Em 1957, a atriz italiana Sophia Loren vestia a pele de Juana no filme Orgulho e Paixão, longa-metragem onde contracenou ao lado do ator Cary Grant que aí interpretava o herói inglês. Dois nomes de peso na história do cinema que, durante as filmagens, protagonizaram uma história de amor. Impossível e intensa, como se de um guião ao estilo de Hollywood se tratasse.

Loren, escreve o Guardian, foi atraída para um tórrido affair com Grant enquanto o filme era rodado por terras espanholas. Essas e outras memórias vão ser publicadas dentro de algumas semanas, aos 80 anos de vida da atriz, numa autobiografia recheada de pormenores íntimos que descrevem a “perseguição” constante de Grant pela jovem italiana, mesmo sendo ele, à data, 30 anos mais velho e casado com a terceira mulher. O lançamento de Yesterday, Today And Tomorrow – My Life (“Ontem, hoje e amanhã — A minha vida”) deve-se à descoberta de cartas e presentes encontrados na casa suíça da artista.

Numa das cartas é possível ler-se: “Perdoa-me, querida rapariga. Estou a pressionar-te demasiado. Reza — que eu também — até à próxima semana. Adeus Sophia. Cary”.

https://twitter.com/GracilAlvrz/status/514413732253143041

As páginas prometem contar como Grant pedia a Loren para rezarem juntos, no sentido de perceberem em conjunto se deveriam, ou não, abandonar os respetivos parceiros: “Se pensares e rezares comigo, pela mesma coisa e motivo, tudo vai ficar bem e a vida vai ser boa”. À data, explica o jornal britânico, Loren estava prestes a casar com o produtor cinematográfico Carlo Ponti e uma escolha era iminente, com potencial para reescrever uma vida inteira: teria de optar entre o italiano com quem estava comprometida ou a estrela de Hollywood de um país diferente. A atriz esteve com Ponti durante cinco década, até à sua morte em 2007 — mas, sim, Grant chegou a pedir-la em casamento.

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“Sabe, eu tinha de fazer uma escolha, Carlo era italiano; ele pertencia ao meu mundo. (…) Eu sabia que era coisa certa de fazer, para mim. (…) Na altura não tive quaisquer arrependimentos, eu estava apaixonada pelo meu marido. Eu tinha muito carinho por Cary, mas tinha 23 anos de idade. (…) Não conseguia decidir-me a casar com um gigante de outro país e deixar o Carlo. Não senti que devia dar o grande passo.” Sophia Loren

Uma segunda investida de Grant aconteceu passados dois anos no set da comédia romântica Quase nos teus braços, filme baseado numa ideia original da mulher do ator, Betsy Drake — Drake era suposta entrar no filme, mas o casamento estava a passar uma fase difícil e acabou por ser substituída por Loren. Mais tarde, o realizador Melville Shavelson viria a queixar-se que a tensão sexual entre os protagonistas dificultou a realização da película. A história parece contrariar os rumores que, depois da sua morte, apontam para que Grant fosse gay. 

Loren nasceu Sofia Scicolone em Rome. Cresceu em Pozzuoli, uma pobre cidade perto de Nápoles, e recorda-se de mendigar comida a soldados norte-americanos por altura da segunda Grande Guerra. Era tão magra, diz o Daily Mail, que lhe chamavam de stuzzicadenti (palito, em português). Mais tarde foi modelo e ganhou concursos de beleza — num deles, no início de 1950, foi “encontrada” por Carlo Ponti, quem lhe garantiu os primeiros trabalhos enquanto atriz. O início de vida atribulado não a impediu, porém, de ascender a um estrelato irrevogável e — arriscamo-nos a dizer — intemporal.