Pelo menos quatro israelitas morreram e oito ficaram feridos esta manhã na sequência de um “ataque terrorista” levado a cabo por palestinianos numa sinagoga em Jerusalém. Dois dos atacantes, palestinianos oriundos de Jerusalém oriental, foram mortos a tiro pela polícia, avança a imprensa internacional.

De acordo com o porta-voz da polícia israelita, Luba Samri, o ataque terá sido levado a cabo por dois homens armados com machados, facas e pistolas no bairro de Har Nof, em Jerusalém ocidental, durante o período de orações. Ambos os atacantes foram abatidos pela polícia no local.

As imagens que chegam do local são impressionantes.

O incidente, que ocorreu precisamente na entrada da sinagoga, desencadeou uma enorme concentração de forças policiais no local do ataque, assim como noutros bairros de Jerusalém onde tendencialmente ocorrem confrontos entre israelitas e palestinianos, por prevenção, escreve o jornal israelita Haaretz.

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Um relato feito ao mesmo jornal, de um residente próximo do local do atentado, descreveu o cenário como um tiroteio aparatoso: “Ouvimos as sirenes da polícia e fomos lá fora, depois vimos a polícia a cercar e a abrir fogo. Foram disparados muitos tiros e vi um dos agentes ficar ferido e os terroristas a ser mortos”, disse Eliyahu Rotenberg.

Yehuda Meshi Zahav, outra testemunha, acrescentou ao Hareetz um cenário de terror, apenas comparável ao que aconteceu no Holocausto, disse. “Já vi muitas cenas de desastre em que houve muito mais mortes, mas não me lembro de ver nada como isto”, disse, referindo-se aos quatro corpos de judeus mortos, três dentro da sinagoga, e um no corredor. “Isto não é cliché, é a realidade”, continuou, acrescentando que “só vimos estas coisas acontecer no Holocausto”.

Incitamento do ataque

O primeiro-ministro israelita já reagiu ao ataque, prometendo resposta com “mão pesada” àquilo que classificou como um “brutal assassinato”. “Isto é o resultado direto do incitamento à violência levado a cabo pelo Hamas e por Abu Mazen [nome por que é conhecido Mahmoud Abbas, presidente do Estado da Palestiniana]”, disse Benjamin Netanyahu, acrescentando que a comunidade internacional tem ignorado a questão com “irresponsabilidade”.

A violência surge numa altura em que aumentam as tensões e os confrontos na cidade de Jerusalém, com a morte de seis pessoas nas últimas semanas e com os anúncio do Governo de Israel de que planeia construir mais casas de colonos em Jerusalém Oriental. A BBC, no entanto, lembra que o episódio violento desta manhã de terça-feira parece surgir como resposta direta para a morte de um palestiniano no domingo à noite, que foi encontrado sem vida num autocarro de Jerusalém oriental. A notícia da sua morte desencadeou uma nova vaga de protestos em vários bairros palestinianos.

O ataque já foi reivindicado pelas Brigadas Abu Ali Mustafa, ala militar da Frente Popular para a Libertação da Palestina que tem estado por detrás de muitos dos ataques contra israelitas. Entretanto, o gabinete de Mahmoud Abbas divulgou uma nota de reação ao atentado, onde se lia que a “presidência condenava o ataque contra judeus no seu local de oração e condenava a morte de civis, independentemente de quem esteve por detrás do episódio”.

O Hamas e a Fatah, de Mahmoud Abbas, que são fações rivais na Palestina, chegaram a acordo no início do ano para formar governo, num gesto que foi mal recebido na altura por Israel.