Às oito da manhã está pronto para sair de casa, mas já um pouco atrasado. No lava-loiça espreitam os pratos da noite anterior e suspira a falta de tempo para o pequeno-almoço porque os cereais estão em falta na despensa. Mesmo no minuto de fechar a porta lembra-se das chaves e a procura adensa-lhe o mau humor. No casaco não estão, em cima da mesa não ficaram. “Se ao menos tivesse um aparador na entrada”, lembra-se de passagem, batendo com a porta e esperando que mais tarde alguém esteja em casa quando tocar à campainha. Esta manhã é-lhe familiar? Se sim… não o faz sorrir, pois não? A desarrumação pode mesmo comprometer a qualidade de vida das pessoas. Mas não desespere porque, por vezes, são apenas alguns pormenores de organização que podem contribuir para melhorar o seu-dia-a-dia. O seu bem-estar vai agradecer.

O desafio passa por arrumar a sua cabeça como arruma o seu armário e… vice-versa! Ao organizar um armário estará imediatamente a criar condições para organizar a sua cabeça. Sabendo que a desarrumação pode influenciar a vida das pessoas, desde fisicamente até emocionalmente, o importante é começar a trabalhar por objetivos, usando os mesmos princípios da arrumação do seu armário, consigo:

  1. Crie o ambiente próprio para analisar a sua vida e a sua casa: sozinho e em silêncio;
  2. Analise cada assoalhada detalhadamente: divida tudo o que encontrar entre o que quer manter e o que já não precisa – o mesmo com a sua vida: o que está a fazer-lhe mal ou a fazer perder tempo?
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“Uma casa arrumada é uma cabeça arrumada”, sintetiza o psicólogo Eduardo Sá, na nova campanha da IKEA, que celebra o Dia da Arrumação, a 20 de maio. Para o psicólogo “arrumar serve para nos organizarmos em relação aos outros” e sobretudo, respeitarmos o outro. “Organizar o espaço é organizar uma rede de relações. As pessoas organizadas são pessoas mais felizes”, avança, destacando, no entanto, que também não se deve cair no exagero: “Se estiver arrumada demais não é uma casa-vida”, avisa, lembrando os ambientes onde vivem crianças e que estas veem “com a ponta dos dedos”.

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Eduardo Sá salienta ainda que a casa é sempre uma projeção do espaço mental de cada pessoa. “A nossa casa tem “a nossa cara”. É por isso que pessoas muito desarrumadas por dentro têm casas que parecem viver num permanente tornado. Enquanto outras são tão meticulosas em tudo o que faz parte da casa, que mais parece que não a habitam”, refere. Para o psicólogo a casa funciona, também, como uma reserva natural da própria família: “De todas as histórias de toda a família. Daí a ideia: minha casinha, meu mundo ou, numa versão mais amiga dos Xutos e Pontapés, a minha alegre casinha”, realça.

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Ao arrumar ganha tempo

São muitas as teorias que associam a organização e a arrumação a uma vida mais equilibrada e até saudável. A filosofia “livre-se de tudo o que não o faz feliz” enquadra-se perfeitamente neste paradigma e é defendida, por exemplo, pela japonesa Marie Kondo, especialista em arrumação e autora do best seller “Arrume a sua casa, arrume a sua vida”, publicado em Portugal pela editora Pergaminho.

Para esta autora a chave do sucesso está em “deitar fora”. Isto é, dispensar os mais variados objetos que já não têm utilidade ou que estão em excesso, como roupas, louças, livros ou papéis. O importante é analisar tudo o que tem e fazer uma seleção. Poderá desfazer-se do que já estiver em fim de vida e deverá doar os outros objetos a quem precisa. Marie Kondo não exorta para um minimalismo exacerbado e até usa uma técnica bem emocional quando aborda o tema: “Se tocar no objeto e sentir alegria, fique com ele”.

Depois de selecionar o que realmente o faz sentir bem e lhe faz falta no dia-a-dia, há que fazer o grande trabalho: organizar. Das roupas aos livros, passando pela cozinha e pelos vários documentos e “papelada” que se vão acumulando em casa, é sugerido que os categorize e coloque em locais específicos, como em caixas, armários ou dossiers para quando necessitar deles serem de fácil acesso.

Ao manter tudo arrumado e nos locais específicos torna, inevitavelmente, o seu dia-a-dia mais facilitado por duas razões essenciais: passa a saber melhor o que tem em casa e assim não tem a necessidade de voltar a comprar. E, a mais importante: ganha tempo para a sua vida.

Mónica Pereira, da Cooking Memories, sabe bem que uma cozinha organizada é meio caminho andado para o sucesso culinário. Para a cozinheira a cozinha é um espaço de memórias e o coração da casa.

“Com uma cozinha organizada temos tudo à mão. Sentimos que está tudo a postos para levantar voo com a nossa imaginação”, destaca, referindo que traz também mais segurança às crianças e ajuda a incutir nelas o sentido da organização e arrumação.

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Um estudo recente realizado pela Universidade de New South Wales, na Austrália, e publicado na revista especializada Environment and Behavior refere, a propósito, que uma cozinha limpa e organizada ajuda a uma dieta equilibrada. A equipa do psicólogo Lenny Vartanian, apurou que, se uma pessoa conseguir manter a sua cozinha organizada, evita o excesso de comida. Pelo contrário, se conviver com um espaço caótico tem tendência a “petiscar” mais vezes. Aliás ficou mesmo comprovado que as pessoas comem duas vezes mais em ambientes desarrumados comparando com os mesmos participantes que realizaram o estudo num ambiente organizado.

Desarrumação e depressão

Quando uma sala fica completamente “atafulhada” a causa é mais do que física. Esta afirmação repete-se em diversos artigos sobre o facto de a arrumação da casa ser indissociável do estado de espírito. Aliás, problemas como a depressão ou a ansiedade podem mesmo começar por revelar-se com estes episódios de falta de organização. Os especialistas estão atentos aos sinais e muitos diagnósticos são feitos após análise da conduta dos pacientes no seu lar. Um ambiente desorganizado gera stresse por conter um elevado número de informações não coerentes que podem confundir o cérebro. E o stresse acarreta os mais variados problemas físicos e mentais. A chave para o equilíbrio pode estar pois dentro de sua casa, num ambiente organizado.

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A mais recente campanha da IKEA exorta à organização para todos vivermos num ambiente mais saudável. “Passamos tanto tempo num espaço interior que às vezes nem nos apercebemos da importância que isso tem e a forma como se reflete no nosso comportamento”, refere a propósito Marta Cunha, Designer de Interiores na IKEA Portugal. A especialista que tem vindo a estudar as necessidades das pessoas de forma a enquadrar todas as vontades num ambiente saudável, relembra que um dos truques para tal acontecer é fazer uma lista do que não se precisa e retirar de casa “tudo o que é desperdício, para fazer uma limpeza mental que nos vai ajudar a fazer a limpeza física”. Marta Cunha defende que se devem mesmo criar rotinas para arrumar e organizar, destacando que essa filosofia não pode ser encarada como uma tarefa non grata.

A campeã a abrir gavetas, Mariana Seara Cardoso, blogger e mãe de dois pares de gémeos também deu o seu contributo na campanha da IKEA. Aliás os quatro filhos fizeram com que repensasse toda a organização da sua casa. “Isto está tudo espalhado”, era uma frase que dizia recorrentemente, mas que com um pouco de organização foi desaparecendo do seu dia-a-dia. “As caixas amarelas são para guardar os sapatos, as brancas para guardar meias…”, enumera, lembrando que a casa também é vivida com os quatro filhos a desarrumarem tudo, mas depois “há sempre sítios mágicos” e tudo fica organizado.

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Dia 20 de maio assinala-se o Dia da Arrumação. Por isso, entre nesta onda e saiba mais em #euqueroarrumar.