Chegada à Austrália como número 1 do ranking mundial e depois de uma vitória a abrir 2018 no Shenzhen Open, Simona Halep teve uma revelação curiosa: iria jogar o primeiro Grand Slam da temporada com um vestido feito à medida e comprado online em menos de 24 horas. E qual era a marca? Marca… branca.

Após terminar o contrato com a Adidas, que não quis subir acima dos 900 mil euros por ano, e descontente com as outras propostas que recebeu da Lacoste e da Nike (que ficou nos 1,7 milhões de euros por marca, um quinto do que oferece, por exemplo, a Sharapova), a romena de 26 anos correu o risco e quis mostrar o porquê de considerar que a estavam a desvalorizar. Chegou à final, podia alcançar o primeiro Grand Slam. No entanto, do outro lado estava Caroline Wozniacki, a dinamarquesa de 27 anos que em 2014 fez a maratona de Nova Iorque.

E porque recordamos esse “feito” da atual número 2 do mundo? Porque esta final foi uma autêntica maratona: emocionante, muito disputada, com sucessivos breaks na altura das decisões e grande apoio do público que se rendeu à veia guerreira das atuais melhores jogadoras do circuito WTA. Apesar de ser um mero chavão, a final do Open da Austrália acabou por ser daqueles jogos onde ninguém merece perder mas Wozniacki foi mais forte, somando não só o seu primeiro Grand Slam da carreira mas também alcançando o topo do ranking.

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Após uma entrada fortíssima no jogo com um break inicial, Caroline Wozniacki foi comandando o primeiro set até sofrer um break na parte final, que acabou por levar todas as decisões para o tie break onde a dinamarquesa foi mais forte, vencendo por 7-2. E parecia mesmo que a número 2 mundial caminhava para aquele que poderia também ser o seu primeiro Grand Slam na 43.ª participação entre Open da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e US Open (o máximo que conseguira tinha sido duas finais no torneio americano desde que se estreou na terra batida francesa em 2007 com uma derrota) até que Halep renasceu das cinzas.

Assistida quando o encontro estava em 3-2 numa paragem onde o staff médico do torneio lhe chegou a medir a tensão por causa do desgaste físico advindo do calor e da humidade que se fizeram sentir ao longo das últimas duas semanas na Austrália, a romena conseguiu dar a volta e venceu mesmo o segundo set por 6-3 antes de uma paragem pela regra do calor que levou as duas jogadoras para os balneários durante dez minutos de descanso.

No terceiro e decisivo set, foi uma loucura, com alguns jogos longuíssimos e sucessivos pontos de break falhados ou conseguidos: após vencer o seu primeiro jogo de serviço, Wozniacki o break para 2-0; Halep respondeu fazendo break para 2-1; a dinamarquesa adiantou-se para 3-1 no serviço da romena; a número 1 voltou a quebrar o serviço à dinamarquesa para 3-2; e, aí sim, conseguiu fazer o 3-3 acabando com uma sucessão louca de breaks. Acabou mas por pouco tempo: Halep fez 4-3 no serviço de Wozniacki, Wozniacki fez o 4-4 no serviço de Halep.

A dinamarquesa teve também de ser assistida na pausa a um problema no joelho esquerdo, mas conseguiu fazer das fraquezas forças para, num final fortíssimo, manter o seu serviço no 5-4 e fazer de novo o break que lhe deu o primeiro título num Major de sempre que acabou por quebrar as críticas que foi ouvindo ao longo da carreira de que não teria o que era suficiente para conseguir “aquele” triunfo num Grand Slam. Ganhou e chorou, naquela que foi a primeira vitória de uma escandinava num Major… 100 anos depois (a norueguesa Molla Bjurstedt Mallory ganhou o US Open em 1918).

No discurso de agradecimento, onde destacou a importância do noivo David Lee (ex-jogador da NBA) para acalmar antes do jogo, a jogadora que chegou a admitir abandonar a carreira em 2016 após uma série de problemas físicos pediu desculpa por duas vezes a Halep por ter ganho. Estará a nascer uma nova rivalidade, aparecerá uma outra figura ou Serena Williams voltará a dominar? Está tudo em aberto…