Uma iraniana de 26 anos foi este sábado enforcada por ter matado o homem que a tentou violar. Os esforços da comunidade internacional não conseguiram demover o Irão de executar a mulher esta manhã.

Reyhaneh Jabbari foi detida em 2007 depois confessar que tinha matado Morteza Abdolali Sarbandi, um antigo funcionário dos Serviços Secretos iranianos. Segundo a Organização das Nações Unidas, a União Europeia e a Amnistia Internacional, a confissão foi obtida mediante ameaças e tortura e a mulher deveria ter tido direito a um julgamento justo, noticiou o Guardian. Depois de detida, a mulher esteve dois meses fechada na solitária, sem poder contactar a família ou um advogado, revelou a CNN.

A mulher iraniana tinha sido contratada pelo cirurgião de 47 anos para redesenhar o consultório e confessou tê-lo esfaqueado uma vez nas costas em legítima defesa depois de ele a ter tentado violar. No entanto, Reyhaneh Jabbari disse que foi o outro homem que estava na casa que o terá matado. A Amnistia Internacional acusa o Irão de não se ter esforçado por investigar se existiria realmente uma terceira pessoa na casa, noticiou a Aljazeera.

Depois da execução o equivalente ao procurador do Ministério Público do Estado do Teerão disse que: “Jabbari tinha confessado repetidamente a premeditação do assassinato, mas depois tentou desviar a atenção ao inventar a acusação de violação. Porém, todos os esforços para se fingir inocente provaram-se falsos em várias fases do processo.” Alegando provas irrefutáveis o procurador afirmou também que “ela tinha enviado uma mensagem de texto a um amigo informando a intenção de matar”. “Confirmou-se que ela tinha comprado a arma do crime, uma faca de cozinha, dois dias antes de cometer assassinato.”

Satisfeita com a decisão do tribunal e com a execução está a família Morteza Abdolali Sarbandi, que insiste que o homicídio foi premeditado e que Reyhaneh Jabbari terá confessado que tinha comprado um faca dois dias antes, noticiou o Guardian. Segundo o filho mais velho do médico, só poderiam perdoá-la se ela identificasse o homem que se encontrava na casa.

“A notícia chocante de que Reyhaneh Jabbari foi executada é profundamente dececionante, no limite. É mais uma mancha de sangue no registo dos direitos humanos do Irão”, disse Hassiba Hadj Sahraoui, diretor-adjunto da Amnistia Internacional para o Programa do Oriente Médio e Norte da África, segundo a Aljazeera. “Tragicamente, este caso está longe de ser raro. Mais uma vez, o Irão insistiu em aplicar a pena de morte, apesar de sérias preocupações sobre a imparcialidade do julgamento.” Segundo as Nações Unidas, o Irão já executou pelo menos 250 pessoas este ano, referiu o Guardian. No último ano foi o país com mais execuções a seguir à China.

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