A língua oficial é o inglês mas toda a gente fala francês, com uma mistura de crioulo. O país é uma república africana mas a maioria da população é hindu. Aterrar nas Maurícias é estar preparado para encontrar uma ilha tropical de praias paradisíacas mas também um caldeirão de culturas com mais intervenientes do que as especiarias usadas no picante caril local.

Como em muitos casos, a geografia não explica tudo, é preciso ir buscar a história para o mais improvável fazer sentido. E as Maurícias são o resultado de uma erupção vulcânica, há mais de oito milhões de anos, e de uma série de colonizações para tornar habitado o que começou por ser um rochedo no meio do Oceano Índico.

Parte do arquipélago das Mascarenhas, juntamente com as ilhas Reunião e Rodrigues, e a pouco mais de mil quilómetros de Madagáscar, as Maurícias foram na verdade descobertas por portugueses, em 1505, mas do legado luso ficou apenas o primeiro mapa da ilha (e dos ilhéus circundantes, cerca de uma dezena). Hoje são os turistas que acorrem às praias de areia branca e mar cristalino onde a temperatura da água chega aos 28 graus — cerca de um milhão por ano, sobretudo da Europa — mas os primeiros colonizadores foram os holandeses, e não encontraram um cenário nada paradisíaco.

A ilha das Maurícias é de origem vulcânica e está rodeada por uma enorme barreira de cristais, o que ajuda a manter os famosos tubarões do Índico ao largo. © Olga Khoroshunova

Os holandeses chegaram em 1598 e batizaram a ilha com o nome do seu príncipe Maurice de Nassau (1567-1625). Nessa altura os únicos habitantes da ilha eram os dodos, pássaros originários das Maurícias que apesar de extintos são o símbolo da ilha e estão retratados por todo o lado. Comparados a enormes pombos pré-históricos e com asas que atrofiaram e não sabiam voar, por não terem predadores, os dodos não duraram muito e o mesmo se pode dizer dos holandeses: depois de ataques de piratas, de epidemias, de ciclones, de períodos de seca e até de invasões de ratazanas e de grilos, acabaram por abandonar a ilha em 1710, dando lugar aos franceses, que por sua vez foram destronados pelos ingleses, em 1810, até à independência das Maurícias, declarada em 1968.

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“Fomos uma colónia inglesa durante 158 anos mas a cultura francesa está muito mais implementada”, diz Raymond Duvergé, da cadeia de hotéis locais Attitude, tentando explicar porque é que a língua oficial é uma e a língua falada outra. “Tirando o facto de guiarmos à esquerda e os polícias estarem vestidos de azul, não há muito mais. O principal canal de televisão é em francês e os principais jornais também.” Em Curepipe é até possível ver reproduções da Torre Eiffel nos jardins das casas.

O dodo seria assim antes de desaparecer. Pensa-se que cada fêmea punha apenas um ovo por ano e que os ninhos eram feitos no chão, o que ajudou à extinção. © Getty Images/iStockphoto

Com uma superfície total de dois mil quilómetros quadrados — cerca de 80% da dimensão do Luxemburgo, um dos países mais pequenos da Europa — as Maurícias são facilmente percorridas de uma ponta à outra mas escondem uma riqueza cultural muito maior do que o seu tamanho. Há quatro grandes religiões na ilha: hindu, muçulmana, cristã e budista, resultado das colonizações e da imigração que acorreu à ilha quando foi preciso trabalhar na indústria da cana do açúcar, e é possível ver igrejas ao lado de mesquistas e templos Tamil, sobretudo na capital, Port Louis, localizada no Norte.

O Norte concentra também a maior parte dos hotéis, por causa das praias, e por ser aí que fica Grand Baie, a zona mais movimentada e turística da ilha, com casino, vida noturna, restaurantes e lojas. O Sul é mais verde e morada privilegiada dos parques naturais onde é possível passear no meio de tartarugas gigantes, e até tocar-lhes. Ambas as zonas são de clima tropical e uma das primeiras coisas a aprender é nunca confiar na previsão meteorológica do telemóvel — o mais provável é que haja sol e chuva nas mesmas 24 horas. Uma coisa é certa: mesmo no inverno (estação que vai de final de maio a final de outubro), as temperaturas nunca baixam dos 15 graus. E o roteiro que se segue é apenas uma abordagem possível a uma ilha onde cabem os continentes quase todos.

