O diretor da Escola Portuguesa de Díli considerou hoje que os rankings das escolas deturpam a realidade deste centro escolar, comparando uma “realidade única” com escolas “em tudo muito diferentes” e ignorando aspetos como o êxito no acesso universitário.

Ao mesmo tempo, disse à Lusa Acácio de Brito, os rankings “ignoram o efeito escola nos alunos, o impacto aglutinador e de formador de elites em Timor-Leste e que esta é, claramente, a melhor escola de Timor-Leste”. Mesmo numa análise puramente relacionada com as notas nos exames, disse, as referências feitas à escola não notam, por exemplo, a melhor classificação a matemática ou as melhores notas nos exames do ensino básico.

Acácio de Brito referia-se ao facto de a escola portuguesa de Díli ter sido destacada pelas notas negativas médias conseguidas nos exames nacionais, método usado para estabelecer um ranking de escolas portuguesas.

A análise aos resultados das notas dos alunos das oito escolas situadas em países que pertencem à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa mostra que no caso dos exames nacionais do secundário só os alunos de Macau e Angola conseguem média positiva. No caso da Escola Portuguesa de Díli, a média nos exames nacionais foi de 7,60 valores.

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Acácio de Brito destaca o facto de 75% dos alunos que terminaram o secundário em 2017 terem concorrido, com êxito, ao ensino superior em Portugal, “entrando em instituições e cursos – medicina, engenharia, direito e farmácia – que são de reconhecido rigor”. “Os restantes entraram em universidades timorenses ou noutros países”, afirmou.

A especificidade da situação em Timor-Leste – onde o ensino do português foi proibido durante 24 anos de ocupação indonésia – torna a situação da escola única pelo que a sua comparação com outros centros escolares “não faz sentido”.

Hoje, disse, a escola “é claramente a melhor escola de Timor-Leste” contando entre os seus alunos com os filhos dos principais líderes políticos e responsáveis do país. “Esta minha opinião é formada com 30 anos de experiência de educação. Não devemos só falar nos resultados académicos, temos que falar nos resultados socais, alterações comportamentais até”, afirmou.

“Vemos como os alunos entram e vemos o efeito escola, vemos como saem”, disse, destacando o êxito alcançado no Parlamento Jovem, em concursos científicos promovidos pelo CERN, na Suíça, e outros méritos individuais de muitos dos alunos.

Reconhecendo as dificuldades existentes, o diretor da escola destaca o grande empenho da direção e do corpo docente em fortalecer a formação dada aos alunos, com protocolos com instituições dentro e fora do país.

Acácio de Brito considera que a escola “cumpre a sua missão” e sublinha a subida de sete lugares nos rankings e o facto de estar em 621 entre 633 no que toca aos exames no secundário, mas estar em 959 entre 1.221 escolas no básico.

A média da escola no ranking é claramente afetada pelo português, sendo que, recordou o responsável do centro escolar, esta é “uma realidade única” em que mais de 90% dos alunos da escola são timorenses, muitos dos quais têm no espaço escolar o único contacto com a língua portuguesa.

A nota global no secundário foi afetada, em particular, pelos maus resultados a português, cuja média no ensino secundário foi de apenas 4 valores, sendo que a matemática a média foi de 10,3 valores.

Criada em 2002 a Escola Portuguesa de Díli tem atualmente cerca de mil alunos com 62 professores, a maioria contratada em Portugal.