Quando pensamos em Benfica e jogador norte-americano, salta logo à memória Freddy Adu (houve mais um, o guarda-redes Zach Thornton, mas nunca se chegou a estrear). Mas os pontos comuns entre o canhoto e Keaton Parks resumiam-se mesmo a esses dois: um era avançado, outro médio; um era tido como o sucessor de Pelé, outro chegou de forma quase anónima à Luz; um brilhou na MLS (a Liga de futebol dos Estados Unidos), outro não chegou sequer lá. A partir de hoje, há mais um ponto em comum entre ambos: já disputaram pelo menos um jogo pela equipa principal dos encarnados.

Nascido em Plano, no Texas, este gigante de 1,93 metros começou a jogar futebol na Liberty High School, de onde se transferiu para o Liverpool Warriors, da NPSL. Quando estava perto de fazer 18 anos, o treinador conseguiu que fosse fazer uma série de testes em equipas portuguesas como o Benfica, o Sporting ou o Sp. Braga. Não ficou em nenhuma. Mas acabou por despertar o interesse do Varzim num torneio realizado na Póvoa, acabando mesmo por mudar-se de armas e bagagens para Portugal.

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Começou por jogar uma temporada no Varzim B antes de dar o salto para a equipa principal, onde não demorou a destacar-se e despertar o interesse de clubes maiores. No entanto, acabou por rescindir alegando justa causa com os poveiros, iniciando então uma longa disputa nos tribunais que teve ações e recursos na Comissão Paritária da Liga e Tribunal Arbitral de Desporto ao longo de seis meses, altura em que se tornou de vez um jogador livre. Apesar de ter ficado provado que não houve ordenados em atraso nem indicações para treinar à margem do grupo, o TAD entende que o jogador não foi utilizado entre o final de dezembro e o primeiro dia de fevereiro por “retaliação de negociações tendentes à transferência do jogador”, explicaria mais tarde o Benfica.

Assim, Keaton Parks esteve na última temporada na equipa secundária dos encarnados, orientada por Hélder Cristóvão, embora apenas na presente época se tenha tornado titular indiscutível no Benfica B. Este sábado, o americano cumpriu o sonho de estrear-se pelo conjunto principal no estádio da Luz, provando que ganhou a aposta quando prescindiu de uma bolsa de estudo na Southern Methodist University, em Dallas, por uma aventura na Europa ligada ao futebol, a modalidade que também é praticada pelo irmão Kyle e pela irmã Kaci.

Amante também de futebol americano, Parks deslocou-se esta semana a Leiria para assistir ao vivo ao encontro entre Portugal e Estados Unidos, onde o seu amigo McKennie teve uma grande estreia logo com um golo.