A mulher eleita Miss França 2024 este sábado considerou a sua vitória como uma vitória para a “diversidade”, depois de colher elogios pelo seu cabelo muito curto — algo inédito no concurso, que sempre premiou mulheres com longos fios. Não tardaram as críticas dos telespectadores online, que acusaram o concurso de se ter tornado “woke”.

“Ninguém deve ditar quem tu és”, declarou Eva Gilles, a jovem de 20 anos, proveniente uma aldeia perto de Dunkirk, no norte de França, após a vitória. “Estamos habituados a ver Misses bonitas com cabelo comprido, mas eu escolhi um look andrógino com cabelo curto”, sublinhou, acrescentando que “cada mulher é diferente, somos todas únicas”. Gilles usa o cabelo acima das orelhas, num corte conhecido como “à la garçonne” (em português “à rapaz”) popularizado nos anos 1950 por atrizes como Audrey Hepburn ou Jean Seberg.

Nos últimos anos, concursos de misses têm estado debaixo de fogo com acusações de sexismo e de perpetuar padrões de beleza. “Gostava de mostrar que a competição está a evoluir e a sociedade também, que a representação de mulheres é diversa, na minha opinião a beleza não está só limitada a cortes de cabelo ou formas que temos… ou não”, disse a francesa em palco, conta o Le Monde.

A Miss França é avaliada metade através da votação do público e a outra metade por um painel de sete juradas. Na final, Gilles ficou em terceiro lugar na votação do público, mas foi a escolhida pelo júri.

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“A Miss França já não é um concurso de beleza, mas um concurso woke baseado na inclusividade”, escreveu um crítico na rede social X, destacado pelo The Telegraph. Online, proliferam críticas semelhantes, bem como outras que aludem para a utilização do comprimento do cabelo como barómetro de inclusão. “Portanto, em França, em 2023, medimos o progresso do respeito das mulheres pelo comprimento do cabelo?“, escreveu Sandrine Rousseau, deputada ecologista do Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia (que usa cabelo muito curto).

A vitória de Gilles acontece dias depois depois de um tribunal ter ordenado a um canal de televisão e a uma produtora de televisão franceses que transmitem o concurso que indemnizassem duas mulheres que foram filmadas de tronco nu nos balneários do concurso “sem serem informadas”.