Entre junho e setembro deste ano foram feitos 3.467 novos furos (captações de água subterrânea), mais de metade dos quais (1.519) no Norte, 862 na região do Tejo, e 633 no Centro, de acordo com o relatório do grupo de trabalho de assessoria técnica à Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, noticiado pelo Público.
Além dos novos furos, foram regularizados 1.769 que já existiam. Para além das captações de água subterrânea, o relatório dá ainda conta de 159 novas captações de água à superfície nesses mesmos quatro meses e 157 regularizações de pontos de recolha já existentes, segundo dados da Agência Portuguesa de Ambiente (APA).
Ao todo, existem em Portugal cerca de 60.000 captações, superficiais e subterrâneas, licenciadas.
O Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR, responsável por uma parte da fiscalização a furos ilegais, contabiliza em 57 os autos de contra-ordenação aplicados em 2016, e soma já 44 nos primeiros 10 meses deste ano.
A estes acrescem os 77 autos de notícia e 58 processos de contraordenação levantados pela Agência Portuguesa de Ambiente em 2016.
Ainda segundo o mesmo jornal, o grupo de trabalho de assessoria técnica à Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca recomenda a limitação e o licenciamento de novas captações “ao estritamente necessário” e “após uma análise cuidada da sua sustentabilidade” para “não colocar em causa as [captações já] existentes”.
Esta terça-feira à noite, em entrevista à TVI, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, disse que a situação mais grave é em Fagilde, a barragem perto de Viseu, onde só há água para mais um mês. Mas o governante acrescentou que há problemas noutros sistemas “abastecidos por águas superficiais”. Na Estação de Tratamento de Água do Monte da Rocha, no Alentejo, existe para dez meses, exemplificou.
O ministro já tinha dito que o racionamento de água seria o “fim de linha”.
Estas reservas, admitiu Matos Fernandes, “podem ser prolongadas se se conseguir reduzir os consumos” e apesar de não querer “alarmar”, o ministro também disse que “o passo seguinte” para responder à situação de seca severa e a problemas específicos de abastecimento de água passar pela “sugestão muito concreta” às autarquias para que reduzam a pressão na rede.
Quase metade de água tratada para uso humano é utilizada para outros fins como a rega de jardins, a lavagens de ruas ou até de viaturas, de acordo com os dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) referentes ao ano de 2016.
Segundo a ERSAR a água total consumida corresponde a cerca de 201 litros por habitante a cada dia, mas a quantidade de água consumida per capita e faturada para uso doméstico pelas entidades gestoras representa 124 litros por dia. O resto da água tratada (quase 40%) é faturada a outras entidades que não famílias ou particulares, como empresas de indústria e serviços ou os próprios serviços autárquicos, e inclui os recursos usados para rega de jardins e lavagens de ruas ou viaturas, explicou ao Observador fonte oficial da ERSAR.
Quase metade da água tratada para uso humano é gasta em regas ou para lavar carros e ruas