A coligação internacional liderada pelos Estados Unidos está a investigar a morte de cerca de 200 civis em Mossul, no Iraque, ocorrida alegadamente durante bombardeamentos norte-americanos para recuperar a cidade, informa o jornal The New York Times.

O coronel da Força Aérea John Thomas, porta-voz do Comando Central, reconheceu ao jornal que o caso “captou atenção ao mais alto nível” e disse que a coligação está a investigar se as mortes foram provocadas diretamente por um bombardeamento ou se foi uma armadilha preparada pelos extremistas. “É uma pergunta complexa e temos pessoas a trabalhar sem parar para o descobrir”, acrescentou.

As autoridades iraquianas reconheceram que as mortes ocorreram durante bombardeamentos da coligação que tinham como alvo ‘snipers’ extremistas localizados nos telhados de três casas no bairro de Jidideh, em Mossul. Segundo esta versão, os sótãos dessas casas estavam repletos de civis, uma informação desconhecida no momento em que foi ordenada a operação.

Depois do bombardeamento, fomos surpreendidos com vítimas civis. Acreditamos que era uma armadilha do Estado Islâmico para travar os bombardeamentos e pôr a opinião pública contra nós”, disse ao New York Times o general Maan al-Saadi, comandante das forças especiais iraquianas.

O diretor da Defesa Civil da zona, Mohamed al Yauari, disse na quinta-feira à agência Efe que entre os pelo menos 136 cadáveres encontrados debaixo dos escombros estavam mulheres e crianças. Se confirmado, a operação militar norte-americana em Mossul seria aquela com mais baixas civis desde 2003, quando começou a invasão do Iraque, de acordo com o jornal. Esta terça-feira, o gabinete dos Direitos Humanos da ONU e da Missão de Assistência da ONU no Iraque divulgou um comunicado que apontava para pelo menos 307 pessoas mortas entre 17 de fevereiro e 22 de março.

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Mais de 300 civis mortos no espaço de um mês em Mossul

Fontes militares iraquianas citadas pelo New York Times reconheceram que desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca tornou-se “muito mais fácil” para os Estados Unidos autorizarem bombardeamentos como o de Mossul, já que antes muitos pedidos eram negados.

A aviação iraquiana e a da coligação internacional realizaram um elevado número de bombardeamentos durante esta fase da ofensiva nas zonas do oeste de Mossul, de modo a abrir caminho às tropas terrestres na cidade, que chegou a ser o principal reduto do Estado Islâmico no Iraque.