Os centrais do FC Porto tiveram cabeça. Danilo e o petiz Rui Pedro também. Casillas e Layún não. Somadas as cabeças, salvo seja, somam-se igualmente os golos no Dragão: quatro para o FC Porto, dois para o Rio Ave.

Logo aos 17′, o primeiro remate, ou melhor, cabeceamento que há para contar. Até então, jogava-se pouco e a passo. De um livre à esquerda e ainda distante da área, Rúben Ribeiro cruzou longo para o segundo poste, a jogada era de “laboratório”, Tarantini amorteceu a bola para a zona da pequena área e Roderick cabecearia à vontade, mas para lá da barra. Um minuto depois, tudo igual, mudam-se apenas as camisolas e a área. Mas a diferença, essa, mais do que na cor ou na geografia do relvado, esteve na eficácia. À direita, chegou-se à frente para bater o livre a canhota de Alex Telles, bateu-o longo e em arco, para o poste mais distante, Felipe foi veloz e escapou à marcação de Marcelo, antecipou-se à saída de Cássio da baliza e cabeceou na pequena área para o 1-0. Sim, foi veloz, mas Felipe beneficiaria também de estar adiantado em relação à defesa do Rio Ave no momento em que Telles bateu o livre.

Plim! Logo a seguir, aos 22′, quaaase o FC Porto se adiantava mais ainda no placard. O som que se escutou foi do estremecer da barra, seguido de um brrruaaaaa vindo das bancadas à pinha. Corona estava a meio-campo, bem ao centro, mas enfiado numa “cabine telefónica” com Felipe Augusto. Rodopiou, livrou-se dele, acelerou pelo centro na direção da área, viu Jota a escapar-se nas costas de Roderick e foi lá que colocou a bola, num passe “a rasgar”. Frente a frente com Cássio, Jota rematou de pé esquerdo e acertou onde não quereria de todo acertar.

O Rio Ave estava “nas cordas”. Mas empataria antes do intervalo. E Casillas fica muito mal na fotografia aos 35′. Contudo, parte do mérito do golo é de Gil Dias. Este fez um lançamento lateral à esquerda, fê-lo rapidamente, tabelou com Rúben Ribeiro, recebeu a bola de volta e correu pelo flanco fora, quase até à linha de fundo, aguentou a pressão de Layún e de Herrera, até que, por fim, cruzou. O cruzamento, esse, saiu-lhe mal. Enrolado. Queria colocar a bola em Guedes, que se desmarcava nas costas de Marcano, mas não conseguiu. No entanto, de tão enrolado e mau que o cruzamento foi, quase deu em golo, saiu na direção da baliza, e obrigou Casillas a correu até ao poste direito para evitar que a bola entrasse. O problema de Cassilas não foi evitar que a bola entrasse; o problema foi que, ao evitar, desviou a bola para a frente, onde estava Guedes, prontinho para encostar para dentro da baliza.

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Logo no recomeço, aos 48′, Jorge Sousa apitou penalty. E foi. A cabeça que faltou a Casillas, faltaria também a Layún. Gil Dias, sempre ele, ia driblando, driblando, um portista atrás do outro, entrou na área pela esquina, ninguém lhe conseguia roubar a bola — que lhe parecia colada à canhota como que por íman –, até que o lateral mexicano do FC Porto, descontente com tanta ousadia de Dias, derrubou-o (imprudentemente) e pôs fim à “brincadeira”. Na marcação, o central Roderick, com a serenidade de um monge tibetano, deixou Casillas cair para a esquerda e, depois, remataria forte e colocado para a direita. O Rio Ave virava o resultado.

Mas foi sol de pouca dura a vantagem dos visitantes . O golo de Marcano aos 55′ é tirado a papel químico do de Felipe na primeira parte. E até se pode contar com as palavras todas repetidas e pela mesma ordem. Alteremos só o nome ao cabeceador: “À direita, chegou-se à frente para bater o livre a canhota de Alex Telles, bateu-o longo e em arco, para o poste mais distante, Marcano foi veloz e escapou à marcação de Marcelo, antecipou-se à saída de Cássio da baliza e cabeceou na pequena área.” 2-2 no Dragão. Sem fora-de-jogo desta vez.

Se cabeça teve Felipe, primeiro, e Marcano depois, cabeça teria igualmente Danilo. E voltou a ser Alex Telles quem assistiu para o golo portista. O lateral bateu um canto à direita, bateu-o tenso para o primeiro poste, Danilo saltou, Vilas Boas não, e tão forte (de cima para baixo) foi o cabeceamento do médio, que Cássio só tocaria na bola de raspão. Estávamos com 62′ e o FC Porto (que cedo se chegou à frente no resultado, mas que se deixaria empatar e sofreria mesmo o 2-1) voltava a tomar às rédeas à vitória. Uma vitória que se confirmaria, uma vez mais num cabeceamento, aos 88′. André Silva conduziu a bola até à esquina da área, deixou-a em João Teixeira mais à esquerda, João driblou Eliseu, driblaria Gil Dias, cruzando a seguir para o poste mais distante. Sozinho, Rui Pedro cabeceou para o quarto golo.

Contas feitas, o FC Porto não desaproveitou o facto de jogar primeiro do que o Benfica e colocou pressão no líder, que está a somente um ponto.