Não se poderá dizer/escrever que a bistronomie, um conceito surgido em França há uns largos anos, filho da união entre bistro e gastronomie, ou seja, restaurantes simples onde chefs conceituados praticam uma cozinha mais descontraída e menos onerosa, chegou agora a Portugal e ficar de consciência tranquila. José Avillez fá-lo no Mini-Bar e no Cantinho do Avillez (por oposição ao Belcanto), Ljubomir Stanisic no Bistro 100 Maneiras e respetivo Quarto do Bistro (menos clássicos que a casa-mãe) e, no Porto, Pedro Lemos abriu há uns meses uma casa de sanduíches, o Stash, enquanto o seu restaurante homónimo foi recentemente distinguido com uma estrela Michelin. Ou seja, não é como se de repente se tivesse descoberto o petróleo algarvio da restauração nacional.

Não deixa, no entanto, de ser uma ótima notícia a recente abertura de um restaurante em Lisboa, junto à Avenida da Liberdade, que abraça despudoradamente esse conceito, trazendo, pela primeira vez, a referida expressão à baila. Dá pelo nome de Bistrô 4, é parte do novíssimo hotel Porto Bay Liberdade e traz consigo argumentos de peso.

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Uma mesa pronta a receber clientes, no pátio do novo Bistrô 4.

O primeiro desses argumentos está na assinatura da carta, do chef francês Benoît Sinthon, responsável pelo Il Gallo D’Oro, o restaurante com uma estrela Michelin do hotel The Cliff Bay, no Funchal. Depois, a própria ideia por detrás da oferta bistronómica (passe o neologismo) é curiosa: além da óbvia influência francesa, a paleta de sabores estende-se aos outros destinos onde o grupo hoteleiro Porto Bay está presente: Algarve, Madeira e Brasil. Ou seja, tão depressa se pode provar um madeirense milho frito com carapau, vinho e alhos, como um filete de cavala marinada à algarvia ou um croquete de feijão com sotaque brasileiro. Entre os pratos principais há, por exemplo, um bacalhau que, dizem, “queria ser à Brás”, tártaro de novilho, bochecha de vitela confitada, jarrete de borrego e porco bísaro ou alentejano na frigideira. Há ainda duas omeletas, bifes de carne maturada e, claro, opções vegetarianas.

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Existe uma secção de omeletas na carta. Esta é uma delas.

A intenção dos responsáveis é que a ementa siga o mote da cozinha de mercado e que, todos os dias, diversas sugestões vão mudando conforme os produtos da época também mudem. O que também mudará diariamente é a chamada oferta 4×4, em que uma dose serve quatro pessoas, nessa mesma ótica da partilha descontraída à mesa, própria de um bistro francês. A garrafeira promete estar à altura da oferta, com mais de 200 referências disponíveis, com destaque para os vinhos nacionais. O espaço inclui um pátio cercado por oliveiras e limoeiros, para tentar fazer esquecer a cidade –pelo menos durante a refeição –, com uma grande peça de azulejaria de autoria da artista Joana Rêgo a marcar a decoração. Resumindo, há um equilíbrio intencional entre formalidade e descontração, cosmpolitismo e bucolismo. Venha de lá essa bistronomie, portanto.

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Como em qualquer restaurante mais informal que se preze, há um quadro de ardósia e uma garrafeira à vista.

Nome: Bistrô 4
Morada: Rua Rosa Araújo, 8, Lisboa.
Telefone: 21 001 5700
Horário: Todos os dias entre as 12h30 e as 15h00 e das 19h00 às 22h30 (sexta e sábado até às 23h00)
Preço Médio: 30€
Reservas: Aceitam