A questão em torno da independência do Conselho Geral Independente (CGI) da RTP dominou a audição de António Feijó, vice-reitor da Universidade de Lisboa e presidente do novo órgão, na comissão parlamentar, esta quarta-feira. António Feijó defendeu o novo órgão e criticou a “fulanização” e o “envenenamento” da discussão pública e política. “Se fosse no século XIX desafiava-os [a quem duvida da independência do CGI] para um duelo”.

“Muito do debate público em Portugal está dominando pela fulanização (…). Se partimos do princípio de que uma pessoa é sempre definida por interesses próprios (…) e de que toda a gente é corruptível, todo o processo está enveredado. [Ora], eu sou independente, ponto“.

Ainda assim, João Ramos, deputado comunista, voltou a insistir nas suspeitas em relação à indigitação do novo Conselho de Administração da RTP: as escolhas de Gonçalo Reis (ex-deputado social-democrata) e Nuno Artur Silva (alegadamente, próximo do Partido Socialista) foi o acordo possível entre os partidos do arco da governabilidade, acusou João Ramos.

Em resposta, António Feijó lembrou que este era “a primeira vez que o Conselho de Administração não era nomeado pelo Governo”. Além disso, acrescentou, “se nós apresentássemos dois nomes do PSD, seríamos acusados de estar ligados ao Governo; se escolhêssemos dois nomes do PS, estaríamos a preparar o próximo Governo. Ou então, se escolhêssemos dois nomes fora do arco da governabilidade, teríamos tirado o tapete ao ministro da tutela. Ou seja, todas as composições seriam criticáveis”, rematou António Feijó.

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Quanto ao novo Conselho de Administração da RTP, o presidente do CGI garantiu estar “completamente confortável com o currículo profissional dos três indigitados” e o plano estratégico apresentado pela equipa liderada por Gonçalo Ribeiro – um plano que na opinião de Feijó se vai centrar numa oferta de serviço público de maior qualidade e numa “lógica menos concorrencial com os canais privados”.

Agora, sublinhou António Feijó, é tempo de passar a página e passar o testemunho à nova administração e encerrar a polémica. “A partir deste momento, o CGI deve calar-se (…) e voltar ao anonimato de que nunca quis sair”.