A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, acusou neste domingo o primeiro-ministro de viver num “maravilhoso mundo” marcado pelo “peso e abuso sobre o erário público” e, em contrapartida, pela “borla às empresas”.

“É este o maravilhoso mundo de Pedro Passos Coelho, o peso, o abuso sobre o erário público, o abuso sobre quem trabalha e a borla às empresas”, criticou. O que se passa em Portugal, segundo Catarina Martins, é que há “cada vez menos dinheiro para garantir o que é de todos”, mas, por outro lado, “cada vez mais dinheiro dos impostos para garantir os lucros a uma meia dúzia”.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) discursava na sessão de encerramento do Fórum Socialismo 2014, iniciativa que o partido realizou em Évora. Na intervenção, Catarina Martins teceu inúmeras críticas ao Governo PSD/CDS-PP e, sendo esta a última ‘rentrée’ antes das legislativas do próximo ano, apresentou um balanço da atuação do executivo.

Em “1166 dias de Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, cada dia” foi “uma má notícia para o país”, resumiu a coordenadora do Bloco. Num país em que “nunca se pagou tantos impostos como hoje”, o Governo alega que “não há dinheiro para o que é essencial”, mas não atua assim em relação às empresas.

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O dinheiro “apareceu logo, o nosso dinheiro, para descer os impostos sobre os lucros das grandes empresas, como apareceu logo para o BES, como aparece até para garantir postos de trabalho gratuitos nas empresas”, disse. “Seis em cada 10 postos de trabalho criados nas empresas privadas são hoje pagos com dinheiros públicos”, ou seja, criticou, “o mesmo Governo que tem destruído milhares de postos de trabalho nas escolas e centros de saúde do país, corre a pagar os salários para as empresas garantirem estagiários sem direitos”.

Exemplo do que apelidou como sendo o “maravilhoso mundo” do primeiro-ministro, o qual criticou também, de forma irónica, em relação a declarações que fez na Festa do Pontal, no Algarve, este mês. “Neste caldo cultural das privatizações e das negociatas, são ainda mais chocantes as declarações de Pedro Passos Coelho no Pontal, ao dizer que, com este Governo acabou a promiscuidade entre a política e os negócios”, aludiu.

Segundo a coordenadora do BE, estas declarações merecem uma pergunta: “Ouvimos mesmo Pedro Passos Coelho dizer uma coisa destas? Por onde andou nos últimos três anos senhor primeiro-ministro?”. “Se calhar, o primeiro-ministro não reparou em José Luís Arnaut, homem-chave do PSD que esteve em todas as privatizações, mas todas sem exceção”, acusou.

No discurso, no fecho do Fórum Socialismo 2014, Catarina Martins revelou ainda que, no próximo ano, o BE vai concentrar-se em “três batalhas fundamentais”. A defesa e modernização dos serviços públicos, o apoio “a quem mais precisa e que está a ser deixado para trás por este Governo” e a “ideia radical” de que “para cada posto de trabalho terá que existir um contrato e um salário” vão ser as ‘bandeiras” do BE.