A safra do atum nos Açores, decisiva para o volume de pescado na região, regista este ano uma quebra “brutal” de 50 por cento nas capturas em comparação com 2013, segundo a Federação das Pescas dos Açores.

“Está problemático este ano. Temos um ano para esquecer em termos comparativos com o ano passado. Nós sabemos que os anos na pesca são sempre atípicos, nada é igual, mas este ano a queda foi brutal”, declarou à agência Lusa o presidente da Federação de Pescas dos Açores (FPA).

José António Fernandes explicou que em 2013, nesta altura do ano, a frota açoriana já tinha capturado 4400 toneladas, enquanto este ano este valor caiu para as 2.200 toneladas.

No caso específico do bonito, uma das espécies de atum mais importantes para os profissionais do setor e armadores, foram capturadas, até a data, 663 toneladas, contra as duas mil de 2013.

“O bonito, a espécie que dá alguma esperança aos pescadores de terem um inverno mais descansado, pura e simplesmente registou capturas muito baixas”, declarou José António Fernandes.

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O bonito, a par do atum voador, patudo, albacora e o rabilho passam em águas dos Açores a caminho do Mediterrâneo, altura em que são capturados pela frota atuneira açoriana, contribuindo de forma decisiva para o rendimento anual dos pescadores e armadores.

O dirigente da FPA frisou que não são apenas os pescadores associados aos atuneiros que vão para a pesca do atum, mas também as embarcações locais e costeiras, que praticam vários tipos de pescaria e que deixam o espaço de agosto, setembro e parte de outubro para pescar o bonito na costa, onde este surge também.

“A pesca do atum é uma mais-valia para todos os armadores e pescadores que desenvolvem esta atividade no Pico, São Miguel, Santa Maria e Flores”, declarou.

José António Fernandes referiu que se o atum, que é uma espécie migratória, passou este ano pelas águas açorianas, foi longe, em zonas profundas, e menos à superfície, de forma a ser capturado, o que cria um “problema muito grave” para o inverno que se aproxima.

No que concerne à valorização do pescado, o líder da FPA declarou que se registou apenas uma “pequena subida” no preço médio, mas o bonito acusou uma quebra de quatro cêntimos por quilo.

Por outro lado, frisou que houve outras espécies que baixaram nas capturas, mas que foram mais valorizadas, como foi o caso do cherne.

“As restantes espécies não sofreram mexidas nos preços, mas tivemos quebras em quase todas as espécies”, declarou.

Segundo José António Fernandes, os pescadores dos Açores vão ter um final de ano “difícil de ultrapassar”, uma vez que “não estão a conseguir amealhar verbas para fazer face ao inverno que se aproxima”.