Nasceu em Tijuana, México, em 1990. No ano passado levantou dúvidas, os mais céticos franziram a sobrancelha. Chegou no verão de 2013 ao Estádio do Dragão, quando um ano antes vencera os Jogos Olímpicos, contra o Brasil (2-1) na final de Londres. Foi titular, com o número 6 nas costas, e foi do meio-campo que viu Oribe Peralta marcar dois golos contra Neymar, Oscar, Marcelo, Hulk e companhia. Falamos de Herrera, pois claro. O mexicano marcou um golo e ofereceu outros dois no 3-0 ao BATE Borisov. A técnica que sempre anunciou, a visão que prometeu e a dinâmica que se fazia adivinhar misturaram-se durante a segunda parte… e foi bom de ver. Podemos esperar mais disto, Héctor?

Os adeptos bielorrussos sonharam provavelmente com Brahimi na véspera deste jogo. O argelino marcou três golos no 6-0 no Estádio do Dragão, quando estas equipas se encontraram pela primeira vez. A qualificação para os oitavos estava garantida, mas uma vitória assegurava duas coisas: cimentar o primeiro lugar do grupo e mais um milhão de euros. “Todos nós já jogámos com temperaturas assim, tanto no clube como nas seleções. Não interfere em nada no nosso dia-a-dia. Estamos habituados”, disse Alex Sandro segunda-feira. Mas não foi bem assim, viu-se um FC Porto com problemas de adaptação ao frio e relvado. E, admitamos, as ideias estavam igualmente congeladas.

O BATE chegou a esta partida com 19 golos sofridos em apenas quatro jogos nesta edição da Champions. É dose. Mas esta fragilidade anunciada não se verificou na primeira meia hora. Os bielorrussos entraram com a pedalada toda, a pressionar forte, sem medos do rival mais experimentado e dotado de armas de outro gabarito. Apesar da posse de bola, que estacionaria perto dos 70% no intervalo, o FC Porto não teve arte e engenho para chegar perto da baliza de Chernik. O melhor que se conseguiu foi um cruzamento de Quaresma com a canhota, a partir do corredor direito, depois de uma boa jogada entre Brahimi e Jackson. E ainda um livre direto, frouxo, de Brahimi, que tentou imitar o que fizera n Dragão contra este rival.

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Ritmo baixo e devagar, devagarinho, foi assim que se jogou neste primeiro tempo. O relvado estava mau? Sim, um pouco. Fazia frio? Sim senhor. Mas não explica tudo. O apuramento já garantido pode fazer os jogadores abrandar, embora haja uma liderança para agarrar com as duas mãos. O aspeto mais negativo desta primeira parte foi, porventura, a qualidade na saída de bola dos defesas centrais do FC Porto, que continuam a oferecer suores frios às suas gentes. Desta vez a dupla foi Marcano e Indi.

A segunda parte foi diferente. Espectacular? Nada disso. Longe disso, mas houve golos. Isso e um chocolate maravilhoso de Herrera. O meio-campo continuou a controlar a partida, embora por vezes estivesse algo distante do ataque. Jackson esteve isolado, muitas vezes. Brahimi, aqui e ali fazia tremer o lateral direito com as diagonais, mas não estava naqueles dias. Parecia dos mais afetados com o frio. Quaresma teve um dia para esquecer, com alguns cruzamentos para trás da baliza (sairia por Tello na segunda parte). Bem, bem, estava Casemiro e, melhor ainda, Herrera. O mexicano acabaria por ser a estrela desta partida.

Aos 56′, Casemiro roubou a bola a um apático rival, acabando por sobrar para Herrera. Sem muitas preparações, chutou, de fora da área, descaído para a direita, em força, 1-0. Parecia um grande, belíssimo golo, mas algumas repetições ajudaram a perceber que o guarda-redes do BATE facilitou. Pena, mas fica a coragem, ousadia, qualidade e potência do remate do mexicano. O FC Porto, que já estava melhor que o rival desde a meia hora de jogo, continuaria por cima e a controlar todas as operações até ao fim. Só muito raramente os bielorrussos conseguiam espreguiçar-se no relvado.

Aos 64′, foi a vez do senhor-golo dar de si. Jackson Martínez aproveitou um toque de Herrera, já dentro da área, e colocou com o pé esquerdo no poste mais distante, 2-0. Agora sim, Lopetegui podia respirar de alívio. O avançado leva cinco golos em cinco jornadas. O ritmo abrandaria ainda mais, castigado pelas inúmeras substituições de parte a parte. Adrián e Tello, por Quaresma e Brahimi, jogariam os últimos minutos. Tello, emprestado pelo Barcelona, fecharia o marcador. Aconteceu aos 88′, depois de um passe de… Herrera, que rasgou a defesa bielorrusa toda, 3-0. Que grande segunda parte do mexicano.

Ponto final. Mais uma vitória para o FC Porto, que atinge os 13 golos em cinco jornadas na fase de grupos, ultrapassando os melhores registos (ver em baixo). Basta esperar agora que o Shakthar não vença em casa o Athletic Bilbao, para que o primeiro lugar fique já fechado.