O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, condenou nesta quarta-feira o “ato de terrorismo odioso” em Paris e manifestou-se convicto de que a França e os seus valores de “liberdade e tolerância” triunfarão sobre quem os atacou. Numa carta dirigida ao primeiro-ministro francês, Manuel Valls, Passos Coelho disse ter recebido com consternação a notícia de que o jornal satírico francês Charlie Hebdo foi hoje alvo de um ataque, em Paris, que causou 12 mortos e 20 feridos.

“Em nome do Governo português e a título pessoal, condeno nos termos mais firmes este ato de terrorismo odioso que mergulhou a França num imenso luto que partilhamos com desgosto e profunda solidariedade”, refere. Na missiva, o chefe do Governo PSD/CDS-PP apresenta as suas condolências às famílias atingidas e deseja um rápido restabelecimento aos feridos.

“Face a estes acontecimentos dramáticos, sabemos que a República francesa, apoiada nas suas instituições democráticas e nos seus valores de liberdade e tolerância, saberá fazer triunfar a justiça contra os que os atacaram”, afirmou, sublinhando que a França “sabe que pode contar com todo o apoio de Portugal”.

Criado em 1992 pelo escritor e jornalista François Cavanna, o semanário Charlie Hebdo ficou conhecido nos últimos anos por publicar caricaturas do profeta Maomé, cuja reprodução é considerada uma blasfémia pelo islão. Entre as vítimas mortais do ataque de hoje estão o jornalista, cartoonista e diretor, Charb, e outros três cartoonistas: Cabu (Jean Cabut), Tignous (Bernard Verlhac) e Georges Wolinski.

São várias as capas do jornal que suscitaram a ira de muçulmanos mais fundamentalistas, entre as quais desenhos do profeta Maomé nu e numa cadeira de rodas, a ser conduzido por um rabino judaico. O ataque, ainda não reivindicado, foi executado por dois homens armados com uma ‘kalashnikov’ e um ‘lança-rockets’, na redação do jornal, e que terão gritado “vingámos o profeta”, segundo testemunhas citadas por uma fonte policial.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR