O diretor dos Serviços Secretos dos Estados Unidos, Randolph Alles, avisou esta segunda-feira que a dispendiosa proteção ao presidente dos Estados Unidos e à sua família está a provocar sérios desvios financeiros no orçamento da organização, nomeadamente nos valores orçamentados para os salários e horas extraordinárias.

Apesar do nome, os Serviços Secretos dos Estados Unidos nada têm a ver com as agências de informações, como a CIA ou a NSA. Trata-se do organismo federal responsável pela segurança e proteção do Presidente e do vice-presidente em exercícios de funções, assim como das respetivas famílias. Os antigos presidentes e vice-presidentes também gozam de privilégios semelhantes.

Numa entrevista ao diário USA Today, Randolph Alles disse que mais de mil, de um total de 6,5 mil agentes que integram os Serviços Secretos dos Estados Unidos, já atingiram o limite máximo estabelecido pelo Governo para os seus salários e horas extraordinárias, porque se esgotaram os fundos destinados ao ano inteiro.

De acordo com Alles, esses mil agentes já atingiram os 160 e 187 mil dólares anuais, correspondentes a salário e horas extraordinárias, de modo que, se o Congresso não autorizar um aumento das despesas, terão que parar de trabalhar ou trabalhar de graça. “O presidente tem uma grande família e as nossas responsabilidades estão estabelecidas por lei”, disse Randolph Alles ao jornal, acrescentando: “Não posso mudar isso, não tenho flexibilidade para tal”.

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Desse modo, o responsável destacou que é obrigação dos Serviços Secretos proteger o presidente quando viaja até aos seus três clubes de golfe, situados em Bedminster (Nova Jérsia), em Sterling (Virginia) e em Palm Beach (Florida), onde a residência de Mar-a-Lago passou a ser conhecida como a “Casa Branca de inverno”, devido às frequentes viagens do governante.

As viagens frequentes de Donald Trump para a residência de Mar-a-Lago custaram mais de 20 milhões de dólares nos seus primeiros 80 dias como presidente (Foto de: JIM WATSON/AFP/Getty Images)

Os Serviços Secretos – especificou Randoph Alles – também têm a responsabilidade de proteger os quatro filhos adultos de Donald Trump (Donald Jr., Ivanka, Eric e Tiffany) quando fazem viagens de negócios e de férias, tanto dentro como fora dos Estados Unidos. Trump tem outro filho menor de idade, Barron, que viveu em Nova Iorque com a primeira-dama, Melania, durante quase cinco meses para poder terminar o ano letivo. A prolongada estadia de Melania e do único filho do casamento na luxuosa Trump Tower provocou um aumento dos gastos dos Serviços Secretos, que tiveram de pagar um aluguer para poder instalar um posto de comando numa unidade da torre, um piso abaixo da residência do milionário.

A CNN apresenta os seguintes exemplos de despesas dos serviços secretos com a proteção dos Trump:

  • 3 milhões de euros por visita de Trump à sua residência de Mar-a-Lago
  • 60 mil euros no aluguer de viaturas
  • 100 mil euros em hotéis aquando de uma visita de Eric Trump ao Uruguai

Em suma, Randolph Alles atribui o aumento dos gastos às constantes viagens familiares e ao grande número de pessoas protegidas pelos Serviços Secretos, que chegam a 42, um número superior aos 31 protegidos durante os mandatos do ex-presidente Barack Obama (2009-2017).

O diretor dos Serviços Secretos está em conversações com os principais membros do Congresso com vista a conseguir aumentar o limite federal estabelecido para o salário dos agentes com o objetivo de financiar a proteção da ampla família presidencial nas suas diferentes residências e durante as suas viagens.

De acordo com uma notícia de abril da cadeia norte-americana CNN, as viagens frequentes de Donald Trump para a residência de Mar-a-Lago custaram mais de 20 milhões de dólares nos seus primeiros 80 dias como presidente, um ritmo que, a manter-se, fará com que as faturas de viagens no seu primeiro ano na Casa Branca ultrapassem o total do que gastou o seu antecessor, Barack Obama, nos seus oito anos de mandato.