Os médicos vão estar em greve entre 8 e 9 de julho. A decisão da convocação desta greve foi transmitida na sexta-feira a Paulo Macedo, ministro da Saúde. A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) alega que esta paralisação se deve às más condições de trabalho dos médicos por todo o país, à adoção de um código de ética e atual situação do Serviço Nacional de Saúde. No entanto, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) prefere continuar a negociar.

A decisão foi tomada após uma reunião conjunta da Ordem dos Médicos (OM), da FNAM e do SIM com o ministro Paulo Macedo na tarde de sexta-feira. A reunião foi solicitada com caráter de urgência pelas três entidades, para exigir a correção das “gravosas medidas que têm vindo a fragmentar e desqualificar a prestação de cuidados médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”. “A FNAM anunciou ao senhor ministro o propósito de fazer greve nos próximos dias 08 e 09 de julho”, disse à Lusa Merlinde Madureira.

Já o SIM, citado este sábado pela Renascença, aponta que vai continuar a negociar com o ministro, mencionando haver matérias em que há “compromisso” com Paulo Macedo. O que preocupa os sindicatos do setor e a Ordem dos Médicos é a “grave e preocupante situação em que se encontram as instituições do SNS, quer do ponto de vista das condições de trabalho dos médicos, quer da qualidade dos cuidados prestados aos cidadãos, decorrente da política que tem vindo a ser implementada pelo Ministério da Saúde”, sublinharam as três organizações em comunicado divulgado quando foi pedida a reunião ao ministro.

Já a 30 de maio a Ordem dos Médicos tinha exigido ao Ministério da Saúde que recuasse quanto à aplicação de um conjunto de medidas em curso, como o Código de Ética e a classificação dos hospitais, advertindo que, caso tal não se verificasse, apoiaria as ações sindicais, como a greve.

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Ministério da Saúde diz que greve viola acordo

O Ministério da Saúde (MS) lamentou este sábado, em comunicado, a convocação da greve, sustentando que viola um acordo assinado por sindicatos em 2012. O MS sustenta que, a concretizar-se a paralisação, que considera injustificada, “violará a cláusula 23.ª do acordo assinado em outubro de 2012 por sindicatos médicos e o Ministério”.

No comunicado, o MS “reafirma a sua total disponibilidade para negociar com todas as organizações médicas, como sempre aconteceu”, acrescentando que “vários dos pontos constantes da agenda apresentada pelos sindicatos são passíveis de negociação, entendimento e compromisso”. “O MS acredita que, até à data do agendamento da greve, a FNAM possa ainda rever as suas posições, poupando os cidadãos aos sacrifícios que representaria a falta ou o adiamento de cuidados de saúde”, adianta.

A tutela considera ainda que o SNS “apesar da situação de crise vivida no país, tem-se revelado resiliente e robusto ao ponto de manter, e mesmo reforçar, os indicadores que colocam Portugal entre os melhores do mundo em muitas matérias, como a mortalidade infantil e a esperança de vida”. Adianta também que ficou marcada com os sindicatos uma nova reunião dentro de um mês, para retomar as negociações sobre os temas em discussão.