Norte

L’ Aventure du Sucre

Costuma dizer-se que a vingança é doce, mas no caso das Maurícias é mesmo a história da ilha. Durante mais de 200 anos o açúcar foi a principal indústria do país, e embora atualmente continue a ser uma das mais importantes, existem apenas quatro fábricas em funcionamento. Muitas das que foram abandonadas deram lugar ao cultivo de outros vegetais ou a projetos imobiliários, a da L’Aventure du Sucre foi convertida em museu.

Num enorme pavilhão com vestígios da função original faz-se a contextualização histórica do açúcar e a sua presença nas Maurícias, mas também se contam dados sobre a ilha e a sua agricultura. E os créditos são partilhados: se foram os holandeses que introduziram a cana do açúcar em 1639, vinda de Java, foram os franceses que ergueram a primeira sucrerie e os ingleses que conseguiram chegar ao pico de 259 fábricas a trabalhar na colónia, em 1858. Nessa altura a escravatura já tinha sido abolida (terminou em 1835) e a emigração indiana tornou-se fundamental para assegurar a mão de obra necessária, o que explica porque é que a população hindu é, ainda hoje, preponderante na ilha, assim como o facto da culinária excluir praticamente todos os tipos de carne, à exceção do frango.

À medida que a história avança começamos a penetrar na fábrica antiga e a ver a velha maquinaria. É possível até entrar num dos enormes cilindros que ferviam o açúcar e que por isso mesmo os franceses chamavam de “caramel”. Tirando esse momento e alguns vídeos, a experiência é interessante mas não muito interativa, com a maior parte da informação apresentada em blocos de texto à moda antiga (em francês e inglês). Fica a dica: se por altura da colonização dos franceses já não está a apanhar tudo, leia os painéis com o título “la leçon” (a lição) porque servem de resumo da matéria dada. E prepare-se para a recompensa no final: 12 tipos de açúcar — naturais e não refinados, tão famosos que estão à venda no Harrods — para provar na loja, assim como nove tipos de rum New Grove.

Beau Plan, Pamplemousses. Aberto todos os dias das 9h às 17h.

Ao estudar a história da cana do açúcar estuda-se a história das Maurícias, ainda hoje coberta por inúmeras plantações. © Getty Images/iStockphoto

Jardim Botânico Sir Seewoosagur Ramgoolam

Tem o nome do Primeiro Ministro que conseguiu a independência das Maurícias em 1968 — as suas cinzas estão depositadas no jardim — e já leva mais de dois séculos de vida. O Jardim Botânico Sir Seewoosagur Ramgoolam começou por ser aberto pelos colonos franceses no século XVIII e reúne 600 tipos de plantas em 25 hectares, incluindo 80 variedades de palmeiras. Mais do que flores, são de facto as árvores que interessam, assim como, já agora, o portão de entrada, que ganhou um prémio numa exposição colonial em Londres (e fica mesmo ao lado da igreja mais antiga da ilha, batizada em honra a São Francisco de Assis). Se arranjar um guia vai ter uma experiência completamente diferente da visita, pois apenas desta forma saberá identificar a “palmeira batom”, assim chamada porque tem um caule vermelho no topo, ou a “talipot”, natural do Sri Lanka e que produz marfim vegetal. Com guia ou sem guia, é impossível não reparar no enorme lago retângular com a maior planta aquática do mundo, a Victoria Amazonica. Originária da Amazónia, como o nome indica, pode chegar a alcançar três metros de diâmetro, o que ajuda a explicar porque é que, mais do que nenúfares, as plantas parecem pegadas de elefantes.

Pamplemousses. Aberto todos os dias das 8h30 às 17h30.

Port Louis

Coração do caldeirão que são as Maurícias, Port Louis é a capital onde conflui tudo aquilo que forma a ilha. Ao lado de casas coloniais há prédios de vários andares ou casas improvisadas com o material à mão, e junto a igrejas cristãs construídas com pedra vulcânica é possível encontrar associações muçulmanas, templos hindus ou até uma Chinatown. “As casas são todas diferentes e a capital é desordenada porque há 15 anos não havia regras municipais quanto à construção”, explica Marie Noel, guia da empresa de turismo Mauritours. “E todas as religiões convivem pacificamente.”

Único porto da ilha, e portanto o único sítio onde podem atracar cruzeiros, Port Louis é conhecida pelo mercado tradicional — onde os comerciantes são peritos em detetar turistas e onde vai ter de regatear preços, se não quiser ser enganado — mas também pela pista de corridas de cavalos mais antiga do hemisfério sul, Champs de Mars, ainda em funcionamento. O melhor sítio para ter uma visão geral da sua dimensão é a partir da Cidadela, uma fortaleza elevada construída pelos ingleses depois de terem mandado abolir a escravatura, com medo de um ataque dos antigos donos dos escravos.

