Um novo aparelho de defesa pessoal está a ser anunciado como a mais recente invenção para proteger as mulheres da violência na rua. O Defender é um pequeno spray de gás pimenta que aproveita a tecnologia para disparar um alarme, fotografar o assaltante e enviar as imagens para a polícia com a informação do local do assalto. Tudo isto acontece ao pressionar um simples botão.

O aparelho está ligado via Bluetooth a uma aplicação no smartphone, que envia automaticamente as imagens do assaltante num sistema monitorizado de 24/7. Depois, as imagens chegam à polícia juntamente com as coordenadas de GPS do local do assalto.  O projeto The Defender, que funciona com o sistema iOS e Android, foi financiado pelo site de angariação (crowdfunding) Indiegogo — o pedido inicial de 100 mil dólares foi largamente ultrapassado e cifra-se já em 224 mil dólares, faltando ainda 24 dias para o fim do prazo, comprovando o interesse popular.

Por 179 dólares (cerca de 134 euros) é possível adquirir o novo gadget da defesa feminina, mas não para já. O aparelho só vai chegar às lojas dos EUA em 2015, mas já conta com 2,100 unidades em pré-encomenda. “Queremos que esta tecnologia interesse aos homens e às mulheres. Mas temos tido muitos homens interessados em comprá-lo para as mulheres, filhas e mães”, conta Ryan McManus. O diretor de marketing da empresa Pangaea Services, responsável pela produção do The Defender, aponta a “capacidade de responder a um alerta e contactar as autoridades” como a grande mais-valia do objeto.

Para os assaltos mais graves, que envolvam emergências médicas, também há solução. Caso fique ferida, a utilizadora só tem de ativar outro botão. O “alarme médico” está ligado a uma central de informação que entra em contacto com os meios de assistência médica. As utilizadoras podem até informar sobre problemas de saúde que tenham ou já tenham tido. Numa emergência, a preocupação também está em avisar família e amigos. O The Defender responde ao desafio: envia um alerta em texto ou e-mail para cinco contactos, previamente selecionados pela utilizadora.

Para uns, o objeto é uma inovação na defesa pessoal das mulheres. Para outros, pode dificultar o combate ao assédio sexual. Orla Sheehan, presidente da Sociedade Feminista da Universidade de Southampton, em Inglaterra, vira a questão ao contrário. “As mulheres não têm de precisar de andar com o Defender para se sentirem seguras. Eu não consigo viver a minha vida numa constante preparação para o ataque. Não é suposto ser assim”, explica ao The Guardian. O preço do aparelho contribui para a crítica de Orla Sheehan, que acrescenta: “Os 179 dólares dizem uma coisa: se és rica, podes estar em segurança. Não podemos viver num mundo em que a segurança da mulher depende do seu salário”.

Mesmo que este aparelho ficasse disponível na Europa, não poderia ainda ser encomendado em Portugal. Não só o sistema de defesa pessoal por gás pimenta é ilegal para utilização não regulamentada por exigir porte de arma, como não existe uma estrutura de segurança privada que garanta o apoio às vítimas. Nos Estados Unidos o aparelho é legal em todos os 50 estados e a estrutura existe.

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