definidos num período particularmente difícil”, elogia.

O ex-administrador do BPI vai ser substituído por Paulo Macedo à frente da Caixa, mas não sem antes responder perante os deputados na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, a 4 de janeiro.