A pista de cavalos foi inaugurada a 25 de junho de 1812 e ainda se encontra em funcionamento. Foi também aqui que se ergueu pela primeira vez a bandeira das Maurícias como república independente. © Martin Falbisoner/Wikimedia Commons

Passeio de catamarã

Antes de saltar para o barco pedem-lhe que deixe os sapatos numa caixa, mas sem dar por isso, enquanto ainda está a pensar “o que é que vai acontecer aos meus chinelos?”, já está sem roupa e só de fato de banho na rede do catamarã. As Maurícias são rodeadas por cerca de uma dezena de pequenas ilhas e ilhéus, e embora a mais conhecida seja a Ile aux Cerfs, na costa Este, onde é possível até jogar golfe, a partir de Grand Baie consegue-se chegar a outros pedaços de terra no Norte. A empresa Croisières Australes tem vários catamarãs com partidas diárias para um dia passado a bordo, com almoço incluído. No Pacha chega até à Gabriel, uma pequeníssima ilha onde a água é ainda mais clara e transparente (como se isso fosse possível). Para além de poder tomar banho e estender a praia no areal, pode mergulhar diretamente do barco e aproveitar para fazer snorkeling, à procura do Nemo ou de outros peixes tropicais.

Sunset Boulevard, Route Royale, B13, Grand Baie. Partidas todos os dias das 9h15 às 16h. O passeio no Pacha custa 45€ (adulto) ou 21€ (crianças dos três aos 11), com almoço e bebidas incluídas. Para mais informações: contact@croisieres-australes.com

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À procura do Nemo ????????????

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Onde ficar

The Ravenala Attitude

Da cadeira de baloiço de verga aos móveis de madeira espalhados por todo o resort, o Ravenala é um reflexo da paisagem das Maurícias dentro de um hotel. A unidade faz parte da rede Attitude, conhecida pelo selo “otentik” (autêntico), e para além do buffet que todos os resorts de pulseirinha disponibilizam, tem à disposição dos hóspedes uma série de atividades locais, como jantar com uma família das Maurícias na sua própria casa (35€) ou aprender a fazer o famoso caril de frango à moda da ilha. O nome Ravenala vem de uma árvore local muito comum (e que parece um pavão), e há várias atividades aquáticas disponíveis no hotel de quatro estrelas, uma delas bastante inusitada: uma festa na piscina todos os sábados à noite, em que os pés ficam mesmo dentro de água enquanto se dançam hits locais — diga olá a Alain Ramanisum — enquanto se aprendem uns passos de sega, dança tradicional das Maurícias.

Baie aux Tortues/Turtle Bay, Balaclava. Quarto duplo a partir de 125€.

Todo o hotel é descontraído e decorado com elementos naturais. © Divulgação

Trou aux Biches Beachcomber Golf Resort & Spa

São 333 quartos ao todo, o que explica que o buggy seja um meio de transporte fundamental no Trou aux Biches. O resort de cinco estrelas acompanha dois quilómetros da praia com o mesmo nome e será, possivelmente, das melhores acomodações de toda a ilha. Para além de uma piscina redonda com um bar batizado convenientemente de Oásis, há suites tropicais (chamam-se mesmo assim) com duche tradicional mas também ao ar livre, e suites sénior com piscina individual aquecida, quase em cima da praia. Para além de dois restaurantes para o pequeno-almoço, onde os pássaros cor-de-laranja tradicionais da ilha aparecem em busca de migalhas, há três para o almoço e seis para o jantar, incluindo o restaurante de fine dining La Caravele, com pratos de assinatura. Para os mais novos há um Mini Club (dos três aos 12 anos) e um Teens Club (dos 13 aos 17), e para os que não dispensam uma massagem há ainda um spa da Clarins com 24 salas.

Royal Road, Trou-aux-Biches.

O bar junto à piscina central chama-se Oásis e é fácil perceber porquê. © Christian Bossu-Picat

Long Beach Golf & Spa Resort

Ao pequeno-almoço podem-se apanhar ervas aromáticas diretamente do vaso, para o chefe pôr na omolete, ou beber uma água de coco rica em potássio cultivada mesmo no jardim. O Long Beach é um dos resorts mais modernos das Maurícias e como tal não podia deixar de estar atento à tendência orgânica e saudável. Nos quartos espaçosos e luminosos há cadeiras de design e entradas para o iPod, para além de tudo o que se espera de um cinco estrelas numa ilha paradisíaca: praia a dois minutos da cama, uma piscina principal aquecida com vários recantos (incluindo espreguiçadeiras) e outra infinita só para adultos, camas em cima da areia e cinco restaurantes, do chinês Chopsticks ao japonês Hasu, todos eles com um dress code smart casual (o que significa que os homens não podem ir de calções). O hotel faz parte da rede Sun Resorts, detentora de outra boa opção na costa oeste da ilha: o Sugar Beach Resort, que tem não só uma das maiores piscinas das Maurícias (são dois mil metros quadrados), como é um dos grandes favoritos para quem escolhe a ilha para dar o nó — fazem 290 casamentos por ano.

