É oficial: a Microsoft, que comprou a empresa de telemóveis Nokia a 25 de abril deste ano, por cerca de 5,4 mil milhões de euros, vai acabar com a marca finlandesa e renomeá-la como Microsoft Lumia.

Quem cresceu nos anos 90 sabe bem o que significava ter um telemóvel Nokia 3310. Quando este modelo chegou a Portugal revolucionou o mercado de comunicações móveis e tornou-se um objeto de culto – quem não lembra com nostalgia as horas que passou jogar Snake II? Ou de percorrer as prateleiras das lojas de acessórios à procura daquela capa que ia deixar roídos de inveja amigos e vizinhos? A marca finlandesa, hoje parte do imaginário popular, vai finalmente desaparecer.

Esta decisão da empresa fundada por Bill Gates não é, porém, inesperada. Já há algum tempo que circulavam rumores nesse sentido e a própria Microsoft já tinha alterado o nome de algumas das aplicações do sistema operativo Windows Phone para Lumia.

Todavia, o grupo Nokia não acabou por completo, porque o setor que foi comprado pela Microsoft apenas abrange o design, o fabrico e a comercialização de dispositivos móveis.

O outro setor do grupo, que permanece independente e que se dedica exclusivamente à fabricação e manutenção de redes de telecomunicações, ao desenho de mapas digitais e aos serviços de geolocalização vai continuar a existir, está bem e recomenda-se: a empresa finlandesa apresentou esta quinta-feira um lucro operacional de 457 milhões de euros no último trimestre, contrariando toda as expectativas.

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O fim de uma marca icónica como a Nokia não é, contudo, um caso isolado. Dezenas de outras marcas famosas conheceram o mesmo destino: desapareceram, sofreram reestruturações ou foram absorvidas por outras empresas. O Observador dá-lhe a conhecer seis empresas que faliram ou que mudaram o seu segmento de mercado depois de terem enfrentado crises profundas.

 

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Blockbuster

Durante os anos 90, a rede de locadoras Blockbuster chegou a ter aproximadamente 70 milhões de clientes, só nos Estados Unidos. Mas o surgimento da televisão por cabo e o aumento da reprodução de cópias ilegais, consequência da revolução digital e da democratização da Internet, foram madrastas para a empresa, que chegou a acumular uma dívida de mil milhões de dólares (788 milhões de euros).

 

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SEGA

A empresa de videojogos que nos trouxe Sonic e companhia anunciou no início de 2001 que ia deixar a produção de consolas e dedicar-se apenas ao desenvolvimento de jogos para outras empresas. Depois do sucesso da consola Megadrive (1988), as apostas nas plataformas SegaSaturn (1994) e DreamCast (1998) traduziram-se num forte rombo nos cofres da empresa, levando, por fim, à sua reestruturação.

Blackberry-Logo

Blackberry

A empresa do Canadá, que chegou a dominar 43% do mercado de comunicações móveis, perdeu espaço para as concorrentes Apple e Samsung e entrou em declínio – os últimos dados divulgados apontam para um prejuízo líquido de 207 milhões de dólares (164 milhões de euros) no segundo trimestre do ano. Segundo alguns rumores, a mulitnacional chinesa Lenovo prepara-se para comprar a empresa, que, depois da reestruturação que sofreu no ano de 2013, está mais focada na produção de software e a abandonar progressivamente a aposta no fabrico de telemóveis.

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Eastman Kodak Company

A Eastman Kodak Company, fundada por Henry A. Strong e George Eastman (inventor do rolo fotográfico), chegou a dominar 90% do mercado nos Estados Unidos durante a década de 70. Com a revolução digital, a empresa atravessou uma crise profunda e em 2012 declarou insolvência. Depois da reestruturação, que a obrigou a desistir de vários serviços, como o fabrico de câmaras digitais, por exemplo, a empresa apresentou sinais positivos, dando alguns sinais de recuperação.

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Hummer

Os automóveis produzidos pela General Motors (GM) eram, para muitos, uma demonstração de poder e de estatuto social. No entanto, a crise global que afetou o setor automóvel reduziu drasticamente a venda destes veículos de inspiração militar. A GM tentou vender a marca, mas não conseguiu encontrar nenhum comprador e em 2011 a produção dos Hummer foi descontinuada.

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Pan American World Airways (PAN AN)

A transportadora aérea norte-americana, fundada em 1927, foi originalmente criada para transportar correio entre os Estados Unidos e Cuba. Depois de estender a sua área de negócios, atingiu o pico durante os anos 60 e 70, tornando-se a maior empresa de aviação do país. No entanto, o atentado terrorista ao voo 103 (1988) e o aumento dos preços dos combustíveis causado pela Guerra do Golfo destruíram progressivamente a saúde financeira da empresa. Faliu em 1991.