A frequência de acidentes com javalis, veados e corços é maior nas estradas municipais, segundo um trabalho de pesquisa da Universidade de Aveiro (UA) que recomenda algumas medidas para reduzir esta sinistralidade. “Devem ser aplicadas medidas de mitigação” nas vias em que se registam mais acidentes com estes animais ungulados, como “mais sinalização, construção de passagens para fauna e vedação das infraestruturas”, entre outras, segundo o estudo a que a agência Lusa teve acesso.

Intitulado “Avaliação dos impactos das infraestruturas lineares nas populações de ungulados”, o trabalho de pesquisa foi realizado, nas regiões Centro e Norte, por Sara Isabel Marques, da Unidade de Vida Selvagem da UA, coordenada cientificamente por Carlos Fonseca. Entre outros objetivos, a investigação visou “reconhecer o javali como a espécie de ungulado mais afetada” por estes acidentes.

O javali é o ungulado selvagem “mais abundante” em Portugal, estando “amplamente distribuído” de norte a sul. Em 2010, existiam em Portugal entre 15 e 20 mil veados, que revelam “picos de atividade ao amanhecer e entardecer”, tal como os corços, que tinham então uma população estimada de 3.000 a 5.000 indivíduos no país. “Em Portugal, ao contrário de outros países da União Europeia, as seguradoras não cobrem este tipo de acidentes com animais selvagens”, disse à Lusa Carlos Fonseca.

O biólogo admitiu, no entanto, que possam ser responsabilizadas “as entidades que estão a organizar caçadas”, quando os acidentes envolvem animais em fuga durante batidas e montarias. Sempre que exista na estrada sinalização a indicar a presença de caça grossa, “é necessário moderar a velocidade”, recomendou Carlos Fonseca, frisando que se trata de uma situação de perigo para a circulação automóvel, pela qual, em caso de colisão, “o condutor é geralmente responsabilizado”.

De janeiro a setembro de 2013, segundo dados da Divisão de Comunicação e Relações Públicas da GNR, ocorreram em Portugal Continental 1.091 acidentes de viação com animais, selvagens e domésticos.

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