Uma cena no mais recente filme de Jennifer Lopez, “Um Vizinho Insuspeito”, fez aumentar a procura por uma edição da Ilíada, o poema épico atribuído a Homero e composto há mais de dois mil anos. Mas não é uma edição qualquer. Trata-se da “primeira edição” do livro.

De acordo com o Guardian, desde que o filme estreou nos Estados Unidos da América a 23 de janeiro, as palavras “Ilíada, primeira edição” têm sido as mais pesquisadas no AbeBooks, um site de venda de livros usados. De acordo com o site, esta procura deve-se à cena do filme em que Jennifer Lopez, uma professora, recebe uma cópia do livro como prenda.

Richard Davies, porta-voz do AbeBooks, explicou ao Guardian que a procura se deve ao facto de “as pessoas que viram o filme” estarem a tentar “identificar a edição que é oferecida a Lopez”. Contudo, não existe nenhum livro semelhante no site. A edição, com uma capa dourada e azul, “podia nem ser um livro real”, admite. “Podia ser um adereço. Mas parece ser um livro bonito”, acrescentou.

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Com ou sem a edição de Jennifer Lopez, desde que o filme estreou, no AbeBooks já foi vendida uma edição da Ilíada por 3.388 euros. A mais cara que está atualmente à venda é uma primeira edição da tradução do poeta inglês Alexander Pope, de 1715, por cerca de 29.094 euros. “A Ilíada tem estado no 29º lugar dos livros mais vendidos no AbeBooks desde 23 de janeiro, mas isso não é estranho, por vendemos bem os clássicos”, afirmou ainda Davies.

A cena tem sido ridicularizada na internet. No site Jezebel, Madeleine Davies escreveu “quem diria que os antigos pergaminhos gregos tinham uma capa tão bonita e barata?” e um utilizador do Twitter disse ter adquirido a sua própria primeira edição, que afinal não passava de uma “urna cheia com as cinzas de um tocador de alaúde”.

A esse respeito, Richard Davies afirmou que apesar de os “jornalistas e bloggers terem gozado com a cena, ninguém sabe quando é que a Ilíada foi escrita pela primeira vez”. Isso significa que ninguém sabe quando é que foi criada a “verdadeira” primeira edição. Ao jornal britânico, o porta-voz explicou que existem várias edições impressas desde o século XVI e que “cada edição pode ser a primeira”. Por isso, “neste contexto, o diálogo do filme está correto”, afirmou.