Se a Cinderela vivesse nos dias de hoje, não só dispensaria que um príncipe lhe devolvesse os sapatos, como seria uma miúda suficientemente emancipada para criar o seu próprio calçado. Que o digam os vários utilizadores que, pelo Instagram fora, têm aderido ao novo fenómeno do it yourself #heelconcept. O conceito é original, mas fácil de explicar: fotografar o pé apoiado num salto alto artificial. Mulheres ou homens, todos podem usar com orgulho este hashtag, convém ter apenas um pouco de — ou muita — criatividade. Basta ver os exemplos já fotografados para perceber porquê: nesta altura do campeonato, já passaram por centenas de calcanhares objetos como matrioskas, plantas, pérolas, laranjas, ursos, cafeteiras, catos e até tornedós de vaca.

View this post on Instagram

@twitterdotcomslashhenry #heelconcept

A post shared by Helene Verin (@heleneverin) on

Como é fácil perceber fazendo uma breve pesquisa pelo hashtag na rede social, vale tudo: gatos, caras, pernas peludas, meias, body painting, tatuagens, pés gretados e unhas mal pintadas. Há, no entanto, quem seja sensível a calcanhares mal tratados e opte por acessórios mais felpudos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

http://instagram.com/p/y3fOvouHVA/?modal=true

Mas afinal, como é que isto começou?

O primeiro heel concept apareceu há dois meses pela mão de Misty Pollen, a.k.a @m.sty, designer têxtil que fotografou o próprio pé assente numa escultura a praticar auto-felação.

http://instagram.com/p/w20q7klCDJ/?modal=true

Apesar de Misty Pollen se ter recusado a falar com o Observador — restringiu todas as entrevistas a revistas de moda e design – disse à Dazed and Confused que a necessidade de fotografar o primeiro “salto alto” surgiu quando percebeu que esta pequena estátua suportava todo o seu peso, e não só formava um bom salto como criava uma boa cunha. Pormenores que já levaram os seus seguidores a gabarem-lhe o arco plantar.

A partir daqui, amigos, conhecidos e fãs despertaram o seu fetichista interior e começaram a competir com @m.sty, treinando a sua passada de passarela em cima de materiais inusitados a partir de cidades como Copenhaga, Moscovo, Tóquio e Helsínquia.

O que torna este hashtag tão especial — além do caráter caseiro, provocador e ligeiramente avant-garde das imagens — é a possibilidade de cada um usar o Instagram como uma “arena de identidades”, como diz Pollen. A verdade é que já há utilizadores a levarem este projeto muito a sério, como é o caso de @andcoldwind, que criou uma conta própria para isso.

Portanto já sabe, escolha meia dúzia de objetos estranhos e mãos à obra. Ou pés, neste caso.