Coastal Road, 41601.

O Long Beach é dos hotéis mais modernos da ilha. © Richard Bryant

Sul

Chamarel

Chamarel é um chamariz de turistas, porque para além de ser o nome de uma localidade no sul é também o que se lê no rótulo de um dos runs mais famosos da ilha. A fábrica, ou rhumerie, abriu em 2008 e produz rum agrícola, isto é, feito unicamente a partir do suco da cana do açúcar. Todo o processo é explicado em visitas guiadas que atravessam a maquinaria utilizada e com recurso a alguns vídeos, desde a colheita — feita de junho a dezembro, de forma manual, num campo de 35 hectares –, ao corte da cana, de onde é retirado o suco que vai diretamente para fermentação, culminando finalmente no processo de dupla destilação em que a bebida chega a atingir 72 por cento de álcool. Antes de pensar em comprar uma garrafa para desinfetar as feridas, fique a saber que o máximo teor alcoólico permitido nas Maurícias é 60 por cento, razão por que esse rum tem de ficar a evaporar durante três meses. Fique também a saber que vai poder escolher o seu preferido com conhecimento de causa, porque na degustação feita a seguir à visita é possível provar nove variedades de rum e quatro licores: coco, mandarina, baunilha e café.

Como os copos não são servidos até cima (e não vai ter de sair de maca), pode continuar a explorar a região fora das imediações da fábrica. Muito antes de ser uma marca de rum, Chamarel já era uma localidade no distrito da Rivière Noire, o único sítio da ilha onde se cultiva café-arábica e a zona mais africana das Maurícias, não só pelos locais serem fãs de rastas no cabelo mas também por causa da “terra das sete cores”, um fenómeno geológico em que é possível ver uma dezena de tons diferentes (às vezes mais) numa zona de dunas protegidas rodeada por árvores típicas das savanas. No mesmo parque não pode deixar de visitar a cascata que serve como testemunho das origens vulcânicas das Maurícias e que mede 100 metros — maior do que a Estátua da Liberdade, como mostra um desenho com a escala dos dois “monumentos”, no miradouro onde os turistas se juntam para as fotografias.

Route Royale, Chamarel. A fábrica de rum está aberta de segunda a sábado das 9h às 16h30.

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Seven Coloured Earth

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Varangue sur Morne

“A gastronomia mauriciana a alta atitude.” À primeira vista o slogan impresso em panfletos poderia parecer exagerado, mas está completamente à altura do Varangue Sur Morne. Todo em madeira, o restaurante fica na zona montanhosa de Plaine Champagne, uma pequena Suíça, como lhe chamam os locais, que ganha à original em verde e em humidade. As mesas estão ao ar livre, debaixo de um telheiro — porque já se sabe como são as chuvas tropicais — e dispostas como se estivéssemos numa grande varanda sobre a paisagem. Há um heliporto para quem quiser (e puder) chegar pelo ar, serviço de brunch e de copos de água para casamentos, e na carta a gastronomia local é trabalhada com requinte, do chuchu gratinado com espadarte fumado ao vindaye de frutos do mar, passando pela sobremesa obrigatória: banana flambée com rum.

Route Plaine Champagne. Aberto todos os dias das 11h às 16h. Preço médio do almoço: 45€

Bois Cheri

Fábrica e ao mesmo tempo museu, Bois Cheri permite ficar a conhecer outro produto local das Maurícias: o chá. Com uma plantação que rodeia um enorme lago e que começou a ser semeada ainda no século XIX (a mais antiga da ilha), a fábrica dispõe de visitas guiadas, visitas essas que acabam invariavelmente no mesmo sítio: no café com vista panorâmica onde é possível degustar os inúmeros chás da marca, acompanhados de biscoitos. Do tradicional verde aos mais originais (e tropicais) coco e baunilha, é só aventurar-se nas várias caixinhas às cores. E garantir que os bules com água a ferver não param de sair da cozinha.

Bois Cheri Road. Aberto de segunda a sábado das 9h às 17h.

