As marcas de carros não estão a dar qualquer indicação aos clientes para escolherem o combustível a usar, seja de baixo custo ou com aditivos, assumindo que todos os que estão no mercado têm qualidade para serem consumidos.

Em contactos feitos pela Lusa junto de várias marcas automóveis, estas foram unânimes em assegurar que quando o cliente compra um carro existem instruções específicas mínimas de utilização de gasóleo ou gasolina e que estas são cumpridas pelo mercado, desde que não adulteradas ou mal acondicionadas.

Os postos de abastecimento vão passar a vender combustíveis simples a partir de sexta-feira, ou seja, gasóleo e gasolina sem aditivos e por isso mais económicos, sem que se saiba ainda qual será a poupança para os consumidores.

Miguel Tomé, da Opel Portugal, afirma que a marca alemã não está “a recomendar a utilização de nenhum tipo de combustível”, alertando, no entanto, para o facto de existirem “níveis de qualidade que têm de ser respeitados e que são obrigatórios”, sendo que todos os combustíveis cumprem, simples ou aditivados.

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“Sendo assim, os nossos motores estão perfeitamente adaptados para todas as situações”, remata.

Também André Silveira, da Mercedes-Benz Portugal, adiantou à Lusa não ter dado “qualquer indicação à rede de oficinas relativamente à utilização de combustível “low cost” (baixo custo), mas “os combustíveis a usar devem cumprir as normas e especificações definidas pelo fabricante, conforme consta do manual do utilizador” de cada carro e modelo.

Ana Gil, do líder de mercado Renault, bem como João Trincheiras, da alemã BMW, afirmam não estar a dar instruções à rede de concessionários para aconselhar os clientes a optarem por um ou outro combustível.

Luísa Pereira, da Kia, alinha pela mesma solução. Contudo, “e por precaução”, a marca sul-coreana “acredita que a rede, em alguns casos, e devido aos históricos de incidências relacionadas com combustível das marcas que cada um representa, possam alertar os clientes para este tema”.

Apesar disso, a responsável da comunicação da Kia reforça a ideia de que “não existe discriminação entre operadores de combustível” e se se suspeitar de que o combustível está relacionado com a avaria “é efetuado um teste para verificar a qualidade do mesmo independentemente de ser proveniente de uma bomba de combustível ‘low cost’ ou não”.

Já esta quinta-feira, a DECO afirmou que “não há nada a temer em relação à qualidade dos combustíveis simples”, com base nas conclusões de um estudo realizado há dois anos pela associação para a defesa do consumidor.

“Há dois anos, em dezembro de 2012, fizemos um estudo – um teste pioneiro a nível mundial – em que pusemos em confronto gasóleo aditivado [‘premium’], com versão regular e duas marcas ‘low cost’ (Galp Gforce, Galp Hi-Energy, Jumbo e Intermarché) e o resultado foi que não existem diferenças entre os combustíveis a não ser no preço”, afirmou Vítor Machado, coordenador de centro de produtos e serviços da DECO.

Em dezembro, quando o decreto-lei foi aprovado, o ministro da Energia, Moreira da Silva, defendeu que a nova legislação “reforça a liberdade de escolha dos consumidores e leva mais longe o objetivo de coesão territorial, permitindo aos consumidores distinguirem de forma clara entre a gasolina e o gasóleo rodoviários simples e a gasolina e o gasóleo rodoviários submetidos a processos de aditivação suplementar, possibilitando uma escolha consciente e informada sobre o que estão de facto a comprar”.