O presidente do Governo Regional dos Açores afirmou que a redução da presença americana na base das Lajes não tem apenas impacto social e económico, mas também um impacto na dignidade do relacionamento entre Portugal e os Estados Unidos.

“O que está em causa não é apenas o impacto social e económico. Está em causa a dignidade do relacionamento entre os dois Estados”, afirmou Vasco Cordeiro no Parlamento durante uma audição na Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.

“A administração norte-americana não esteve à altura do relacionamento entre dois Estados”, frisou o chefe do governo açoriano, criticando a forma como foi tomada e comunicada, a Portugal, esta decisão, que qualificou como “má e hostil”.

Vasco Cordeiro afirmou que não coloca em causa a legitimidade dos Estados Unidos “de fazerem o que bem entendem com as suas Forças Armadas”, mas salientou que, “quando isso mexe com um país aliado”, este tipo de decisão não pode ser tomada desta forma.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Também hoje, no parlamento, apelou a uma reação “firme” e de “clareza” do Governo português em relação à decisão norte-americana de reduzir presença na base das Lajes, na ilha Terceira.

“Peço clareza, e sobretudo, que tomem decisões consequentes”, disse Vasco Cordeiro, durante uma audição na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.

Para o chefe do governo regional, o Governo da República tem de ter uma reação “firme” e “veemente” perante a decisão norte-americana, salientando a necessidade das conversações sobre esta matéria serem centradas “no essencial”.

“O consenso não vale por si e, o pior de tudo, é ter um consenso podre”, referiu o presidente do executivo açoriano, indicando, sem pormenorizar, que existiram algumas falhas por parte do executivo português na condução do processo.

Vasco Cordeiro defendeu que, enquanto não ficar decidida, a questão das Lajes deve condicionar a forma como Portugal se relaciona com os Estados Unidos.

“É importante fazer sentir isso ao Governo dos Estados Unidos”, disse o representante, afastando, no entanto, um cenário de cessação das relações diplomáticas.

“Continuamos amigos, mas seguramente não iremos visitar a casa uns dos outros”, referiu Vasco Cordeiro.

Ainda sobre a atuação do Governo português, o representante regional afirmou que aguarda com “expectativa”, esperando da parte do executivo de Lisboa “um trabalho que esteja à altura das circunstâncias”.