O consórcio privado liderado pelo ex-Goldman Sachs, António Esteves, esteve na Comissão Europeia, juntamente com técnicos do Ministério das Finanças, a discutir uma solução para o crédito malparado em Portugal. A notícia é avançada esta quinta-feira pelo jornal Público que cita fonte uma fonte governamental não oficial.

O encontro terá ocorrido em meados do primeiro trimestre deste ano e nele participaram representantes do Governo, incluindo um técnico do Ministério das Finanças, e representantes do grupo de investidores privados liderado por António Esteves, que integra fundos de private equity como o britânico TPG. A conversa aconteceu com responsáveis da direção-geral da Concorrência europeia, a quem compete assegurar que o mecanismo encontrado não constitui uma ajuda de Estado contra as regras europeias. Terão estado igualmente representantes da consultora Deloitte e do escritório de advogados Vasco Vieira de Almeida.

António Esteves lidera um grupo que fez uma proposta ao Banco de Portugal para resolver o problema do crédito malparado em Portugal, através de uma solução de mercado que passe por transferir os ativos sob stress dos balanços do banco para um veículo privado, que poderá contudo vir a precisar de algum apoio público. Em declarações feitas no início do ano, António Esteves afirmava ter 15 mil milhões de euros disponíveis para retirar os créditos tóxicos (NPL) do sistema bancário português, sem envolver uma ajuda de Estado.

Segundo o Público, após este encontro, com carácter exploratório, realizaram-se conversas com as principais instituições portuguesas, tendo a Caixa, o BCP, o Novo Banco e o Montepio, os bancos com maiores níveis de malparado no seu balanço, manifestado abertura para participar nesta solução.

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A criação de um veículo, espécie de banco mau, para os créditos problemáticos do setor bancário tem sido defendida desde o ano passado pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo governador do Banco de Portugal. O objetivo é acelerar a limpeza dos balanços, que tem vindo a ser efetuada de forma demasiado lenta, como recentemente alertou o Fundo Monetário Internacional, e à custa de elevados prejuízos para os bancos com a contenção de crédito à economia.

FMI. Bancos portugueses estão entre os que reduziram menos o crédito malparado

Segundo o recente relatório de estabilidade financeira do FMI, o problema dos créditos em incumprimento é mais grave na banca portuguesa e italiana.

No entanto, há quem tenha dúvidas sobre a viabilidade de uma solução nacional que não seja enquadrada numa resposta dada a nível europeu. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Fernando Faria de Oliveira, já afirmou que a resposta ao malparado português será mais fácil com uma solução europeia.