A plantação de chá contorna um enorme lago onde também é possível andar de gaivota. © Getty Images/iStockphoto

La Vanille Nature Park

A par do dodo, as tartarugas são outro do símbolo das Maurícias e felizmente, ao contrário dos primeiros, estão bem vivas. No parque natural La Vanille é possível vê-las acabadas de sair do ovo mas também caminhar pelo meio de centenas de tartarugas gigantes Aldraba, e até fazer-lhes festas — não na carapaça, uma zona surpreendentemente sensível, mas no pescoço. Se a tartaruga, já de si grande, começar a ficar ainda maior e a levantar-se, é ótimo sinal: significa que está a gostar das festas.

Pacíficas, curiosas e essenciais para manter o ecossistema das Maurícias, porque comem folhas secas e previnem os incêndios, as tartarugas não são, no entanto, a única atração do La Vanille. Para além de lémures, macacos, veados, morcegos, e de um insectarium com uma coleção de 45 mil espécies de insetos conservados, as grandes estrelas do parque são os crocodilos do Nilo. A reserva começou por nascer precisamente assim, em 1985, com alguns exemplares do réptil trazidos por um australiano. Nessa altura eram 100, hoje são mais de dois mil e há até um restaurante onde se pode provar uma diversidade de pratos à base de carne de crocodilo (que, dizem alguns, é parecida com frango).

Ao contrário das tartarugas, os crocodilos não andam à solta (por razões óbvias), mas é possível vê-los de muito perto e até assistir ao momento em que são alimentados, todas as manhãs. “Parece que estão a dormir mas de repente dão um salto no ar para apanhar a comida”, diz um guia. É também ele que conta que quando os crocodilos estão de boca aberta significa que estão com calor ou que conseguem correr a uma velocidade de 40 quilómetros por hora, mas apenas uma distância de 100 metros. Se algum dia for perseguido por um, fica a dica: deve correr em ziguezague.

Rivière des Anguilles. Aberto todos os dias das 8h30 às 17h.

No parque é possível caminhar pelo meio das tartarugas gigantes e fazer-lhes festas. © Divulgação

Saint Aubin

Como Chamarel, Saint Aubin é o nome de um conhecido rum das Maurícias, fundado em 1819. Essa é também a data em que nasceu a bonita casa colonial que pode ser visitada e atualmente serve de restaurante, com um alpendre em madeira e o chão quadriculado, como se vê nos filmes. Os almoços são conhecidos pelo cenário mas também pelo frango com molho de baunilha acompanhado de salada de palmito cultivado no jardim. Para além de uma visita à destilaria, onde é possível provar — mais uma vez — oito variedades de rum, é imperioso visitar a Maison de La Vanille, uma casa também na propriedade que serve como um pequeno museu da baunilha, com tudo sobre o processo de fabrico da especiaria que é usada na cozinha, nalgumas composições medicinais e na indústria da perfumaria.

St Aubin. Aberto todos os dias das 9h às 17h.

Onde ficar:

Beachcomber Shandrani Resort & Spa

Para compensar a falta de oferta hoteleira no sul da ilha, o Beachcomber Shandrani responde com um serviço de cinco estrelas e um cenário privilegiado: uma baía privada que serve de anfiteatro natural a todo o resort. Há por isso várias atividades aquáticas disponíveis a meros passos da receção, dos passeios num barco com fundo de vidro, para ver os corais e os peixes coloridos, às excursões até à Reserva Natural de Iles aux Aigrettes. O hotel fica apenas a cerca de 1o minutos do aeroporto, mas perante a imensidão de água e a vegetação que se vê do outro lado, quase nem se dá pelos aviões.

Blue Bay, Grand Port.

O hotel está instalado na Blue Bay e rodeado de azul e verde. © Imagem retirada do site do hotel

Como ir (e algumas recomendações)

A Turkish Airlines voa de Lisboa e do Porto para as Maurícias, com escala em Istambul. A Emirates também voa do Porto e de Lisboa, com escala no Dubai. A agência Soltrópico dispõe de vários pacotes que incluem os voos de ida e volta e a estadia. Há pacotes a partir de 1.674€ com meia pensão (Ravenala), 1.797€ com meia pensão (Long Beach) e 1.744€ com pequeno-almoço (Trou Aux Biches). Já a empresa de turismo Mauritours organiza várias excursões pelas principais atrações turísticas da ilha, com transporte incluído. A moeda local é a rupia mas há muitos estabelecimentos que aceitam euros.

Não são necessárias vacinas antes de viajar mas uma vez na ilha recomenda-se beber água engarrafada. Deve ainda levar sandálias de plástico na mala, porque em certas praias há pedaços de corais soltos que podem magoar os pés.

O Observador viajou a convite da Soltrópico e da Turkish Airlines.