Acabou. É o fim. “This is the end, my only friend, the end”, é um dos versos lidos, tocados e cantados ao embalo dos The Doors, na canção ‘The End’. Isto interessa? Em parte, sim. Este texto vai dissertar sobre a Nokia e os telemóveis que, durante mais de 20 anos, a empresa finlandesa deu ao mundo. E, se foi dono de um deles, é provável que, mais ano menos ano, tivesse nas mãos um dos modelos que permitia personalizar e compor o seu próprio tom de toque polifónico. Com jeitinho, portanto, conseguiria por o telemóvel a tocar ao ritmo das canções que seguiam à boleia da voz de Jim Morrison.

Esta foi uma das novidades que, ao longo dos anos, a Nokia foi introduzindo no mercado. Agora já não. É o fim. Não da Nokia, mas do nome. Na passada semana, a Microsoft — que, em abril, comprou o ramo de negócio dos telemóveis da empresa finlandesa por cerca de 2,5 mil milhões de euros — anunciou que o nome da marca escandinava deixará de aparecer nos smartphones e equipamentos produzidos pela empresa. Ou seja, terminará assim uma história que, mais coisa, menos coisa, começou no início da década de 1990 a meter telemóveis nas mãos de milhões de pessoas no mundo.

Conjuntos de números como 5510 ou 3310 tornaram-se lugares comuns entre quem pretendia comunicar através de um objeto pequeno e sem fios. Modelos de telemóveis da Nokia houve muitos. E bons. O diário espanhol ABC criou uma lista que juntou os nove mais icónicos que a marca produziu e lançou ao longo dos anos. Listas destas há várias, espalhadas pela imprensa mundial. Aqui fica uma coleção dos 1o modelos mais marcantes, os que mais venderam ou os que mais atenções recolheram, na época.

1. O primeiro tijolo

Quando tudo começou. Em 1992, a Nokia lançou o primeiro telemóvel que saiu da sua fábrica. O 1011 era grande, pesado e tinha uma antena. Tinha espaço na memória para aguentar 99 números gravados e dava para receber e enviar sms. E pronto. Bastava isso. Até porque, na altura, a novidade, e das grandes, era mesmo dar o poder para uma pessoa conseguir comunicar sem ter na mão algo que, com um fio, estivesse preso a qualquer outra coisa. Este telemóvel, na altura do lançamento, veio com um preço a rondar os 1.200 euros.

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2. Começa a encolher

Dois anos volvidos, o sucessor. E que sucessão. O modelo 2011, além de mais leve, introduziu o Nokia Tune, tom de toque que, com as devidas alterações impostas pela evolução dos tempos, ainda hoje perdura na lista de melodias dos smartphones da marca. O 2011 saiu em 1994 e já permitia escrever três linhas de texto com dez carateres cada. O espaço de armazenamento já ia aos 125 contactos e até chegava para gravar chamadas feitas ou perdidas. E mais: foi o primeiro telemóvel a ter o famoso ‘Snake’, jogo da cobra. Mas já lá vamos.

3. O primeiro esperto

Um telemóvel, já esperto, que chegou antes do tempo. O Nokia 9000 Communicator apareceu em 1996 e, para a época, oferecia uma série de funcionalidades inovador — até navegar na internet fazia parte do seu portefólio de características. A capacidade para enviar faxes, também. O problema era o resto: o aparelho custava à volta de 800 euros, era grande e pesava 327 gramas. Mas se a Blackberry se inspirou em alguma coisa para criar os seus telemóveis, terá sido na gama Communicator (que ainda teria mais uns quantos modelos).

4. Venham as cores (nas capas)

A explosão começou aqui. Quando o modelo 5110 surgiu nas lojas, os consumidores passaram a matutar sobre que cor poderiam ter na capa que cobria o telemóvel. Foi um dos primeiros telemóveis de sempre a permitir isto (a Nokia vendia sete capas de cores distintas). Tinha todas a funcionalidades básicas e, aqui sim, começou a popularizar uma coisa: o ‘Snake’. O jogo que consistia em guiar uma cobra, dentro do retângulo, e fazê-la comer à medida que ia ganhando comprimento, viciou milhões em todo o mundo. Já só pesava 170 gramas e a bateria tinha à volta de 270 horas de autonomia.

5. O rastilho

Venderam-se mais de 160 milhões de unidades deste telemóvel. O 3210 já não tinha antena, era compacto e também existia em cores diferentes. Além do ‘Snake’, este modelo era vendido com outros dois jogos: o ‘Memory’ e o ‘Rotation’. Tudo junto, foi o primeiro telemóvel que a Nokia que chegou, em massa, a um público mais jovem. Aguentava 260 horas em repouso e 4,5 em conversação.

6. A explosão

Em setembro de 2000, aparecia talvez o modelo mais reconhecido da Nokia, o 3310. O telemóvel, em aparência, era uma espécie de operação plástica ao 3210 — um design mais moderno e arredondado. Apresentou ao mercado coisas como a calculadora ou os lembretes. Tinha quatro jogos incluídos (o ‘Snake’, claro está, era um deles) e pesava 115 ou 132 gramas, dependendo da versão da bateria. Permitia o envio de uma sms até 459 carateres.

7. As cores (no ecrã) e o 3G

O ano de 2002 trouxe várias novidades. Por um lado, apareceu o 8210, o primeiro telemóvel da Nokia com um ecrã a cores, e o 3510, também a cores, que vendeu cerca de 15 milhões de unidades nesse ano. Depois, surgiu também o 6650, o primeiro da marca a ter tecnologia 3G incorporada, além de ter uma câmara com resolução VGA (Video Graphics Array). Este modelo, aliás, já permitia captar fotografias enquanto se realizava uma chamada.

8. O mais vendido

Falar, enviar mensagens, ver as horas e pronto. O Nokia 1100 para pouco mais servia. A marca finlandesa até idealizou o modelo para ser comercializado em países em desenvolvimento, mas a verdade é que caiu no goto dos clientes um pouco por todo o mundo. Tanto que, em 2011, nove anos após começar a ser comercializado (em 2002), a Nokia afirmava que tinha vendido mais de 250 milhões de unidades deste modelo — tornando-o no telemóvel com o maior sucesso de sempre.

9. Venham os jogos

 

N-Gage. Assim se chamava o primeiro telemóvel feito a pensar em quem gostava de jogar até mais não. Além de ter MP3, este aparelho foi fabricado para ser utilizado na horizontal, com as duas mãos, e foi uma aposta que a Nokia focou no público mais jovem. A série foi lançada em 2003 e extinta em 2009, sem que tivesse conseguido atingir um grande sucesso no objetivo ao qual se propôs. A par disso, não era barato: custava mais de 200 euros.

10. Olá smartphone

 

Um dos melhores smarphones de sempre (antes de aparecerem os iPhones, claro). O Nokia N95 foi lançado em 2007, mas, em 2011, era assim que a revista PC Mag classificava o aparelho que, na altura, oferecia tudo: a então câmara fotográfica mais potente do mercado (5 mega pixel) ou a hipótese de ligar a uma rede Wi-fi (e 3G). O preço refletia isso mesmo: começou a ser vendido por cerca de 550 euros.